metropoles.com

Telegrama narra apelo a Bolsonaro por intervenção na Venezuela

Itamaraty intermediou entrega de cartas escritas por venezuelanos no sul da Flórida. Senador pelo estado, Rick Scott se aproximou do Brasil

atualizado

Compartilhar notícia

Alan Santos/Presidência da República
08/10/2019 Audiência com Audie?ncia com Rick Scott, Senador Am
1 de 1 08/10/2019 Audiência com Audie?ncia com Rick Scott, Senador Am - Foto: Alan Santos/Presidência da República

Um telegrama emitido pelo Consulado-Geral do Brasil em Miami, na Flórida (EUA), no dia 9 de setembro, narra um pedido de apoio a uma intervenção militar feito por venezuelanos em cartas ao presidente Jair Bolsonaro (PSL).

No documento, transmitido também para a embaixada em Washington, o cônsul-geral, João Mendes Pereira, pede para que a solicitação seja intermediada pelo Itamaraty

O diplomata conta no comunicado, obtido pelo Metrópoles por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), que as correspondências foram entregues ao chefe do setor de imprensa no consulado, Leonardo Rabelo, e ele então prosseguiu o encaminhamento.

O grupo remetente, sediado no sul da Flórida, levantava a campanha “Responsabilidad de Proteger Venezuela Ya”. 

“Nas referidas missivas, os signatários pedem que o governo brasileiro apoie intervenção militar de caráter humanitário na Venezuela com base no princípio de responsabilidade de proteger. Muito agradeceria encaminhar à Presidência da República as cartas recebidas”, escreveu Mendes Pereira.

Sem mais detalhes, o cônsul-geral afirma que cópias das mensagens foram enviadas por correio eletrônico e que as originais seguiriam, posteriormente, por mala diplomática.

Reprodução/Itamaraty
Documento obtido pela LAI mostra que venezuelanos pediram apoio à intervenção militar no país ao presidente Jair Bolsonaro

Rick Scott no Brasil
Correligionário do presidente dos EUA, Donald Trump, o senador republicano Rick Scott, cujo reduto eleitoral é a Flórida, esteve no Palácio do Planalto no dia 8 de outubro, em encontro com Jair Bolsonaro (foto em destaque). O parlamentar é favorável a intervenção militar na Venezuela.

Na audiência, Bolsonaro foi convidado para participar de um evento empresarial no estado norte-americano no fim deste mês. Participaram da agenda o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho “03” do presidente que está à frente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.

Em sua conta no Twitter, Scott antecipou o objetivo da visita: “Também me reunirei com autoridades para discutir como nossos países podem ajudar a promover a liberdade em toda a América Latina e do regime implacável de Nicolás Maduro na Venezuela”, escreveu. 

A quarta ida do mandatário do Brasil aos EUA neste ano foi cogitada, mas está suspensa, segundo o porta-voz da presidência da República, Otávio do Rêgo Barros. “Está cancelada em razão de dificuldade de agenda do senador que o convidou”, explicou.

O Itamaraty confirmou, na última quinta-feira (7/11/2019), a entrega das cartas à Presidência da República, sem precisar a data. O Palácio do Planalto foi procurado, mas não se manifestou. 

Brasil se opõe à intervenção
Apesar das críticas de Bolsonaro a Nicolás Maduro e do apoio declarado a Juan Guaidó, o Brasil nega a possibilidade de interferência no país vizinho desde o início do governo. Em janeiro deste ano, Guaidó se proclamou presidente interino e foi reconhecido por mais de 50 países, entre eles Brasil e Estados Unidos

O Itamaraty recebe a cúpula do Brics bloco de países de economia emergente composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul nos dias 13 e 14 de novembro. Um dos desafios para esta semana, no campo diplomático, é o convencimento para que os países-membros reconheçam o opositor de Maduro como presidente. Rússia e China são superpotências que se opõem a Guaidó. 

Responsabilidade de proteger
Adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o conceito da responsabilidade de proteger ou “R2P”, na sigla em inglês, consiste no direito da comunidade internacional de intervir em outros países em resposta a casos extremos de violações de direitos humanos, como genocídios e crimes de guerra. O tema é tratado no parágrafo 139 do Documento Final da Cimeira Mundial 2005. 

A Venezuela vive uma crise socioeconômica e política marcada por manifestações sociais, violência e dificuldade de acesso a serviços básicos. A ONU estima que o número de refugiados venezuelanos pelo mundo chegou a 4 milhões até meados de 2019.

O mais recente Relatório Tendência Globais da Agência ONU para refugiados (Acnur), de 2018, mostra que os venezuelanos se tornaram a terceira nacionalidade mais comum de requerentes de asilo nos Estados Unidos, com 27,5 mil pedidos.

Segundo dados de 2017 da organização Pew Search, a maior parte dos venezuelanos no país (52%) se concentra na Flórida. 

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?