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Raquel 1:1 chega ao cinemas com enredo sobre religião e misoginia

Filme narra a história de Raquel, uma jovem que questiona o tratamento recebido pelas mulheres na bíblia e vira alvo de ataques

atualizado

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Divulgação
Raquel 1:1
1 de 1 Raquel 1:1 - Foto: Divulgação

Depois de estrear SXSW 2022 e ser aclamado em festivais dentro e fora do país, Raquel 1:1 chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (23/3), pela O2 Play. Com enredo baseado em misoginia e fanatismo religioso, o longa dirigido e roteirizado por Mariana Bastos, conta a história de uma jovem que questionou passagens bíblicas e acabou perseguida pela igreja. Uma ficção com ares de suspense real, que faz refletir sobre a escalada do conservadorismo e da violência no país.

Em entrevista ao Metrópoles, Mariana conta que o roteiro de Raquel nasceu do desejo de construir uma narrativa sobre religião. Ao mergulhar no universo de várias delas, a estreante na direção decidiu abordar a que mais cresce no Brasil atualmente: a doutrina evangélica.

“Nunca fui uma pessoa de dogmas, minha família não me levava a igreja. Para entrar no universo do filme, tive que me aprofundar. Frequentei esses espaços, estudei muito a respeito, vivi situações semelhantes às do filme, conversei com muitas pessoas” conta a estreante na direção.

“Entrei de cabeça em contato com um mundo que era novo pra mim e, depois de criado o roteiro, contamos também com a consultoria do Pastor Henrique Vieira“, acrescenta.

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Logo nos primeiros contatos com a bíblia, Marina se surpreendeu com a forma em que as mulheres são retratadas. “Foi o ponto de partida para o que acabou vindo depois, que era propor uma reflexão sobre a violência contra a mulher dessa perspectiva. Muitas pessoas questionam isso inclusive dentro das igrejas”, afirmou. 

Além de ser o único filme brasileiro no South by Southwest (SXSW) 2022, um dos maiores festivais de cinema, música e tecnologia do mundo, Raquel 1:1 fez parte do 37º Festival Internacional de Guadalajara, no México, como um dos longas que representaram o Brasil na Competição Oficial de Longas-Metragens Ibero-Americanos. No último ano, a produção também esteve presente em festivais de Portugal, Alemanha, Itália e outros países.

Em um momento da indústria cultural em que várias obras que dialogam com a religião são lançadas, a cineasta credita o destaque de Raquel 1:1 ao “cruzamento do tema principal com a questão da violência contra a mulher e da proposição de reflexões em cima disso”. 

Questionada sobre a possibilidade de ser alvo de ataques intolerantes por causa das críticas contidas na produção, Mariana afirma que o filme não desrespeita a fé de ninguém. 

“Estamos falando de um país muito religioso, que tem os ensinamentos de Jesus como uma grande referência, mas que, ao mesmo tempo, é muito violento com as mulheres. Quisemos discutir sobre ideias que colaboram para sustentar a misoginia, sobre os riscos do extremismo, mas ninguém é obrigado a concordar com a nossa perspectiva. Não tivemos o objetivo de fazer comédia através da fé, nosso intuito é fazer pensar”. 

“Um dos papéis mais densos da minha carreira”

Protagonista da trama, Valentina Herszage coloca Raquel no topo maiores desafios de sua carreira. “É com certeza um dos papéis mais densos da minha vida”, disse, em entrevista ao portal.

“Cada personagem tem uma demanda diferente, mesmo que seja um filme dramático, onde a personagem vive uma tragédia, ou uma comédia. Cada universo é muito particular. Eu tive uma preparação com a Nana Yazbek: estudamos muito o roteiro, fizemos exercícios de improvisos e para construir relações com os outros atores do elenco, construímos cenas que estavam no roteiro para criar memória”, afirmou. 

Assim como a diretora, Valentina acredita que o longa será bem recebido nos cinemas brasileiros.  “Precisamos sempre discutir o papel da mulher, como ela é representada e os simbolismos. Raquel 1:1 é um filme que abre brechas para pensamentos – e não ataca nenhum tipo de crença, pelo contrário. Para mim, fazer parte de uma produção provocativa e desafiadora, que abre discussões, é a função do cinema. Então, estou pronta e muito animada para ver o que o público vai tirar do filme.

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