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Stepan Nercessian lança livro Garimpo de Almas e reflete sobre a vida

A ficção convida o leitor a uma reflexão pessoal sobre os caminhos que escolhe seguir. Livro está à venda em versão física e digital

atualizado

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Globo/Divulgação
Stepan Nercessian - Metrópoles
1 de 1 Stepan Nercessian - Metrópoles - Foto: Globo/Divulgação

Do teatro ao cinema, a vida de Stepan Nercessian, ator que interpretou Abelardo Barbosa em Chacrinha: O Velho Guerreiro, tem uma ligação intrínseca com a arte. Aos 67 anos, ele embarca em uma nova aventura e constrói a própria narrativa em seu romance de estreia como escritor: Garimpo de Almas.

A obra de ficção gira em torno de um homem que é abalado por uma profunda reflexão a respeito de sua longa estada no mundo. O personagem principal é atormentado por outras almas que insistem em compartilhar as memórias que carregam.

Em entrevista ao Metrópoles, Stepan revelou que o título, publicado pela editora Tordesilhas Livros, é um chamamento à humanidade.

“É um balanço de vida. Muitas pessoas são mitigadas por essa ideia de fazer uma reflexão pessoal: ‘O que que eu fiz da minha vida, o que eu sonhei?’ Quando as histórias dos outros personagens vêm sendo contadas, de diversas formas, sempre pontuando esses questionamentos, chega um momento em que ele se depara com a solidão”, explica o autor.

Garimpo de Almas - Capa Livro
Garimpo de Almas é o primeiro livro de Stepan Nercessian

“O ser humano nunca precisou tanto ser humano quanto atualmente. Você se humaniza na medida que enxerga os outros. O livro faz você rever seres humanos, pessoas comuns, pessoas normais. O que é felicidade para um, o que é para outro. Esse livro me fez pensar em tudo que está faltando atualmente, como a falta de educação e sensibilidade das pessoas”, destaca.

O enredo da história principal é apresentado ao leitor com grandes chances de gerar uma identificação, principalmente no que diz respeito aos momentos de autoavaliação diante da solidão.

Recentemente, esse balanço de vida pessoal acometeu milhares de pessoas, não pela chegada da idade tardia, como acontece com o personagem do livro, mas pela solidão imposta durante os meses de pandemia, em virtude do coronavírus.

“Algumas pessoas que leram me perguntaram quando foi que eu escrevi, porque acharam que era fruto do isolamento. Na verdade, apesar de causar essa familiaridade com o momento, foi tudo feito antes”, diz o escritor, que usou o período em isolamento para escrever outros poemas.

Vocação antiga

Stepan contou que desde sua juventude a escrita esteve próxima. Muito cedo, começou a trabalhar na redação de um jornal goiano. Apesar de ter chegado a se tornar revisor no veículo de imprensa, resistiu ao chamamento das letras e seguiu a carreira como ator.

“Na escola, eu era bom de redação e péssimo em gramática. Eu me salvei mesmo foi com a leitura. Quando me tornei revisor, isso me obrigava a ler muito. Foi nesse mundo de convivência com jornalistas que tive minha escola, a formação que me deu embasamento”, relembra.

Neste meio, inclusive, que ele conheceu um dos seus maiores incentivadores a se tornar um escritor. Batista Custodio, fundador do jornal que Stepan trabalhou, insistia incansavelmente para que ele escrevesse.

“Mesmo depois que fui para o Rio de Janeiro, para seguir a carreira como ator, ele me ligava com frequência e dizia que eu era irresponsável de não escrever, que eu não seria lembrado como ator, mas como escritor”, detalhou Nercessian, que como forma de homenagear o mentor, dedicou a ele o Garimpo de Almas.

Stepan Necerssian início da carreira
Stepan Nercessian no início da carreira de ator
Questionamentos pessoais

Desde o nome do livro até as subjetividades abordadas no texto, a obra tem ligação próxima à trajetória pessoal de Stepan. O título, Garimpo de Almas, surgiu muitos anos antes de ele concluir este projeto.

“Essa ideia do garimpo reflete sobre a procura por respostas, além de ser uma coisa muito próxima de mim, nasci em Cristalina (GO), e meu pai foi garimpeiro. Pensei, é um garimpo de almas”, pontua.

Ele começou a dar vida ao livro há alguns anos. No entanto, iniciante em informática, perdeu todo o texto que havia escrito em um computador. Decidiu à época, desistir, mas sentia uma inquietude com o passar dos anos.

“Fiquei muito triste quando perdi os arquivos. Depois disso, sempre que eu tentava escrever algo, vinha uma voz que dizia que enquanto eu não escrevesse Garimpo de Almas não faria outra produção. Coloquei muita emoção no que escrevi”, recorda. Em 2019, Stepan encontrou cerca de 20 páginas que havia escrito àquela época, o que o fez retomar à produção da obra.

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“Com o Garimpo de Almas quero mostrar que, quando nascemos, ganhamos uma alma e, a partir de então, temos o compromisso de fazê-la sair melhor do que entrou naquele corpo. Fisicamente, somos apenas um corpo, mas e os sentimentos? O que temos feito?”, instiga Stepan. “Antes de mais nada, precisamos prestar atenção em nossas vidas que são finitas e únicas. Antes de ter opinião, pensar e julgar os outros, temos que olhar para dentro e nos perguntar no que isso contribuiria para nossa evolução”, completa.

Garimpo de Almas pode ser encontrado nas versões física (R$37,40) e digital (R$30,80).

Novos títulos em breve

Agora que lançou o primeiro título, Stepan não pretende parar. Ele adiantou ao Metrópoles que um segundo livro já está pronto. A obra promete ser totalmente diferente da atual.

“Assim como na minha carreira de ator, onde já fiz de comédia a drama, não quero ficar preso a nenhum estilo. Garimpo de Almas é um livro denso, que tem muita profundidade. O segundo livro é mais leve. É uma comédia, a história de um cara que está em uma situação difícil e precisa vender livros”, revela.

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