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Crítica: “Villains” desbrava face mais pop do Queens of the Stone Age

Com produção de Mark Ronson, do hit “Uptown Funk”, Josh Homme e companhia misturam as guitarras do stoner com disco e sintetizadores

atualizado

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Mark Metcalfe/Getty Images
josh homme queens of the stone age Splendour In The Grass 2017 – Byron Bay
1 de 1 josh homme queens of the stone age Splendour In The Grass 2017 – Byron Bay - Foto: Mark Metcalfe/Getty Images

“Villains”, novo trabalho do Queens of the Stone Age, funciona como um autodesafio. Que tal chamar Mark Ronson, o produtor do hit “Uptown Funk” (cantado por Bruno Mars), para mesclar as consagradas guitarras stoner de Josh Homme com sintetizadores e batidas de música disco?

O sétimo álbum de estúdio do QOTSA poderia soar como uma afronta aos fãs puristas. Mas Homme, roqueiro de alcance pop, apesar da pose de bad boy, sabe se rebelar e declara a “revolução” sem perder de vista uma certa noção de prestígio.

“Feet Don’t Fail Me” e “The Way You Used To Do”, faixas que abrem “Villains”, revelam esse equilíbrio de forças: vocação pop (a primeira é sobre fazer música, a segunda frequentaria tranquilamente a setlist de uma festa) combinada com as guitarras pesadas de sempre.

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Stoner hitmaker: quando o QOTSA chama pra dançar
Nenhum amigo de Homme participa de “Villains” (Mark Lanegan, por exemplo, para citar o mais frequente e valioso deles), mas o disco não se ressente de parcerias. Se “Domesticated Animals” indica outro traço (nada sutil) de autoelogio (“vou te dizer onde está o ouro / está na terra”), “Fortress” é o mais próximo que o álbum chega de uma franca baladinha.

Homme é sempre celebrado pelo que fez ao stoner – tornou-o mainstream nos discos “Rated R” (2000) e “Songs for the Deaf” (2002) –, mas pouco alardeado pela maneira com que esse rock pesado se tornou uma grife alternativa tão respeitada quanto o revival garageiro de Strokes, White Stripes e Arctic Monkeys (cujo “Humbug” carrega produção de Homme).

Some os pitacos de Ronson às experiências recentes de Homme como produtor (discos de Nick Valensi, guitarrista do Strokes, e do dinossauro punk Iggy Pop) e você tem desde o groove eletrônico de “Hideaway” aos riffs de “rock clássico” tocados em “The Evil Has Landed”.

“Villains of Circumstance”, envolta num ar de épico sentimental (“serei seu para sempre”, diz o refrão), fornece a nota final de um disco talvez um pouco autoimportante, mas capaz de apresentar uma genuína redescoberta (e, por que não, autoprovocação).

Avaliação: Bom

“Villains” está disponível em streaming (Apple Music, Deezer, Google Play e Spotify) e em CD (R$ 39,90)

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