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Sicario, de Denis Villeneuve

Em Sicario, música e fotografia causam agonia, enfatizando que coisas terríveis podem acontecer a qualquer momento (4 estrelas)

atualizado

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Festival de Cannes/Divulgação
Main Sicario
1 de 1 Main Sicario - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

Além da famosa “guerra ao terror”, que os Estados Unidos travam desde 2001, uma outra frente de batalha, mais difícil e com maiores consequencias é travada em suas fronteiras. Em 1971, trinta anos antes dos ataques às torres gêmeas, o presidente Richard Nixon declarou “guerra às drogas”. Desde então a luta é travada—sem trégua, sem dó e, para muitos, sem progresso.

Sicario, novo filme do diretor canadense Denis Villeneuve, explora os esforços de um esquadrão secreto de agentes americanos para combater o narcotráfico na fronteira entre EUA e México. Emily Blunt, vivendo a agente do FBI Kate Macer, é nossa porta de entrada para esse mundo. Após uma operação em que dezenas de corpos são encontrados numa residencia suburbana, Macer é convocada para uma reunião com Matt Graver (Josh Brolin), o responsável pela força-tarefa.

Ter uma protagonista novata que é logo convocada para uma missão é uma velha tática de roteiro: tudo que tem de se explicar ao espectador é explicado à novata, fingindo assim que estas informações aparecem de forma orgânica na narrativa. Mas no roteiro de Taylor Sheridan essa escolha forma uma metáfora um pouco mais abrangente. Kate é a visão do espectador, mas ela não irá apenas aprender como funciona esta força-tarefa, ela vai também descobrir que todo seu conceito sobre a guerra às drogas é simples demais.

“Nada fará sentido aos seus ouvidos americanos, e você duvidará de tudo que faremos aqui,” lhe diz Alejandro (Benicio del Toro), o único membro Mexicano da equipe. Ele pode muito bem estar falando com Kate, mas a mensagem também é para o espectador, a quem não resta opção senão seguir os percalços labirintescos da jornada. Villeneuve guia com maestria, especialmente na sequencia de ação que com certeza será a mais citada do filme: o esquadrão sitiado no meio de um engarrafamento na fronteira com o México. Escoltando um prisioneiro, para uma cadeia em solo americano, a paranoia e a tensão toma conta dos que temem cair numa tocaia.

As atuações são impecáveis, especialmente o trio Blunt, Brolin e Del Toro, portanto seus fãs terão um prato cheio. O roteiro, porém, prefere navegar e explicar os rumos desta guerra do que dar a devida importancia aos seus personagens. O personagem de Del Toro é quem mais esconde cartas na manga e Blunt, que navega os caminhos tortos deste mundo masculino, chega a evocar Jodie Foster em O Silêncio dos Inocentes, forçada a se virar entre a burocracia masculina do FBI e a mente de Hannibal Lecter, mas, no final das contas, permanece como passageira em vez de agente.

O filme merece ser visto pela mão de Villeneuve, mestre contemporâneo em causar desconcerto e temor. Em Sicario, música e fotografia causam agonia, enfatizando que coisas terríveis podem acontecer a qualquer momento. A guerra às drogas certifica que, de fato, elas acontecerão.

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