Araújo critica “climatismo”: “Justiça social é pretexto para ditadura”

Chanceler afirma que maior desafio que civilização enfrenta é a "ideologia", e não mudanças climáticas

Da Redação
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Dentro de um dos principais think tanks conservadores de Washington (EUA), a Heritage Foundation, o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, fez nesta quarta-feira (11/09/2019) um discurso ideológico no qual criticou o que chamou de “climatismo” e afirmou que há um “alarmismo climático” usado pela mídia e pelo “sistema político” como reação à chegada de um governo como o de Jair Bolsonaro (PSL) no poder. São informações do Estadão.

Ele comparou os pedidos para boicotar produtos brasileiros, com base nas queimadas na Amazônia, à “justiça stalinista” e disse que no passado se usou “justiça social como pretexto para ditadura e agora estão fazendo o mesmo com o clima”. “Parece a justiça stalinista para mim: acusar, executar. Aí você diz: onde está a justiça? Onde está o Estado democrático? As pessoas respondem ‘crise climática, cale-se’”.

O discurso acontece 13 dias antes da primeira participação de Bolsonaro na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, na qual o líder brasileiro deve ser questionado por outros países sobre a situação da Amazônia e a condução de políticas ambientais durante sua gestão.

O ministro sugeriu que a imprensa, a qual vê como parte do que chama de “sistema”, influencia empresas e tomadores de decisão que optaram pelo boicote a produtos brasileiros em meio à crise ambiental.

No discurso, o chanceler usou conceitos difundidos pelo pilar ideológico do governo Bolsonaro, inclusive pelo escritor Olavo de Carvalho – como as críticas à esquerda, ao “globalismo”, ao “marxismo cultural” e à imprensa. Para o ministro, questionamentos aos governos de Bolsonaro e de Donald Trump, nos Estados Unidos, são uma reação por ambos não fazerem parte do “sistema”.

Contra a besteira
“Trump e Bolsonaro são parte da mesma insurgência, que eu chamaria de insurgência universal contra a besteira. (…) O que mobiliza brasileiros, ‘brexiters’ e eleitores americanos? É uma revolta contra ideologia”, disse Araújo.

Segundo ele, a insurreição é uma percepção de que “estávamos sendo desprezados por uma elite que tenta nos governar em nome da justiça social, ou da integração europeia, ou de um mundo sem fronteiras ou do progresso”.

O Brasil se vê em meio a questionamentos internacionais desde que o aumento nas queimadas na Amazônia, neste ano, seguido pelo aumento no desmatamento, ganharam atenção no exterior. Trump, que retirou os EUA do acordo climático de Paris e já disse que o aquecimento global é uma farsa inventada pelos chineses, tem sido um importante aliado do governo Bolsonaro em meio à pressão de europeus.

Comer carne
Durante cerca de uma hora, Araújo disse que “o ponto do climatismo é acabar com o debate democrático” e que “nem comer carne é permitido mais”. Com citação crítica a Antonio Gramsci, Bertolt Brecht e Rosa Luxemburgo, o ministro falou sobre stalinismo, socialismo, religião, histórica e a importância de “símbolos”.

“Depois de todas as experiências ruins no mundo sobre socialismo, como alguém pode sonhar em impor controle socialista da economia em um país como os EUA? Nunca através do debate democrático, é claro, somente através de uma declaração de emergência. Então ‘crise climática’. Como alguém em tempos de paz pode sonhar em quebrar a soberania de um país como o Brasil dizendo que a Amazônia está em chamas? De novo por causa de ideologia, dessa reclamação de crise climática, ‘vamos salvar o planeta’”, disse Araújo. “O clima se tornou o silenciador do debate”, afirmou.

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