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Clássico modernizado: editora traz contos de Machado de Assis como HQ

Os autores Caeto e Masanori Ninomiya adaptaram três famosos contos da literatura brasileira para os quadrinhos

atualizado

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Três contos de machado
1 de 1 Três contos de machado - Foto: null

Em meio às leituras rápidas e curtas que as telas oferecem atualmente, segundo educadores, é difícil encontrar estudantes que se disponham a ler os densos clássicos da literatura, principalmente as obras brasileiras do período do realismo, ricas em detalhes e com uma linguagem áspera – tais quais as de Machado de Assis.

Para atrair a atenção destes jovens leitores, ou até mesmo surpreender os fãs dos textos originais, editoras têm apostado em um tipo de adaptação de encher os olhos: a quadrinização das obras.

Grandes clássicos, como Grande Sertão: Veredas (João Guimarães Rosa) e 1984 (George Orwell), já tiveram suas narrativas estampadas em histórias em quadrinhos. Agora, chegou a vez de Machado de Assis, grande nome da literatura nacional, ter seus textos transformado em HQs.

Caeto e Masanori Ninomiya são os autores de Três Contos do Machado, livro publicado recentemente pela Editora Miolo Mole. Os contos presentes nos quadrinhos são: A Cartomante, Na Arca e Um apólogo.

“Nós mantivemos o texto original, apenas com alguns cortes, transformando em imagens a parte do texto que descreve pessoas e locais. Achamos que são contos de fácil entendimento para os jovens, uma entrada para a literatura do Machado de Assis”, adianta Caeto.

A expectativa é que o projeto desperte o interesse dos leitores para conhecerem, inclusive, obras machadianas para além das retratadas no livro de HQ.

Três contos do Machado
Três contos do Machado

“A adaptação de obras canônicas para os quadrinhos convida os leitores mais jovens para explorar o universo do autor, no caso, o machadiano, que é cheio de nuances e ambivalências. Se o leitor se identificar em alguma medida, nos personagens ou no contexto, é provável que seu interesse o leve naturalmente até outras obras”, destaca Luana Vignon, que está entre os editores responsáveis pela publicação.

O livro conta com versão acessível para leitores cegos ou atípicos por meio de audiodescrição disponível em link impresso no livro físico.

Ferramenta em sala de aula

A transformação de clássicos literários em quadrinhos pode ajudar, inclusive, o aprendizado em sala de aula. Em entrevista ao Metrópoles, o professor de literatura Luiz Eloá explicou como a adaptação pode atrair os jovens.

“O mundo é corrido, quando vemos um ‘textão’ a tendência é não ler, existem estudos que comprovam isso. Por isso, por exemplo, que o Twitter ganha cada vez mais adeptos. Querendo ou não, os elementos ilustrativos acabam atraindo a atenção das crianças, não apenas do ensino médio, mas até do ensino fundamental”, observa o educador do Colégio Objetivo DF.

Luiz revelou que já trabalhou com um quadrinho do mesmo teor em sala de aula e a aceitação da classe ao conteúdo foi unânime. De acordo com o professor, muitas vezes o primeiro contato do jovem com uma obra literária se dá com a leitura do livro adaptado em quadrinhos.

“A história se torna mais atrativa. Uma coisa é o texto cru, sem nenhuma figura. Para introduzir clássicos, como Machado de Assis que é de difícil compreensão por conta da linguagem do autor, acaba traduzindo e gerando uma aceitação melhor por parte do aluno. Une o lúdico à tarefa”, observa.

O professor acredita, inclusive, que daqui há um tempo a literatura em quadrinhos pode ser uma das obras obrigatórias de importantes provas seletivas para universidades federais, como as avaliações aplicadas no Programa de Avaliação Seriada (PAS) para a Universidade de Brasília (UnB).

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