Editora pede desculpas e retira livro criticado por romantizar escravidão

Obra gerou indignação nas redes sociais por causa de trecho em que crianças escravas brincam de "escravos de Jó" e de "pular corrente"

Ranyelle Andrade
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O livro infantil Abecê da Liberdade, publicado pela Companhia das Letras, foi alvo de críticas por causa de um trecho que romantiza a migração de crianças africanas para o Brasil em um navio negreiro, durante o período da escravidão, além da forma fantasiosa com que retrata a vida do abolicionista brasileiro Luiz Gama.

“Eu, a Getulina e as outras crianças estávamos tristes no começo, mas depois fomos conversando, daí passamos a brincar de pega-pega, esconde-esconde, escravos de Jó (o que é bem engraçado, porque nós éramos escravos de verdade), e até pulamos corda, ou melhor, corrente”, diz um dos passagens narrada por Luiz Gama — considerada uma das mais polêmicas da obra.

Após a repercussão negativa, a editora se pronunciou pedindo desculpas aos leitores.

“Nós erramos. Assumimos totalmente nossa falha em ter mantido no catálogo a obra Abecê da Liberdade. Estamos encaminhando um projeto para que todo o catálogo infantojuvenil seja lido por grupos de profissionais dedicados à análise sensível. Também estamos reforçando nossas ações de compromisso com a pauta antirracista e analisando novas iniciativas que possam ser incorporadas ao Grupo Companhia das Letras”, diz uma nota publicada no Instagram da editora nesta sexta-feira (17/9). 

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Ao contrário do que é sugerido por Abecê da Liberdade, Luís Gama não veio da África para o Brasil criança. Ele nasceu na Bahia, filho de uma ex-escrava e de um branco. Ele foi feito escravo depois, aos 10 anos
Companhia das Letras se posicionou, dizendo que já iniciou o recolhimento da obra
Passagem foi bastante criticada nas redes sociais
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No comunicado, a Companhia das Letras também afirma que solicitou o recolhimento imediato dos exemplares à venda. “Abecê da Liberdade tem vários erros históricos e morais, como vocês nos apontaram. Sentimos muito pelo ocorrido e lamentamos profundamente. Quando percebemos o nosso erro grave, imediatamente disparamos o processo de recolhimento dos livros do mercado”, continuou a nota. 

“Seguimos certos de que a atitude antirracista é o caminho correto e continuaremos cotidianamente reafirmando esse valor com nossas publicações. Agradecemos as manifestações vindas do público e da imprensa, que foram fundamentais para nosso processo de amadurecimento. Seguimos sempre abertos para o diálogo. É preciso reconhecer erros e esse foi um erro grave”, conclui o texto.

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