Sem comida, ursos polares estão sendo forçados ao canibalismo

Especialistas russos mostram que o aumento da atividade humana no Ártico e o derretimento do gelo desgastaram o habitat da espécie

Jacqueline Saraiva
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Cientistas russos alertam que os casos de ursos polares se matando e se comendo estão aumentando no Ártico, por conta do aumento no derretimento do gelo e a atividade humana, que desgastam o habitat da espécie.

“Os casos de canibalismo entre os ursos polares são um fato estabelecido há muito tempo, mas estamos preocupados com o fato de esses casos raramente serem encontrados enquanto agora são registrados com bastante frequência“, disse a especialista em ursos polares Ilya Mordvintsev, citada pela agência de notícias Interfax.

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8. Manitoba, Canadá. A primeira imagem da região é uma grande imensidão branca. Localizada no centro geográfico do país, a área é multicultural e cheia de imigrantes, e conta com uma fauna incrível (é possível avistar ursos polares e até baleias)
Close up portrait Male polar bear (Ursus maritimus) on the snow white natural background. Churchill, Manitoba, Canada.
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A pesquisadora sênior do Instituto Severtsov de Problemas de Ecologia e Evolução de Moscou sugeriu que o comportamento é comprovadamente devido à falta de comida.

“Em algumas estações, não há comida suficiente e os machos grandes atacam as fêmeas com filhotes”, explicou.

Além do derretimento do gelo, a intensa atividade de inúmeros trabalhadores do petróleo e funcionários do Ministério da Defesa na região também causa o comportamento anormal da espécie.

Segundo os especialistas, neste inverno, a área do Golfo de Ob ao Mar de Barents, onde os ursos polares costumavam caçar, agora é uma rota movimentada de navios que transportam gás natural liquefeito (GNL ), disse Mordvintsev.

Exploração no Ártico

A Rússia, que já é um importante exportador global de petróleo e gás, planeja desenvolver seu potencial de GNL no Ártico, além de atualizar significativamente suas instalações militares lá.

Outro cientista russo, Vladimir Sokolov, que liderou inúmeras expedições pelo Instituto de Pesquisa do Ártico e Antártico, com sede em São Petersburgo, disse que este ano os ursos polares foram afetados principalmente pelo clima anormalmente quente na Ilha Spitsbergen, a oeste no arquipélago de Svalbard, na Noruega, onde não houve blocos de gelo e pouca neve.

Nos últimos 25 anos, os níveis de gelo do Ártico no final do verão caíram 40%. Com isso, os ursos polares acabam não caçando no gelo marinho e ficam confinados às áreas costeiras e aos arquipélagos de alta latitude.

Com isso, é cada vez mais frequente ver ursos perambulando por assentamentos no Ártico, em áreas de habitação humana, principalmente para invadir depósitos de lixo em busca de comida.

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