Crítica: Calvin Harris dispensa EDM e surpreende em “Funk Wav Bounce”
O disco é uma experimentação bem-sucedida da mistura entre eletrônico, soul e R&B
atualizado
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Há uma certeza na música eletrônica: o Daft Punk dita tendências. “Randon Access Memories” (2013), quatro anos após o lançamento, colhe o primeiro grande fruto. Um dos mais pops DJs do mundo mergulhou de cabeça em um som mais sofisticado, distante das pistas de dança e próximo de um álbum trabalhado. Senhoras e senhores, assim é “Funk Wav Bounces Vol.1”.
O Calvin Harris do EDM e das raves não aparece nesse disco. O artista escocês traz uma vibe boogie, que explora os limites entre a música eletrônica, o soul e o R&B.
Em RAM, o Daft Punk chamou Julian Casablancas, Giorgio Moroder e Nile Rodgers. Como um jovem que olha impressionado para o trabalho do irmão mais velho, Calvin Harris traz seus convidados, nomes bem mais pops.Participam de “Funk Wav Bounces Vol.1” A-Trak, Travis Scott, Ariana Grande, Katy Perry e Pharrell Williams (que gravou com os DJs franceses em 2013).
Mais uma mutação
“Funk Wav Bounces Vol.1” não parece ser uma alteração de rota no trabalho de Calvin Harris. Soa como o disco de um produtor comercialmente consagrado e decidido a dar uma pausa nos hits e curtir uma música mais real. Ele deu pistas de que ia fazer isso.
Not feel good music. Feel INCREDIBLE music
— Calvin Harris (@CalvinHarris) February 15, 2017
O disco não tem um hit, aquela faixa radiofônica ao estilo “How Deep Is Your Love” (2015). Em compensação, traz experimentos de alto nível. “Slide”, música de abertura do álbum, traz um inspirado Frank Ocean em uma música deliciosa de sunset.
O boogie e o funk saltam em “Rollin”, parceria com Future e Khalid. “Holiday”, com Snoop Dogg, John Legend e Takeoff, tem o soul e o R&B como carro-chefe.
Calvin Harris surgiu com um quê alternativo, virou o mais comercial dos artistas (a ponto de faturar US$ 66 milhões por ano) e agora, como um camaleão da indústria, dedica-se a um trabalho desafiador. Até voltar as raves, ele vai desfilar certamente o CD mais impressionante de sua carreira. Que venha o volume 2.