Sete motivos para assistir à série The Boys, da Amazon Prime Video

Num futuro em que super-heróis são realidade, a presença de pessoas com poderes sobrenaturais não é tão positiva quanto o cinema pinta

Clara Campoli
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Na contramão das franquias da Marvel e da DC, a Amazon Prime Video lançou uma nova série com uma perspectiva nada otimista sobre a presença de super-heróis na sociedade: The Boys, baseada na HQ homônima de Garth Ennis. O seriado de oito episódios teve a segunda temporada confirmada e, de acordo com os produtores, será ainda mais sangrenta que a primeira.

A premissa da produção é mostrar as vítimas dos heróis: pessoas que sofreram graves acidentes ou perderam entes queridos como “efeito colateral” da ação dos semideuses no mundo. O grupo que dá título à série é formado por quatro homens e uma mulher em busca de desmontar a farsa policialesca e cinematográfica inventada para dar um falso senso de segurança à população americana.

Veja 7 motivos para assistir The Boys:

Heróis humanos demais

Antes mesmo de descobrirmos de onde vêm os poderes dos semideuses, o roteiro é engenhoso ao mostrar a humanidade inegável de cada super-herói. Pelo bem ou pelo mal, cada um deles tem agenda e interesses próprios, que nem sempre coincidem com o bem comum. Até mesmo o líder dos Sete, Capitão Pátria, apresentado inicialmente como um semideus de moral ilibada, comete barbaridades no decorrer da série. Humanos demais; talvez até humanos de verdade.

Capitão Pátria e Rainha Maeve tentam interceptar um voo tomado por terroristas: interesse próprio antes do coletivo

Lucro acima de tudo

Como nada no mundo real é de graça, os Sete, grupo dos mais fortes super-heróis dos Estados Unidos, só poderia ser chefiado por uma grande corporação. Os semideuses não só salvam vidas, mas participam de eventos populares e estrelam filmes próprios – cutucão maior na Marvel e na DC não há. Cada herói tem uma vivência e uma estética pensada pelo departamento de marketing da empresa, que controla cada passo que os poderosos dão e conta histórias sobre eles que nem sempre são fiéis à realidade.

O departamento de marketing que comanda os Sete controla toda a narrativa das vidas deles

Culto à celebridade

Outra crítica presente na série é à cultura de celebridade: cada super tem uma marca e um jeito de se comportar publicamente, que gera um burburinho na população ávida por saber o que acontece na vida dos famosos. Os heróis não são semideuses reclusos, que não lidam com população e se concentram exclusivamente em suas missões. Pelo contrário, boa parte do trabalho é fazer catárticas aparições públicas e lucrar bastante com toda e qualquer tragédia.

Capitão Pátria é recebido como um messias num evento voltado ao público cristão: momentos catárticos diante das câmeras

Visão ranzinza do herói

Nossos heróis de fato são os quatro vigilantes que tentam impedir o poder dos Sete pelo mundo. Consequentemente, a tônica da série é extremamente ranzinza diante da possibilidade de se ter semideuses caminhando entre a sociedade. Em um certo momento, Billy Bruto (Karl Urban), o líder do grupo, aponta que o mundo não precisa de super-heróis, ele se regula e se equilibra normalmente com ações puramente humanas. As capas e os poderes estão, segundo ele, dispensadas.

Nem mesmo a aparentemente inocente Luz Estrela escapa do pessimismo de The Boys

Fábrica de inimigos

Assim como as narrativas de cada herói são criadas por um departamento de marketing dentro da corporação, os vilões teriam que aparecer em algum momento. Numa crítica muito clara a diversos momentos da política externa americana, a série mostra a fabricação de inimigos na Ásia e no Oriente Médio para promover o medo e a paranoia na terra do Tio Sam. E se a fonte das armas de uma guerra – no caso, os super-heróis e os vilões – fosse exatamente a mesma?

Kimiko, a semideusa fabricada violentamente para servir à narrativa de que os heróis enfrentam super vilões

#MeToo

Uma das personagens com maior participação no seriado é Luz Estrela, uma jovem do meio-Oeste americano que consegue passar no crivo dos Sete e realiza o sonho de ingressar na equipe de heróis que admira. Para entrar de fato nessa ciranda, ela é forçada a fazer sexo oral em um superior. Por mais que a jovem passe por uma jornada individual de empoderamento ao se impor pessoalmente sobre o abusador, a corporação ainda a massacra. Num primeiro momento, ela é obrigada a fazer aparições públicas e missões ao lado de seu estuprador. Quando a história vem a público, a empresa se agiliza para proteger o criminoso e não a vítima: a CEO da casa, inclusive, sabe deste e de outros históricos de abuso do funcionário e faz de tudo para acobertá-los.

Sabendo que Profundo é um estuprador, a direção da empresa ainda obriga Luz Estrela a trabalhar com ele

As maravilhosas Spice Girls

Em um dos diálogos mais inspirados da série – não à toa é o fio condutor do trailer –, Bruto apazigua os ânimos da equipe ao comprar a turma com as Spice Girls: separadas, não têm carreiras relevantes, mas juntas são épicas. O quinteto completado por Hughie (Jack Quaid), Leitinho (Laz Alonso), Francês (Tomer Capon) e A Mulher (Karen Fukuhara) traz não só alívio cômico à série, mas apresenta motivações muito reais para buscar o fim das intervenções de super-heróis na sociedade.

Karl Urban, o Bruto, protagoniza uma das melhores cenas da temporada

Assista ao trailer:

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