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Para João Paulo Cuenca, a beleza de arte está em sua “inutilidade”

Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, o escritor adianta o conteúdo da oficina no CCBB, defende a crônica e indica três livros nacionais

atualizado

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Kacio Pacheco/Metrópoles
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1 de 1 joao-paulo-cuenca1 - Foto: Kacio Pacheco/Metrópoles

O escritor João Paulo Cuenca vai ministrar a oficina de romance brasileiro no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) nesta segunda-feira (23/1). Nascido no Rio de Janeiro, ele ganhou espaço na cena literária nacional com os livros “Corpo presente” (2003), “O Dia Mastroianni” (2007) e “Descobri Que Estava Morto” (2016).

Em entrevista ao Metrópoles, o escritor – eleito pelo Festival de Hay como um dos jovens autores mais destacados da América Latina – revela seu pensamento sobre a arte, adianta o conteúdo da oficina, defende a importância da crônica nos dias de hoje e indica três livros essenciais para os amantes da literatura nacional.

Diferente de seus textos publicados no “The Intercept Brasil“, bastante críticos e politizados, Cuenca se afasta da realidade cotidiana ao falar de literatura. “A maravilha de toda forma de arte é a sua inutilidade”, afirma.

Metrópoles – Como é ser escritor nos dias de hoje?
J. P. Cuenca – Um desafio permanente de reinvenção e desconforto. O escritor é basicamente um inconformista.

Quais são os caminhos da literatura brasileira?
Como qualquer expressão artística, a literatura cresce quando une questões universais ao caráter local.

Como será, então, a oficina no CCBB?
Eu falarei sobre a questão da narrativa e depois farei uma teoria geral acerca do romance. Como base, utilizo os textos provenientes do curso que o escritor argentino Ricardo Piglia deu nas universidades de Princeton (EUA) e de Buenos Aires (Argentina).

Onde começa a literatura brasileira?
Na minha opinião, Machado de Assis inventou o Brasil onde vivemos até hoje.

No mundo da rapidez e da superficialidade, em que muitos se acostumam a ler textos de apenas 140 caracteres, qual o valor da literatura?
A maravilha de toda forma de arte é a sua inutilidade, que é onde reside o seu valor. Que fique claro, a arte pode ou não pode se relacionar diretamente com o que ocorre no mundo.

Dizem que a crônica brasileira perdeu importância nos dias de hoje. Sendo cronista, como você vê essa afirmação?
Acredito que a crônica brasileira é mais importante do que nunca. Infelizmente, nas últimas décadas vem perdendo espaço no jornal, sendo trocada por colunismo de opinião. Mas ainda há gente produzindo crônica de qualidade em grandes jornais.

E qual é a importância da crônica?
A crônica é criação de memória, ela é o olho do escritor ao rés do chão, como dizia Antonio Candido. Registra pequenos instantâneos, fatos, imagens, discursos e temperaturas que a história, o jornalismo e mesmo o romance de ficção não conseguem.

Se você pudesse indicar três livros essenciais para conhecer a literatura brasileira, quais seriam eles?
“Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, “Recordações do Escrivão Isaías Caminha”, de Lima Barreto, e “Angústia”, de Graciliano Ramos.

Reprodução

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