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“Fio a Fio” tem a luz e o ritmo do envelhecimento

Espetáculo com Giselle Rodrigues e Édi Oliveira, em cartaz este fim de semana no Sesc Garagem, traz a dançarina brasiliense de volta ao palco após 20 anos

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Diego Bresani/Divulgação
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Responsável por dois dos mais emblemáticos episódios da dança contemporânea brasiliense, à frente do grupo Endança e depois por trás do baSirah, Giselle Rodrigues volta a se apresentar sobre o palco com o espetáculo “Fio a Fio”, em cartaz este fim de semana no Teatro Sesc Garagem. Neste retorno, a dançarina e coreógrafa tem a cumplicidade de Édi Oliveira, seu amigo de longa data e ele também professor e artista de larga experiência nas artes cênicas da capital federal.

Nas duas décadas em que esteve fora dos palcos, Giselle Rodrigues se manteve ali pertinho, trabalhando com criação e direção. Desta vez, ela idealizou e levantou “Fio a Fio” em parceria com Édi Oliveira e emprestou o próprio corpo para a ação. Os dois tiveram o auxílio, numa direção coletiva, de Kenia Dias, bailarina e dançarina brasiliense atualmente radicada em São Paulo. Esse reencontro se dá em tom intenso e intimista.

Inevitavelmente sozinhos em cena, Giselle e Édi tecem “Fio a Fio” em torno de um casal de idosos. A partir de gestos prosaicos, como calçar um par de sapatos e vestir um casaquinho, cumpridos com a lentidão e a resignação de quem já não domina inteiramente o próprio corpo, os dois esmiuçam atividades cotidianas em um cenário que remete a uma antiga casa, um tanto gasta pelo uso.

Uma velha cômoda, uma poltrona, um carrinho de chá, um ventilador de ferro. Elementos assim pontuam o espaçoso tablado do Garagem, mas o coração do cenário bolado por Roustang Carrilho é mesmo a tábua corrida do chão. Eis o campo de batalha para os dois amantes.

Respirar e respingar
Enquanto a luz crepuscular de Dalton Camargos empresta ao espetáculo tons baixos, quase escuros, a trilha sonora de Tomás Seferin remete a elementos naturais, como o respirar ou o respingar da chuva, para ganhar força percussiva. Mais do que dar ritmo para Gisele e Édi dançarem, essa música indica as variações de humor de um casal que já não conversa mais entre si.

Quando falam, são monólogos desencontrados e sobrepostos, numa tentativa de dar vazão em palavras ao que já passou. “Aos 55 anos, me apaixonei por uma mulher”, ela diz. “Aos 84 anos, comecei a viver pelos cantos”, ele diz. O verdadeiro diálogo entre Giselle e Édi, porém, dá-se pelo corpo — e pelos olhares — o desamparo dela e a atordoada fidelidade dele. Quando o desalento periga se tornar grande demais, a música abre pequenos intervalos de prazer e felicidade. Um tango argentino, um sambinha francês.

E assim “Fio a Fio” vai se desenrolando até chegar em um perfeito instante de imagem e poesia: a cena que materializa o título do espetáculo. Valendo-se de agulhas e carreteis de linha, Giselle Rodrigues e Édi Oliveira encontram o que talvez seja a exata definição de envelhecer a dois.

Sábado (10/10)  e domingo (11/10), às 17h e às 20h30, no Teatro Sesc Garagem (713/913 Sul, Lote F, 3445-4401). Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Não recomendado para menores de 14 anos.

Dia 4 de novembro. Quarta-feira, às 16h e as 20h, no Teatro Newton Rossi (Sesc QNN 27, Lote B, Ceilândia Norte; 3379-9586). Entrada franca. Não recomendado para menores de 14 anos.

Dia 11 de novembro. Quarta-feira, às 16h e as 20h, no Teatro Paulo Gracindo (Sesc, Setor Leste Industrial, Lotes 620/680, Gama; 3484-9142). Entrada franca. Não recomendado para menores de 14 anos.

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