Festival de Veneza é criticado por premiar filme da Netflix

“Roma”, de Alfonso Cuarón, venceu o Leão de Ouro

Ansa Brasil
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Atores e expoentes do mundo cinematográfico italiano protestaram no domingo (9/9) contra a decisão do Festival de Cinema de Veneza de premiar o filme “Roma”, do diretor mexicano Alfonso Cuaron, com o Leão de Ouro.

O filme é produzido pela Netflix e entrará para o serviço de streaming em dezembro. Ainda não se sabe se o longa, feito em espanhol e em preto e branco, será exibido nas salas de cinema, ponto de polêmica em Veneza.

O anúncio do vencedor do Leão de Ouro ocorreu na noite de sábado (8/9). Foi a primeira vez que uma produção da Netflix venceu a estatueta.

A Associação Nacional de Autores Cinematográficos (Anac), a Federação Italiana de Cinema de Ensaio (FICE) e a Associação Católica de Cinema (Acec) disseram ser “iníquo” que o maior prêmio do festival “um veículo de marketing da plataforma Netflix”, a qual “coloca em dificuldade o sistema de salas de cinema”.

Em um comunicado, eles disseram que o filme premiado deveria ser uma produção “acessível todos, e não a assinantes da plataforma”. “O Leão de Ouro, símbolo da Mostra Internacional de Arte Cinematográfica sempre financiada por recursos públicos, é um patrimônio dos espectadores italianos: o filme deveria estar acessível a todos, nas salas de cinema, e não exclusivamente aos assinantes da plataforma americana”, criticaram as associações.

“Rejeitamos a escolha de ter inserido no concurso de Veneza alguns filmes não destinados à exibição em sala, diversamente do que fora decidido pelo Festival de Cannes”, ressaltou o comunicado. A nota, porém, demonstrou “pleno respeito” ao júri presidido pelo diretor mexicano Guilhermo del Toro e pela qualidade do filme “Roma”. As associações deixaram claro que pedirão para o diretor artístico do festival de Veneza, Alberto Barbera, e para o Ministério da Cultura da Itália revisarem as regras para a próxima edição do evento.

No entanto, Barbera e o presidente da Bienal de Veneza, Paolo Baratta, defenderam a estatueta ao filme “Roma”. “Toda eventual polêmica sobre essa vitória é efeito de uma nostalgia que não se mede com a realidade da Netflix, a plataforma mais importante. O futuro será entre as salas de cinema e essa nova realidade streaming”, disse Barbera. “Defender o passado hoje significa somente perder oportunidades”, afirmou, por sua vez, Baratta.

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