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Opinião: Harden e Westbrook juntos — vai dar liga?

Dois armadores acostumados a dominarem a bola agora são companheiros de equipe. Há motivos para preocupação…e otimismo

atualizado

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Elsa/Getty Images
NBA All-Star Game 2016
1 de 1 NBA All-Star Game 2016 - Foto: Elsa/Getty Images

A NBA está passando por um de seus períodos de free agency — período em que atletas sem contrato podem renovar com seus times ou assinar novos contratos com outras equipes — mais insanos de todos os tempos.

Apenas no primeiro dia da janela de abertura de transferências, a maior liga de basquete do mundo movimentou pouco mais de US$ 1 bilhão e viu grandes nomes mudarem de equipes, por meio de trocas e novos contratos.

A cereja do bolo de toda essa confusão aconteceu na última quinta-feira (11/07/2019), quando o Houston Rockets enviou o armador Chris Paul, duas escolhas de primeira rodada e mais dois direitos de troca de escolhas futuras para o Oklahoma City Thunder por Russell Westbrook.

A troca, um verdadeiro blockbuster, já vinha sendo enunciada desde o fim da última temporada. Da parte de Houston, o Yahoo Sports relatou, após as Finais da NBA, que James Harden e Chris Paul estavam se desentendendo e o relacionamento era “irrecuperável”. Tanto Paul como o gerente-geral dos Rockets, Daryl Morey, negaram qualquer clima ruim no vestiário.

Já da parte do Thunder, a franquia de Oklahoma sinalizou que iniciaria uma nova fase quando aceitou trocar Paul George, seu melhor jogador na última temporada, para o Los Angeles Clippers, por Danilo Gallinari, Shai Gilgeous-Alexander e diversas escolhas de draft. Com a saída de Russell Westbrook após 11 anos em Oklahoma, o gerente-geral Sam Presti deixa claro que apertou o botão de resetar na franquia que, desde a saída de Kevin Durant, não conseguiu passar da primeira fase dos playoffs.

Teremos um problema, Houston?
Quando Chris Paul foi trocado para os Rockets em 2017, a dupla Harden/CP3 recebeu críticas bastante semelhantes às que o combo Harden/Westbrook enfrenta agora. Apesar de não terem conseguido cumprir o objetivo esperado — bater o Golden State Warriors e conquistar o título da NBA –, é possível argumentar que, nas duas temporadas que jogaram juntos, Harden e Paul encontraram sucesso.

Especialmente na temporada 2017-18, quando os Rockets terminaram a temporada regular com o melhor recorde da NBA, 65 vitórias e 17 derrotas, e ficaram a um jogo de bater os poderosos Warriors nas Finais de Conferência do Oeste (Chris Paul teve uma lesão na panturillha e ficou de fora dos últimos dois jogos da série).

Entre os motivos que possibilitaram a coexistência (mais ou menos) pacífica entre Harden de Paul, estão a hierarquia de Houston, na qual claramente o “Barba” era o principal jogador da franquia, e o momento da carreira de Paul. Com 32 anos, o armador já estava no fim de seu auge e aceitou bem o seu status de segunda opção.

Além disso, Chris Paul tem como característica principal ser um articulador de jogadas — apenas duas vezes em sua carreira ele teve médias de mais de 20 pontos e mais de 16 chutes de quadra tentados — e é um arremessador de longa distância respeitável (37% para 3 na carreira, 35.8% na última temporada).

Essas últimas duas características de Paul são praticamente opostas às de Russell Westbrook. Apenas duas vezes, Russell ficou abaixo dos 20 pontos marcados de média e dos 16 chutes de quadra tentados. Westbrook também não é um arremessador de longa distância confiável — 30% de média na carreira, 29% na última temporada.

Com Harden sendo a primeira opção, Westbrook terá que melhorar seu desempenho longe da bola, tanto como arremessador — obrigando as defesas a se manterem próximas a ele, o que irá abrir o garrafão para Harden –, quanto na movimentação, cortando para cestas e fazendo bloqueios, aspectos subdesenvolvidos em sua carreira até aqui.

Outro número que pode ser indício de uma experiência desanimadora é o usage rate de Westbrook. A estatística mede o quanto um jogador controla as ações enquanto ele está em quadra, e Russell é o líder histórico da categoria, com um usage rate de 41.65% na temporada 2016-17, sua primeira sem Kevin Durant. O segundo lugar? James Harden.

Logo, é há indícios para desconfiar que ataque de Houston se transforme em uma dinâmica “sua vez, minha vez” e se torne previsível para as defesas adversárias. Uma mudança na mentalidade de Russell será essencial para que a dupla funcione.

Na última temporada, com Paul George jogando em um nível de MVP, Westbrook mostrou que consegue assumir um papel secundário com sucesso. Ele e Harden são amigos de infância e já atuaram juntos em OKC, quando o Barba ainda era um 6º Homem. Além disso, aos 30 anos, seu jogo, baseado na explosão e invejáveis dotes atléticos, pode estar na hora de sofrer uma mudança e esse papel de coadjuvante encaixa perfeitamente em Houston. A mistura pode ser volúvel, mas os ingredientes para dar certo estão presentes. Daryl Morey apostou alto nisso.

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