Neutrinos “fantasmas” são vistos no maior acelerador de partículas do mundo pela 1ª vez
Descoberta de neutrinos fantasmas pode ajudar a desvendar os segredos de como as estrelas gigantes se tornaram supernovas
atualizado

Em 2021, físicos haviam detectado no Grande Colisor de Hádrons, pela primeira vez, assinaturas de neutrinos, partículas “fantasmas” que raramente interagem com outras. Agora, eles conseguiram comprovar que elas são reais.
As partículas minúsculas de alta energia dentro do maior “esmagador de átomos” do mundo podem ajudar a desvendar os segredos de como as estrelas gigantes se tornaram supernovas, o processo em que elas chegam ao fim de sua vida, produzindo uma grande explosão.
Os físicos apresentaram os resultados desta descoberta em uma conferência na Itália, realizada no domingo (19/3).
“Descobrimos neutrinos de uma fonte totalmente nova, onde você tem dois feixes de partículas colidindo com energia extremamente alta”, disse Jonathan Feng, físico da Universidade da Califórnia em Irvine.
Pesquisa Faser
Os neutrinos foram identificados por meio de um detector específico no Grande Colisor, que está localizados na Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN), perto de Genebra, na Suíça.
O projeto responsável, intitulado Experiência de Pesquisa Avançada (Faser, na sigla em inglês), é um dos oito experimentos de física de partículas localizados lá.
Segundo especialistas, os neutrinos têm este apelido espectral porque a carga elétrica neles é inexistente. Sua massa quase zero significa que eles mal interagem com outros tipos de matéria.
Neutrinos por toda parte
Os neutrinos estão por toda a parte, inclusive cerca de 100 bilhões deles passam por cada centímetro do corpo humano. Mas, apesar de sua onipresença, as interações mínimas das partículas sem carga e quase sem massa com outras matérias as tornam incrivelmente difíceis de detectar.
Mesmo assim, muitos experimentos famosos de detecção de neutrinos – como o detector Super-Kamiokande do Japão, o MiniBooNE do Fermilab e o detector Antártico IceCube – conseguiram detectar neutrinos gerados pelo sol.
As pesquisas realizadas atualmente no Cern podem ajudar a explicar como as estrelas queimam e explodem e como as interações de neutrinos altamente energéticas desencadeiam a produção de outras partículas no espaço.
Os seis neutrinos detectados no experimento foram identificados pela primeira vez em 2021. Os físicos levaram dois anos para coletar dados suficientes e confirmar que eram reais.
Agora, eles esperam encontrar muito mais e acham que podem usá-los para sondar ambientes em todo o universo onde partículas fantasmas altamente energéticas são feitas.