29/02/2020 11:00

As vendas diretas têm crescido exponencialmente no Brasil. Paralelo a isso, o mercado de peças de segunda mão também passa por um momento de aumento expressivo em território nacional. Nos últimos 10 anos, a conscientização a respeito do impacto da moda no meio ambiente e a consolidação das mídias sociais como a grande voz do consumidor moderno transformaram o desapego na tendência que mais cresce no universo fashion.

Esse movimento está longe de chegar ao fim. O mercado second hand deve dobrar até 2025, atrelado ao de vendas diretas. De acordo com uma pesquisa da empresa de análise de varejo GlobalData, o valor movimentado pelo segmento deve ir de US$ 24 bilhões para US$ 51 bilhões.

Na avaliação da consultora de marketing e moda Alessandra Campanha, a venda direta de itens de segunda mão é um comportamento que só despertou entre os brasileiros há uma década, apesar de ser uma realidade nos países de primeiro mundo. A procura está alinhada à economia circular e ao consumo consciente, pois permite que as mercadorias circulem e evita o crescimento do lixo têxtil.

“Acredito que essa comercialização é promissora, porque o second hand vende itens de coleções passadas, enquanto as lojas tradicionais abastecem o desejo de novidade do consumidor. São mercados paralelos”, avalia.

Só vejo pontos positivos para quem vende e quem compra. Não acredito que seja um comportamento passageiro, e sim uma tendência crescente

Alessandra Campanha, consultora de marketing e moda

Alimentado pelas gerações Y e Z, o segmento second hand cresce, atualmente, mais que a indústria de luxo. Levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) apontou que seis em cada 10 consumidores compraram algum item de segunda mão entre 2018 e 2019. A maioria dos entrevistados, 96%, ficou satisfeita com a transação.

A tecnologia foi considerada a grande responsável pela difusão desse mercado. Sites especializados e redes sociais (dois tipos de venda direta) correspondem aos principais canais de compras, com 69% e 54% de preferência do público, respectivamente. A pesquisa ouviu 837 consumidores acima de 18 anos, de ambos os sexos, de todas as classes sociais, residentes nas 27 capitais do país.

Outro levantamento, feito pelo e-commerce ThredUp, publicado em 2019, estima que o segmento second hand será maior que o fast fashion até 2028. Com apenas três anos de atuação, a plataforma de revendas TROC faturou R$ 10 milhões e vendeu mais de 100 mil peças de segunda mão. O site é considerado o maior brechó on-line do Brasil.

A fundadora, Luanna Toniolo Domakoski, vê na empresa uma oportunidade para quem quer abrir uma lojinha virtual e obter renda extra com itens que estão parados no armário.

Jacqueline Lisboa/Especial para o Metrópoles
Alessandra Campanha avalia que a comercialização de peças de segunda mão é uma tendência crescente
Julyana Dal’ Bó/TROC/Divulgação
Luanna Toniolo Domakoski é fundadora da plataforma TROC, o maior brecho on-line do Brasil
Julyana Dal’ Bó/TROC/Divulgação
Com apenas três anos de atuação, a TROC faturou R$ 10 milhões

“Existe uma combinação de fatores que explicam esse crescimento, mas a percepção e o comportamento do novo consumidor são o principal motor que impacta a decisão da compra e a escolha final dos compradores. O mercado de aluguel de roupas, de clubes de assinaturas e, em especial, os brechós têm aumentado pela relação do custo benefício, mas estão diretamente ligados ao consumo consciente”, conclui Anny dos Santos, analista de Competitividade do Sebrae.

Segundo a especialista, o movimento slow fashion e a sustentabilidade são bandeiras que levantaram o potencial e a atratividade dos brechós entre as novas gerações. Uma pesquisa feita pela entidade em 2016 apontou que o número de brechós cresceu 23% em relação a 2013. “É um modelo de negócio que permite a adesão de consumidores”, explica.

As razões são várias: a economia, no caso dos bazares de baixos preços; o aspecto do valor agregado da curadoria; o acesso ao mercado de luxo, no qual brechós tornam-se a oportunidade de acessar grandes marcas com menor custo; além do aspecto da sustentabilidade.

No caso da moda, há um fator extra que colabora com essa ascensão: a volta de tendências retrô, como peças inspiradas nos anos 1980 e 1990.

“Muitas vezes, percebo uma busca pelos brechós não pelo estilo, mas pela questão econômica. Apesar disso, há um claro crescimento da busca pelo vintage por uma parcela do público”, afirma Juliana Romão, à frente do brechó Old News.

Jacqueline Lisboa/Especial para o Metrópoles
Juliana Romão analisa a procura por brechós

Quebra de paradigmas

Além de ser bastante convidativo devido aos diversos perfis que alcança, o segmento second hand conseguiu deixar para trás preconceitos que o prejudicavam. “Os brechós são reconhecidos pelo caráter da curadoria, do exclusivismo, do produto sobrepondo a marca, do caráter afetivo do vintage e da sustentabilidade. Essas são boas ferramentas de agregação de valor, de construção de marca, de posicionamento nas redes sociais e de diálogo com os clientes”, avalia Anny dos Santos.

Há uma década, dizer que comprou uma roupa em um brechó poderia ser motivo de constrangimento. Hoje, adquirir um produto de segunda mão não apenas perdeu esse estigma como é visto com bons olhos.

Peças vintage têm muita personalidade e história. Todo mundo procura ter itens especiais no guarda-roupa para cuidar com carinho

avalia Isabella Gorjux, do Brechó Amora
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Isabella explica o aumento na busca por peças vintage

Ao longo dos anos, Izabella Patrus e Ana Paula Fonseca, do Brilho Vintage, perceberam um avanço significativo no comportamento em relação à área em que atuam. “Antigamente, o brasileiro via os brechós com bastante preconceito, aquele ambiente com cheiro de mofo e peças muito antigas”, lembrou Ana Paula. “Isso mudou bastante, temos peças novas, nunca usadas ou recém-compradas na loja. Em épocas de crise, as pessoas procuram oportunidades, e é exatamente isso que oferecemos.”

Thiago Torres/Brilho Vintage/Divulgação
Izabella Patrus e Ana Paula Fonseca, sócias do brechó Brilho Vintage, acreditam que a visão dos brasileiros sobre brechós mudou
Thiago Torres/Brilho Vintage/Divulgação
Em épocas de crise, o mercado de segunda mão é uma oportunidade, observam as fundadoras do Brilho Vintage

Coordenadora do Laboratório de Pesquisa em Design, Indumentária e Moda, da Universidade de Brasília (UnB), Georgia Castro enfatiza que o mercado de second hand é antigo, e que, ao longo dos anos, o público foi ampliado. “Já interessava a colecionadores, artistas e profissionais que trabalham com o estilo. Atualmente, os brechós têm interessado às novas gerações de uma classe mais abastada, intelectualizada e que tem o olhar voltado para as questões relacionadas à moda e à sua indústria, que encontra nessa cultura uma forma de expressão”, analisa.

“São pessoas que veem o second hand market como uma saída sustentável – do ponto de vista ecológico, de reutilização, de reciclagem e de ressignificação – para manter o estilo focado nas mudanças frenéticas da moda, adquirindo produtos autênticos, que contam histórias e que muitas vezes são atemporais.”

A sustentabilidade impulsiona o consumo em brechós, mas as motivações vão muito além. Na visão de Georgia Castro, o interesse também envolve uma questão estética e de oportunidade. “O mercado de segunda mão atrai um público interessado em adquirir peças de qualidade, não somente por hábitos sustentáveis, mas considerando, também, questões econômicas: a vontade de adquirir roupas e objetos de grife por um valor mais acessível”, afirmou.

“Tendo em vista que é um tipo de mercado especializado, o que motiva a clientela é a fascinação pela moda, pela estética das formas, por poder carregar um objeto que conta uma história, enfim, para continuar a fazer moda da moda”, encerra a especialista.

Venda direta e segunda mão

Em síntese, a venda direta consiste na comercialização de bens e de serviços com relacionamento mais estreito entre fornecedores e consumidores, eliminando a necessidade de estabelecimentos fixos e uma cadeia de intermediários e custos. Sempre que existir relacionamento direto entre o empreendedor e o consumidor, trata-se de uma venda direta, independentemente de ser pessoalmente, por telefone, internet ou redes sociais.

O segmento proporciona um imenso impacto social, econômico e sustentável. Nos dados mais recentes, a indústria global de vendas diretas movimentou 193 bilhões de dólares em 2018, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD).

O Brasil é responsável por 7% desse fluxo, situando-se como o sexto país que mais lucra com o segmento, atrás dos Estados Unidos, da China, Coreia do Sul, Alemanha e do Japão.

Enquanto muitos encontram nas vendas diretas uma oportunidade de emprego democrática, outros usam-na para fazer a diferença.

“Costumamos falar que temos um ativo no guarda roupa e não sabemos”, comenta Luanna Toniolo, do TROC. “Vejo que, não só consumir roupa usada, mas qualquer atitude consciente, é visto como cool.”

Jornalista e representante do movimento Fashion Revolution em Brasília, Iara Vidal salienta que a venda direta é uma opção para mais de 11 milhões de desempregados colocarem comida na mesa em casa. “Uma peça de segunda mão dá sobrevida ao que, em geral, iria para o lixo”, pondera. No caso do comércio de second hand, também é um benefício para quem consome, já que permite a aquisição de peças a preços mais acessíveis.

Jacqueline Lisboa/Especial para o Metrópoles
Iara Vidal salienta que o mercado de second hand dá sobrevida a uma peça que, em geral, iria para o lixo

“Muitas empresas são pioneiras no consumo consciente, uso eficiente de recursos e trabalho com propósito. A maioria é contra testes em animais e tem projetos de reciclagem. Existe, ainda, um lado social, uma vez que as empresas oferecem oportunidades de trabalho e renda para mulheres que são vítimas de violência, comunidades carentes e minorias”, defende Adriana Colloca, presidente-executiva da ABEVD.

Alguns exemplos conhecidos dos brasileiros são marcas de cosméticos, como Avon, Natura e Mary Kay, famosas por trabalhar com catálogos. Porém, essa não é a única modalidade possível. Há outras maneiras de ter mais proximidade com os clientes, como eventos sociais, e-commerces e até redes sociais.

Ao todo, quatro milhões de empreendedores atuam no setor. Ele tem se apresentado como uma ótima ferramenta. Uma jornada de trabalho mais adaptável e independência nas decisões são pontos atraentes. Para quem busca renda extra no orçamento, também pode ser uma opção vantajosa.

“As vendas diretas dão autonomia e flexibilidade de horário aos representantes. Além disso, a internet tornou as vendas mais ágeis do que no passado”, afirma Adriana Colloca.

Segundo ela, as negociações continuam personalizadas e adequadas às necessidades de cada cliente, mas, agora, atingem um número muito maior de pessoas. “As partes podem estar geograficamente afastadas, bastando ter contato pelas mídias sociais ou pelo WhatsApp. Entretanto, o relacionamento continua como a base das vendas diretas e estará sempre em seu DNA”, conclui a representante da ABEVD.

Venda pelas redes sociais

Jacqueline Lisboa/Especial para o Metrópoles
Uma dessas experiências é o PNExperience, na qual convidadas realizam diversas atividades em Brasília por pelo menos 24 horas

A venda pelas redes sociais possibilita praticidade para o estilista e costureiro Márcio Perretti, dono do brechó Acervo Vintage. “Prefiro ter essa liberdade porque tenho outro emprego, não conseguiria conciliar as duas coisas. Traz mais liberdade de tempo, mas acabo ganhando menos também”, afirma.

“A relação com os clientes é bem direta, porque é mais fácil para eu mesma vender. Não consigo deixar na mão de outra pessoa o que eu garimpei, o que eu escolhi. Alguns clientes até viram amigos, é bem legal o contato”, comenta Ana Mastrochirico, idealizadora do Garimpo Brechó, com mais de 13 mil followers no Instagram.

A paulista concilia a atividade com o emprego em uma agência de publicidade. Além da renda extra, uma das vantagens é o fato de que ela pode fazer os próprios horários.

Formada em comércio exterior e também em comunicação visual, Pamela Gondim administra o brechó D4. O negócio tem clientes de todo o Brasil, principalmente do Rio de Janeiro e de Santa Catarina. Por isso, o Instagram facilita na comunicação e garante proximidade. “Eu mesma negocio e converso com todos os clientes.”

Gabriel Cabra/Especial para o Metrópoles
Instagram é usado como plataforma de comércio eletrônico
@_garimpo/Instagram/Reprodução
Ana Mastrochirico comanda o Garimpo Brechó e garante que a relação com os clientes é bem próxima

“A vantagem de trabalhar de forma direta é o relacionamento que criamos. É bem transparente, procuramos sempre sanar todas as dúvidas possíveis. Sempre que alguém tem alguma crítica ou sugestão, estamos abertas a ouvir e até mesmo a implementar o que faz sentido para nós e para nossa forma de trabalho”, enfatizou a paulista.

Pioneiro, o site Peguei Bode também não se limita apenas ao carrinho de compras do e-commerce. As irmãs Gabriela e Daniela Carvalho, fundadoras da empresa, vendem as peças pelo “Insta”, se esse for o desejo das clientes – assim como fazem os brechós Garimpo e D4. “Hoje, você tem que oferecer praticidade. Se o cliente envia um inbox querendo fechar a compra, não tem por que querer que ele vá até o site”, comenta Gabriela.

As empresárias já pensaram em investir em um espaço físico, mas afirmam que os shoppings não aceitam devido à concorrência com as marcas grandes. Por outro lado, acreditam que a loja digital é fundamental. Por isso, investem em logística, comunicação com cliente e marketing. Ao longo do ano, a dupla realiza também alguns eventos em hotéis, para quem ainda tem receio do on-line, e garante que são um sucesso.

On e off-line

Mais que marcar presença em sites e redes sociais, as peças second hand são ofertadas, ainda, em eventos sociais, como feiras e encontros.

Com gingado carioca, o empresário Thiago Cotta desembarcou em Brasília com o brechó intitulado Caixote, criado há quatro anos na capital federal. Em edições bimestrais, ele realiza o evento Caixote Bazar, que reúne outros brechós do quadradinho em espaços públicos da cidade.

O Caixote também tem eventos carnavalescos. Em 2018, Thiago Cotta deu início ao projeto do Caixote Folia, com pitadas de brilho e a festividade do Carnaval.

Com a realização dos eventos, Thiago notou uma melhora na aceitação das peças vintage pelo público brasiliense. “Do primeiro ano na cidade para hoje, eu vejo uma busca maior por peças vintage em Brasília. E o retorno é bem legal, ver pessoas andando nas ruas com peças do Caixote ou produtos adquiridos nos eventos me orgulha. Mostra que estou no caminho certo e conseguindo trazer o vintage para o usual, tirando o senhoril e sendo bem aceito pela cidade”, celebrou.

No caso do Lixomania, brechó criado pela figurinista e costureira Rachel Smidt, a separação de peças para eventos é feita de acordo com o público. Dona de uma curadoria voltada exclusivamente para o vintage, ela considera essencial que as peças tragam a informação de moda de suas épocas.

“Procuro peças que eu acho que as pessoas estão curtindo agora, mas o meu foco, realmente, são itens antigos, que trazem história e têm um conceito bacana e que vão além do fato de ser velhos”, comenta. A curadoria para as feiras costuma ser feita um ou dois dias antes, mas Rachel já tem uma pré-seleção encaminhada dentro do próprio acervo.

Um dos diferenciais do brechó de luxo Pretty New, criado em 2014 por Gabriella Constantino, é o investimento em eventos e experiências para as consumidoras. Em 2019, a loja criou a PNExperience, na qual recebe clientes e profissionais da moda de outros estados para um tour pela cidade, durante um período de pelo menos 24 horas. “Tudo é pensado para elas conhecerem a real essência de Brasília. O experience termina no showroom. Tentamos mostrar um pouco de moda, arte, culinária, porque a maioria das pessoas nem conhece a nossa capital”, explica.

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Gabriella Constantino fundou o e-commerce de seminovos de luxo Prettynew em 2014
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O investimento em eventos e experiências é um dos diferenciais do Prettynew

Vai empreender na área?

Além de consultorias especializadas nas áreas de merchandising, visual de loja, planejamento de compras e controle de estoques, o Sebrae oferece diversas ferramentas on-line para quem quer entrar no segmento second hand. Um bom exemplo é o guia Como Montar um Brechó, que traz o passo a passo completo caso pretenda abrir um negócio.

Conheça os brechós

Cuidados na hora da compra

Walter Moura, procurador Nacional de Defesa do Consumidor, do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), reforça a importância de redobrar a atenção ao fazer uma compra on-line. Mesmo se tratando de um brechó, o site ou a plataforma digital deve informar os dados de identificação cadastral, como o CNPJ ou CPF, caso o vendedor ainda não tenha registrado a empresa.

Por força do Decreto nº 7.962, os brechós devem divulgar o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, de forma que os consumidores tenham fácil acesso à identificação desde 2013. “O brechó pode e deve ter registro. Em caso de fraude, se a loja não tiver cadastro, a pessoa física que efetuou a venda pode ser acionada na Justiça normalmente”, complementa o especialista.

O procurador orienta: “Se foi vítima de alguma infração, tente imprimir todas as telas e IPs, faça um boletim de ocorrência e registre o fato aos Procons. A Justiça pode ser acionada, se necessário. É bom compartilhar o caso nas redes sociais. Isso ajuda outros cidadãos a não caírem na mesma violação.”

Um dos crimes mais comuns é a clonagem de cartão de crédito nas compras on-line. Se o consumidor for vítima da infração, o advogado ensina: “Imediatamente, peça o bloqueio do cartão. Imprima as capturas de tela e registre boletim de ocorrência. As operadoras de cartão têm um setor de atendimento para situações de fraudes. Se não for resolvido, procure a Justiça”, instrui Walter.

Nas compras on-line, normalmente, o cliente não consegue experimentar as peças no corpo e até mesmo acaba investindo em um produto por impulso, mas o artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor garante ao cliente a possibilidade de arrependimento no prazo de sete dias.

O procurador esclarece que a lei não faz distinção nos itens de segunda mão que são adquiridos. “O chamado direito de arrependimento nas compras feitas a distância assiste consumidores que compram produtos novos ou usados”, garante.

É seguro?

Antes de finalizar uma compra em algum brechó (sejam e-commercers ou informais), o Procon-DF recomenda atenção redobrada quanto aos dados apresentados no site. Observe a conservação do produto, guarde as imagens anunciadas e compare quando tiver com a encomenda em mãos.

Sempre pesquise a procedência do vendedor, veja se há reclamações na internet e, caso exista CNPJ, vá ao site da Receita Federal conferir se o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica está ativo. Outro detalhe importante é verificar se há proteção de dados nas páginas dos sites. Se o cadeado ao lado esquerdo do endereço estiver “trancado”, significa que aquele endereço eletrônico é confiável.

Independentemente do canal da compra (site, chat ou ligação telefônica), o Artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor assegura ao cliente o direito de desistir do item no prazo de até sete dias, a contar do recebimento do produto.

Desconfiar de lojas que aceitam somente uma forma de pagamento é um outro ponto relevante. Se o vendedor só aceita transferência ou boleto bancário é um bom indício de fraude, pois o processo para receber o valor de volta é mais complicado.

Existem, também, golpes em que os dados do consumidor são clonados e vários débitos são gerados no nome do cliente. Nesse caso, a orientação é procurar a delegacia mais perto e registrar um boletim de ocorrência.

Seus direitos

O Procon-DF recebe muitas demandas a respeito de compras em sites fraudulentos. Quando o assunto é o mercado de segunda mão, porém, a instituição não tem registro de reclamações.

Isso não significa que os clientes do segmento estejam ilesos a fraudes e problemas na entrega, por exemplo. Caso isso ocorra, o órgão orienta que o comprador registre um boletim de ocorrência na delegacia de polícia nas proximidades ou pela internet. O usuário deve ser maior de 18 anos e estar com os documentos de identificação válidos.

Para ajudar no processo, o consumidor precisa estar munido com todas as provas da transação. Vale nota fiscal, comprovantes de pagamento e transferências bancárias, além de recibos, conversas de aplicativos (para quem comprou via Instagram e WhatsApp, por exemplo), extratos e a fatura do cartão de crédito utilizado.

Se a negociação for realizada entre pessoas físicas, o órgão pontua que as normas do Código de Defesa do Consumidor não se aplicam. “Se pessoa física compra um produto de outra pessoa física que não esteja devidamente registrada como fornecedor, estaremos diante de uma relação cível”, destacou a instituição. Nesses casos, caso haja problemas na compra, o indivíduo deve procurar o Judiciário.

Reportagem
Ilca Maria Estevão
Rebeca Ligabue
Hebert Madeira
Danillo Costa
Sabrina Pessoa
Edição
Rebeca Oliveira
Revisão
Juliana Afioni
Edição de fotografia
Daniel Ferreira
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