“Uma viagem ao meu lado sombrio”, diz Edoardo Pesce sobre Dogman
Ator italiano passou pelo Brasil a bordo da 8 ½ Festa do Cinema Italiano, que reúne onze filmes recentes do país até 8 de agosto
atualizado
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Estrela de dois dos onze filmes reunidos na 8 ½ Festa do Cinema Italiano (de 2 a 8 de agosto), o ator Edoardo Pesce passou pelo Brasil a bordo da mostra, uma tomada de pulso da recente produção cinematográfica do país. Em entrevista ao Metrópoles, o intérprete detalhou os personagens rudes e violentos vividos nos longas Dogman e Fortunata, atrações do festival.
Inspirado no delito de Canaro della Magliana, como ficou conhecido o assassinato do ex-boxeador amador Giancarlo Ricci, em 1988, Dogman narra uma amizade abusiva na periferia de Roma. Simone (Pesce) amedronta qualquer um com seus surtos de brutalidade. Quem mais sofre com a proximidade dele é Marcello (Marcello Fonte), dono de um petshop.
Leia entrevista com o ator italiano Edoardo Pesce:
Você atuou em vários filmes premiados em Cannes. É bom o momento atual vivido pelo cinema italiano?
Penso que é muito bom. De uns três, quatro anos para cá há mais atenção para a qualidade e continuidade. As instituições públicas têm dado mais atenção aos filmes.
Seus personagens em Dogman e Fortunata são homens agressivos. Que tipo de preparo mental e físico você precisa ter antes das filmagens?
Foi uma viagem ao meu lado sombrio. Foi muito bom para mim. Nunca julgo os personagens. No filme do (Matteo) Garrone (Dogman), começamos a trabalhar o personagem fisicamente, o seu exterior. No set, propus ao Matteo algo como o De Niro em Frankenstein de Mary Shelley (1994). Como um monstro. Mas percebemos que tinha ficado muito obtuso.
Começamos a trabalhar com o personagem com o Marcello nos ensaios e chegamos ao ponto que você pode ver no filme. Simone é como um garoto brigão e perigoso, um personagem tão imprevisível quanto um tubarão. Você nunca entende o que de fato ele está fazendo na comunidade. Ele não consegue ter ideia do que vai acontecer ou fazer nos próximos cinco minutos.
Você já trabalhou com diversos nomes do cinema contemporâneo italiano, como Garrone e Stefano Sollima (na série Romanzo Criminale). Com quais outros cineastas você teria interesse em trabalhar?
Foi muito bom com o Garrone. Gostaria de trabalhar com Paolo Virzi, Sollima, é claro. (Nicolas Winding) Refn, (Darren) Aronofsky, se eu puder. E também (Pablo) Larraín.
Além do cinema, você já fez vários trabalhos para a TV. Esse cenário vem mudando mundialmente bastante com o mercado de streaming. Tem sentido isso na produção italiana?
Sim. Vejo que isso tem sido muito bom para os atores. Essas mídias nascem em uma nova plataforma e estão atrás de novos conteúdos. Mas acho que também precisamos respeitar o cinema e a TV tradicional, que são outras maneiras e formas de expressão.
Depois de Dogman e Fortunata, em quais projetos está envolvido atualmente?
Acabei de terminar um filme com o Fulvio Risuleo, um diretor italiano muito jovem, de 27 anos. Fiz um curta com ele que ganhou o prêmio da Semana da Crítica em Cannes, chamado Varicella (2015). Agora fizemos um longa. Acho que vai ser bem interessante. O título de trabalho era Dogsitter, mas talvez seja mudado por causa da semelhança com Dogman.