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Grávida pela terceira vez, Izabella Rocha canta o sagrado feminino e busca novas sonoridades

“Gaia”, o primeiro disco solo da ex-vocalista dos Natiruts, se desdobra em documentário a ser lançado no início de 2016

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Em meio à rotina de gravações de seu primeiro disco solo, Izabella Rocha descobriu estar grávida. Mãe de Gabriela, de doze anos, e de Rafael, de sete, a cantora não planejava um terceiro filho. Mas, de repente, tudo passou a fazer ainda mais sentido para ela.

A gravidez, que hoje já desponta numa barriguinha de quatro meses, encontrou Izabella em clima de recomeço. Ela não é mais aquela garota tímida que surgiu fazendo backing vocals quando a banda de reggae Natiruts ainda se chamava Nativus. Foram dez anos ali. Então, Izabella e seu marido, o percussionista Bruno Dourado, buscaram caminho próprio e montaram o projeto InNatura.

E agora, depois de vinte anos da primeira fitinha cassete do Nativus, depois de cinco discos com a banda e mais três com o InNatura, Izabella Rocha quis começar tudo de novo. Daí surgiu “Gaia”.

Uma coleção de músicas que leva Izabella para muito além do reggae, seu estilo habitual, sua zona de conforto. Músicas que celebram o reencontro da artista com o poder feminino, com a natureza e com o amor. Esses temas perpassam todo o trabalho – e também chegam, em larga escala, à gravidez de Izabella.

“Gaia” já pode ser ouvido pela internet, em plataformas como o Spotify. Seu compact disc será lançado no início do ano que vem, possivelmente em março. Terá a companhia de um DVD do mesmo nome, trazendo um documentário-musical, dirigido por Douro Moura e gravado na Chapada dos Veadeiros e nos arredores de Brasília, esmiuçando a temática e a estética das músicas.

https://m.youtube.com/watch?v=qFSQyBPEtac

Sessões entre Rio e Brasília

Para este seu primeiro disco solo, então, Izabella Rocha buscou um novo parceiro. Marcos Vasconcellos, músico e produtor brasiliense radicado no Rio de Janeiro, logo se juntou a ela e acompanhou todo o processo de composição e de gravação.

Sete das nove faixas do álbum são de autoria de Izabella. Uma é de Bruno Dourado. E outra, “É Tão Bom”, versão de Izabella para “C’Est Si Bon”, cançoneta jazzy do repertório do cantor francês Yves Montand. O disco percorre ainda climas eletroacústicos (“Desejo Eterno”), paisagens percussivas (“Setecentas Vidas”), levadas funky (“Esse Sujeito”) e até boogie woogie (“Mariposa Porã”).

Para dar conta do vasto espectro sonoro, Marcos Vasconcellos foi arregimentando uma seleção de experientes músicos no estúdio carioca Oásis, onde se desenrolou a maior parte das gravações.  Entraram até um quarteto de cordas e um naipe de metais. Marcos Suzano, percussionista, participa da faixa “Desejo Eterno” e desponta no time de notáveis. Essa mesma música ainda tem Milton Guedes à gaita e André Vasconcellos ao contrabaixo.

Tio de Marcos e de André Vasconcellos, o pianista Ricardo Vasconcellos, fez o arranjo de “É Tão Bom” aqui em Brasília, no estúdio Orbis. As sessões brasilienses também foram frequentadas por amigos de longa data, como o guitarrista Kiko Pérez, o baterista Txotxa, o tecladista Fernando Palau e, claro, o percussionista Bruno Dourado. Todos eles, músicos com passagem pelo Natiruts.

A seguir, Izabella Rocha conversa com o Metrópoles sobre “Gaia” e o momento que atravessa…

Rafaela Felicciano/Metrópoles

Dez anos com o Natiruts seguidos de dez anos com o InNatura. Como você enxerga sua carreira até aqui, Izabella?

No Natiruts, eu tinha um papel. Entrei purinha, estava começando a cantar. Foi uma escola para mim. Escola de palco e de música, escola empírica. Não conseguia desfazer a mala, estava sempre na estrada. Larguei minha faculdade de educação física e nunca mais tive um estudo convencional. A minha faculdade foi a estrada com o Natiruts. Já no InNatura eu tenho um outro papel. Foi quando aprendi a compor. Mas eu sentia falta de um trabalho para reafirmar a cantora Izabella Rocha.

Esta é a razão deste disco solo?

Sim. Estou intimando a mim mesma. É como se eu me perguntasse: Então, quem é Izabella Rocha? No final de 2014, o Bruno (Dourado, marido de Izabella e seu parceiro no InNatura), estava gravando o primeiro disco do bloco de carnaval Galo Cego, que ele montou em 1988 com o Luís Maurício (baixista do Natiruts). Achei que esse era o momento. Era a hora do Galo, era também a hora da “Gaia”. Os desejos e as vontades vão mudando a cada disco. Este tem a ver com a maturidade. Quis tentar novos caminhos, quis ser eclética. O reggae está na veia, mas quis dar uma volta pelo outro lado para ver como que está.

Como surgiu a parceria com o produtor Marcos Vasconcellos?

Marquinhos foi apontado por Dan Félix, técnico de som do InNatura e do Natiruts, uma pessoa que confio muito. Quando o Dan soube desse meu desejo de explorar novos sons, ele lembrou do Marquinhos. Que é jovem, tem trinta e poucos anos, mora no Rio de Janeiro, mas é calango do cerrado. Marquinhos é filho do grande contrabaixista Ricardo Vasconcellos, irmão do André e sobrinho do pianista Renato Vasconcelos. Uma família de virtuoses. Marquinhos toca guitarra com Leila Pinheiro, Djavan e Zizi Possi, ele tem um espaço já aberto no Rio, mas continua sempre aqui em Brasília e tem as mesmas referências.

E o que filme acrescenta a este projeto?

Como são vinte anos de carreira, rolou a ideia de registrar o momento em imagem também. E o projeto foi contemplado no Fundo de Apoio à Cultura (FAC). Então quis fazer mais do que um registro de mim própria. Tenho algo maior para falar, tenho algo mais profundo, algo que me move muito mais… Que é a história do sagrado feminino, a história de Gaia. A nossa deusa mãe, o planeta Terra, me inspira para todo o meu trabalho. E me parece necessário falar sobre isso neste momento, percebendo toda a movimentação que está rolando hoje, as mudanças que estamos vivendo intensamente. O deus masculino, o deus Sol é celebrado. Enquanto isso, a gente dá as costas ao deus feminino e destroi este planeta em que vivemos. O filme é uma tentativa de nos reconectar com a mãe Terra. E às vezes é tão simples, sabe? Basta uma árvore.

De que forma a maternidade te modificou?

Desde que estava grávida da Gabriela eu já senti diferença. Minha voz mudou. Perdi o medo que eu tinha. A maternidade te dá uma coragem visceral, é um instinto que vem da natureza. Você está gestando um ser e aquele amor incondicional te lança para explorar coisas novas. A compositora despertou em mim, peguei o violão e comecei a tentar músicas novas.

Em que momento percebeu essa nova coragem?

Foi quando comecei a amamentar a Gabriela. A volta para o Natiruts foi diferente, a Gabriela foi para a turnê com a gente. Ela é forte, sempre soube disso. Se ela nasceu neste lar, se ela veio de mim, é porque está preparada para viver a vida que eu vivo. Ela veio pronta.

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