Artigo: precisamos diferenciar alimentação saudável e restritiva

São dois nichos que estão crescendo bastante no mercado, mas tendem a se misturar sem necessidade

André Rochadel
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Mesmo com todo o fortalecimento dos fast-food e a forte presença de ultraprocessados em todos os mercados, nunca foi tão forte o nicho de alimentação saudável. A preocupação dos comensais fez surgir uma rede de lojas especializadas apenas em produtos naturais, alimentos chamados “fit” e, normalmente, suplementos alimentares.

Em paralelo, a medicina desenvolveu-se ao ponto de conseguir diagnosticar com grande precisão algumas condições que antes passavam despercebidas por causa de sintomas vagos. É o caso das intolerâncias e alergia a glúten e lactose. As manifestações são diversas, desde leve mal-estar e dor de cabeça até inchaço e alergias.

Como o glúten, que nada mais é que a proteína do trigo, e a lactose (o açúcar do leite) são relativamente calóricos, eliminar esses elementos da dieta acaba resultando em emagrecimento, mas não há nenhuma evidência ou consenso médico de malefícios causados pelo consumo deles por pessoas que não sejam alérgicas ou intolerantes.

De toda forma, formou-se uma anomalia no mercado alimentício: o entendimento de que a ausência de glúten ou lactose faz um produto light ou fit. Isso não é verdade. Pelo contrário: a farinha de trigo e o leite são normalmente substituídos por derivados de castanhas que são muito mais calóricas. Os resultados são normalmente doces muito calóricos com uma “aura de item de dieta”.

Costumo recomendar às pessoas de dieta, quando não possuem restrições reais e estão com vontade de doces, pães e bolos, que comam uma pequena quantidade, em vez de optarem pelos fits, que não são tão gostosos, não saciam a vontade e têm alto teor calórico.

Numa outra ponta, há os ultraprocessados veganos ou vegetarianos. Os adeptos desses substitutos de ingredientes derivados de animais costumam procurar hambúrgueres, suplementos e doces industrializados com essas características, mas devem se atentar à tabela nutricional deles, principalmente nos campos das calorias totais, carboidratos, açúcares e sódio (este último, normalmente, em alto teor).

Em produção própria de confeitarias, também ocorre um problema para os intolerantes e veganos que não estão preocupados com calorias: é normal que lugares que abrem mão do glúten ou derivados acabem por buscar os chamados alimentos funcionais, substituindo açúcares e gorduras, resultando em produtos algumas vezes decepcionantes ao paladar.

A solução para quem se enquadra nesse último grupo é procurar páginas e canais veganos (que curiosamente costumam abrir mão também do glúten) que tenham receitas bastante compromissadas com o paladar e nada comprometidas com as gordurinhas.

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