Todos contra o O mosquito inimigo número um do mundo não tem mais do que um centímetro de comprimento e vem ganhando a guerra até agora Aedes

Não foi a dengue, muito menos o zika vírus ou o chikungunya que fizeram do Aedes aegypti um inimigo da saúde pública. A criatura que ensinou o mundo todo aprender a pronunciar este complicado nome científico pela primeira vez - e que significa algo parecido com “praga do Egito”, seu país de origem - é velho conhecido dos cientistas. Aqui no Brasil, pelo menos, há mais de cem anos.

Os primeiros relatos de dengue no país são do final do século 19, em Curitiba e, pouco depois, em Niterói. Mas não era essa ainda a doença que preocupava sanitaristas. Na extensa lista de vírus que o mosquito transmite, está também o da febre amarela -- essa sim uma dor de cabeça pesada na época.

Foto: Michael Melo / Metrópoles

Para quem acha que a guerra contra o Aedes é uma batalha perdida, vale saber que já ganhamos essa briga antes: nos anos 1950, 30 anos depois dos primeiros estudos, o mosquito foi erradicado do país. Voltou na década seguinte, provavelmente importado de outras regiões da América em transações comerciais. A dengue virou problema nos anos 1980, para nunca mais dar sossego.

Corte seco para 2016 e o mundo inteiro se curva de pavor diante do inseto que não mede mais do que 1 cm. Quando as farmacêuticas finalmente anunciam a vacina contra a dengue, a descoberta de um quarto vírus, e sua possível relação com microcefalia, desafia a ciência e dá mais um gás na sobrevida do mosquito.

É mais um teste da praga do Egito. E agora, a guerra é para valer.

Distribuição do Aedes no mundo

De onde veio? Para onde vai? Como viaja? O Aedes é um mosquito exigente: se reproduz em climas quentes e úmidos, como o nosso

O cientistas acreditam que o Aedes tenha se espalhado pelo mundo a partir do Egito no século 16, com as Grandes Navegações. A partir de então, fez sua casa nos países tropicais e subtropicais. A primeira epidemia de dengue no continente americano foi no Peru, no século 19. Em 1955 ele foi erradicado do Brasil, mas voltou os anos 1960, provavelmente em navios, trens e aviões comerciais.

Homem contrai dengue, zika e chicungunya

Caso de tripla infecção aconteceu na Colômbia e pode ser o primeiro do mundo. Homem havia viajado por regiões de risco

Foto: J. Infect. Public Health/divulgação

Em janeiro passado, um estudo de médicos colombianos confirmou o que pode ser o primeiro caso no mundo de infecção simultânea por dengue, zika e chikungunya. O homem, da cidade de Sincelejo, no norte do país, procurou atendimento com febre, conjuntivite nos dois olhos e manchas vermelhas. Os testes para dengue, chikungunya e zika vieram positivos. Ele se recuperou e foi liberado, mas os especialistas alertaram para mais estudos sobre os vírus, sobretudo o zika.

A Colômbia é o segundo país mais afetado pelo zika, quase 48 mil infectados, 7,6 mil deles são gestantes. Com um adendo: até agora não há casos de microcefalia associados ao vírus.

Guerra do bem:
militares em ação

Com a microcefalia ameaçando bebês em todos os estados, o governo colocou as Forças Armadas nas ruas para combater o mosquito

No final do ano passado, quando o terror da microcefalia começou a rondar as maternidades, a batalha contra o mosquito assumiu contornos de guerra. Todos os anos, as Forças Armadas emprestam uma equipe ao governo para ajudar no combate aos focos. Mas nunca como os últimos meses. Em dezembro, eram cerca de 3 mil militares nas ruas. Em janeiro, a operação ganhou corpo e o número deu um salto: 220 mil homens e mulheres do Exército, Aeronáutica e Marinha foram às ruas contra o mosquito. Cerca de 70% do total do corpo das três corporações.

A atuação dos militares se dividiu em quatro etapas, entre mobilização, educação da população e eliminação dos focos dentro de casas e comércios. Foram mais de 3 milhões de propriedades visitadas, 6 milhões de panfletos distribuídos, 64 mil focos de proliferação do Aedes encontrados. A campanha segue agora nas escolas, com aulas sobre o combate.

Foto: Gabriel Jabur / Agência Brasília
Raio X
3 milhões 64 mil 66 mil 15 mil
casas visitadas focos de proliferação encontrados residências receberam larvicida recusaram a visita

As crianças e os adolescentes têm uma capacidade muito grande de transmitir essas lições aos pais, por isso essa parte educativa nas escolas deve surtir muito efeito.

Almirante Ademir Sobrinho, Chefe do
Estado Maior Conjunto das Forças Armadas.

Faça a sua parte

Como a fêmea se alimenta de sangue humano, é dentro das casas que o Aedes se abriga. O papel de cada um, portanto, é fundamental

O Aedes é um mosquito doméstico. Dois terços dos seus criadouros estão dentro das residências, perto das vítimas. A maior parte da luta, portanto, é individual. Limpando vasos, calhas, caixas d´água. Para orientar os perdidos e educar a população, o Ministério da Saúde colocou no ar um página com orientações sobre prevenção e combate ao mosquito.

O órgão sugere que as famílias separem 15 minutos dos sábados para checar possíveis focos dentro de casa. A limpeza geral inclui tampar tonéis e caixas d’água, limpar as calhas e os ralos, virar garrafas de cabeça para baixo, tampar lixeiras, preencher vasos de plantas com areia, e redobrar a atenção com a higiene dos potes de águas dos animais domésticos.

O mapa do mosquito no DF

Marque aqui os lugares onde você encontrou um foco do mosquito

Mapear os focos do mosquito nos arredores de onde você mora é importante na guerra contra as doenças transmitidas por ele, seja para alertar as autoridades para que elas combatam os criadouros, seja para evitar as regiões infestadas. O mapa abaixo é interativo, e serve para você marcar as regiões do DF com mosquitos ou larvas.

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