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Roger Waters repete protesto contra Bolsonaro e divide público no DF

Assim como fez em SP, o músico exibiu no telão a frase “ponto de vista censurado” onde deveria estar o nome do aspirante do PSL ao Planalto

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Roger Waters
1 de 1 Roger Waters - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Roger Waters repetiu em Brasília neste sábado (13/10), no Estádio Nacional Mané Garrincha, o show de hits do Pink Floyd e projeções espetaculares que fez em São Paulo. Também manteve o protesto político ao manifestar sua repulsa ao candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro.

Assim como fez no segundo show realizado na capital paulista, exibiu no telão a frase “ponto de vista censurado” onde deveria estar o nome do postulante do PSL ao Palácio do Planalto e a provocação “nem fodendo” no lugar do “#elenão” exibido na primeira apresentação da atual turnê Us + Them no Brasil, também em SP. Como esperado, os 54.390 espectadores que esgotaram os ingressos se dividiram entre gritos de “ele não” e “mito”, em alusão ao presidenciável.

Na tela, projeções de imagens psicodélicas dividiram espaço com inserções ao vivo do espetáculo. Apesar da polêmica com o nome de Bolsonaro, praticamente não se viu ninguém usando camisetas de cunho eleitoral ou político durante o show.

O primeiro momento deveras impactante se deu na apresentação de Time, com relógios tomando conta do telão. Os vocais femininos de The Great Gig in the Sky deixaram os fãs hipnotizados e em silêncio diante da performance das duas backing vocals. Após três músicas do mais recente disco solo, Is This the Life We Really Want? (2017), o baixista retomou o repertório atemporal do Pink Floyd com Wish You Were Here.

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Manifestação política
O show ganhou significado político quando crianças com uniformes laranja, semelhantes aos usados nas prisões, e encapuzadas entraram no palco para teatralizar Another Brick in the Wall, com um vigoroso sing along. No meio da música, elas tiraram as coberturas das cabeças, os macacões e o público vibrou cantando “hey teacher, leave the kids alone”. Pura catarse. As camisetas usadas por elas traziam a palavra “resist”. Após a canção, Waters pegou o microfone para falar com o público pela primeira vez. “Essas crianças são de Brasília”, revelou.

Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles
Telão exibiu nomes de lideranças mundiais que, no entendimento do músico, são fascistas. O nome de Jair Bolsonaro estava coberto pela frase “ponto de vista censurado”

 

Na sequência, anunciou um intervalo de 20 minutos e avisou: “Depois, voltamos e continuamos a resistência”. Quando surgiu “resist” no telão, parte do público começou a gritar “ele não”, enquanto outros retrucaram com “mito”, em referência a Bolsonaro.

Mensagens de protesto sobre temas diversos, de antissemitismo à conscientização sobre os perigos da poluição, foram exibidas enquanto o público aguardava o retorno de Waters e banda. Sobrou até para Mark Zuckerberg, o criador do Facebook.

As manifestações do público continuaram quando o telão mostrou a frase “resistam ao neofascismo”, em seguida listou nomes de líderes políticos como Vladimir Putin e Donald Trump. Como aconteceu no segundo show em São Paulo, o nome de Bolsonaro foi coberto com a frase “ponto de vista político censurado”.

Waters e equipe voltaram para o palco com uma inclinação política ainda mais acentuada, tanto no setlist quanto nas projeções. Dogs e Pigs (Three Different Ones) embalaram críticas diretas a Donald Trump, com exibições de frases polêmicas do presidente dos EUA no telão e áudios de entrevistas do americano. Antes de Money, surgiram os dizeres “Trump é porco” — assim mesmo, em português.

Felipe Moraes/Metrópoles
Um gigante porco inflável flutuou pelo Mané durante a música Pigs, trazendo a frase “stay human” (“seja humano”)

 

As extensas músicas do Pink Floyd, repletas de digressões psicodélicas e setentistas de guitarra, conseguiram manter o público atento na segunda metade do espetáculo. Waters usou o microfone mais uma vez e mostrou-se a fim de papo. “Precisamos que um pouco do amor desse lugar se espalhe pelo mundo. Para manter o planeta habitável para os nossos filhos e os filhos dos nossos filhos”, refletiu.

“Para isso, temos que nos perguntar se acreditamos nos direitos humanos universais. Eu acredito. Acredito que a maioria aqui também. Desculpe, mas não vejo muitos direitos igualitários rolando no Brasil. Em São Paulo, as pessoas começaram a brigar. Na segunda noite, eu disse: ’em vez de brigar, vamos guardar a energia para resistirmos aos malditos porcos”, disse, provocando tanto gritos de “ele não” como de “mito”.

O clima de polarização esfriou um pouco durante a belíssima Mother, a penúltima da noite. O público voltou a se unir em um coro vibrante na derradeira música, o hino multigeracional Comfortably Numb. Parte da plateia ensaiou um “olê, olê, olê, Roger, Roger”.

Desde Paul McCartney, em 2014, o Mané Garrincha não acolhia um rock de arena tão alucinante. Waters eletrificou Brasília com seu tino incansável para a crítica social e a provocação política, contando com a ajuda fundamental de projeções de capricho cinematográfico.

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