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A batida diferente da dupla Tropkillaz ganha reconhecimento no Brasil e no exterior

Brasília tem sido parada obrigatória na agenda dos DJs Zegon e Laudz. Somente em 2015, foram quatro apresentações. A última delas para um público de 2 mil pessoas, na JackHaus

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Através do Twitter, o paulista Zé Gonzales (ex-integrante do Planet Hemp), também conhecido por DJ Zegon, 50 anos, e o curitibano André Laudz, 23, começaram a conversar sobre música. Ao notar o gosto musical em comum pelo bass music, Zegon convidou Laudz para visitá-lo em São Paulo e produzirem juntos. Mas em nenhum momento tinham a pretensão de forma o Tropkillaz, “Tropkillaz foi um acidente, não tínhamos nenhum plano de fazer um grupo ou um nome” conta Zegon.

Hoje, a dupla é reconhecida além-fronteiras, faz parcerias com artistas internacionais e está frequentemente em tour pela Ásia Europa e América do Norte. E pelo Brasil, é claro. Só este ano, o Tropkillaz já tocou quatro vezes em Brasília — se apresentou aqui mais do que qualquer outro lugar no Brasil.

Aqui no Brasil existem vários DJs de bass, mas nenhum produz como eles. O ritmo do Tropkilllaz envolve e faz com que ninguém fique parado.

Allan Patrick, estudante

A última vez em que Zegon e Laudz estiveram na capital foi em 5 de dezembro, na JackHaus. Tocaram para mais de 2 mil pessoas, contando com participação dos MCs Don Cesão e Cachorro Magro. Durante uma hora e meia, apresentaram seus maiores hits e lançaram novidades, como a colaboração com o pessoal do Heavy Baile.

O estudante brasiliense Allan Patrick já assistiu a sete apresentações do duo pelo Brasil, e diz que o que mais chama a atenção é o som de qualidade. “Aqui no Brasil existem vários DJs de bass, mas nenhum produz como eles. O ritmo do Tropkilllaz envolve e faz com que ninguém fique parado”, conta Patrick.

Em entrevista ao Metrópoles, Zegon lembra ter tocado com alguns DJs brasilienses, como Brother e Chicco Aquino, e define como “impressionante” o público daqui. “Desde a minha época do Planet Hemp, noto que o público de Brasília é o mais animado para sair. Além de ter forte raiz no rap”.

Uma música por semana
O primeiro contato de Zegon foi por meio da mãe, que trabalhava com mixagem. Na adolescência, montou uma banda de punk rock, onde era o guitarrista. Mas foi nas ruas de São Paulo que descobriu sua paixão por hip-hop. Começou tocando com o irmão Gui Pinheiro e o amigo André Visane, no projeto DJ Chita. Mais tarde, produziu as bandas Planet Hemp, Nação Zumbi e Racionais MC’s. Além disso, integrou o projeto N.A.S.A, ao lado do DJ americano Squeak E. Clean.

DJ Laudz também começou a produzir música cedo, com apenas com 17 anos. Reconhecido pelo seu talento na área, fechou contrato com uma produtora internacional, onde assinava seus beats. Quando se juntou a Zegon, não havia intenção de envolver qualquer produtora. A única intenção do duo era lançar uma música toda sexta, nas redes socais. Mas o sucesso das músicas “Mambo” e “Boa Noite” foi além do esperado.

Uma pegada diferente
O DJ carioca Sydney, que compõe o selo Arrastão junto com o Omulu, conta que em seus sets sempre toca as faixas “Mambo”, “Baby”, “Boa Noite” do duo. “O som deles funciona por ter uma pegada diferente do habitual. A batida é pesada, com uma essência tropical dançante, fazendo com que a pista fique sempre animada”, afirma Sydney.

Com influências de gangsta rap, hip-hop LA, old school, R’n’B, o Tropkiillaz apresenta um estilo próprio, produzindo músicas sempre diferentes do que toca habitualmente na noite. “Boa Noite”, por exemplo, foi produzida em 80 BPMs (batidas por minutos) quando todos estavam tocando na linha de 100 BPMs. Ao perceber isso, eles subiram a batida para 130 BPMs, indo para a linha do Miami bass.

É difícil dar um estilo para nossa música, porque não rotulamos, produzimos até hip-hop instrumental misturado com música eletrônica

DJ Zegon

O jovem Lucas Lima, 20 anos, compõe o duo Flying Buff e foi convidado pelo DJ Zegon a produzir um remix oficial da faixa “Boa Noite”. Para ele, o que mais destaca a dupla Tropkillaz é a originalidade. “Eles têm uma identidade, o que poucos produtores da cena têm, por usarem elementos próprios em suas produções, o que é essencial para se destacarem. Isso funciona bem na pista porque o público escuta e se identifica o som deles onde for”.

Reportagem por Samira Rodrigues

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