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La Tête Haute, de Emmanuelle Bercot

A adolescência é uma luta constante, mas que vale a pena. (*** estrelas)

atualizado

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Divulgação/Festival de Cannes
LA TÊTE HAUTE de Emmanielle BercotLES FILMS DU KIOSQUE
1 de 1 LA TÊTE HAUTE de Emmanielle BercotLES FILMS DU KIOSQUE - Foto: Divulgação/Festival de Cannes

Pela primeira vez desde 2005, um filme francês abre o festival de cinema mais prestigiado da Europa. Talvez seja uma resposta à péssima recepção que teve Grace of Monaco em 2014—último exemplar da maré inconsistente de super-produções hollywoodianas como Robin Hood, O Código Da Vinci e O Grande Gatsby—uma certa busca por um retorno à pureza. Afinal, La Tête Haute é um drama socio-político tipicamente francês.

O estreante Rod Paradot vive Malony, desde pequeno tendo de lidar com as secretarias francesas de assistência social. Sua mãe é um desastre e não consegue criar o menino. Catherine Deneuve vive a juíza que acompanha Malony da infância à adolescência. Condenado por roubo de carros, o jovem explosivo é mandado para um reformatório campestre.

Este não é um filme pessimista, embora nele haja muita dificuldade e muitas decepções. Malony parece aprender uma lição, mas minutos depois explode com violência brutal. Assistí-lo é esperar um gatilho ser disparado, cada cena tem o potencial tanto para a tragédia quanto para o alívio. Esta é a vantagem narrativa que a diretora Emmanuelle Bercot carrega sempre na manga—a imprevisibilidade de seu personagem principal, capaz de cometer atos terríveis sem consciência.

Outros filmes recentes de Cannes, como O Garoto da Bicicleta, dos irmãos Dardennes ou mesmo Mommy, de Xavier Dolan, ambos com tons mais ambíguous quanto aos seus protagonistas. São crianças e adolescentes cujos impulsos psicológicos e temperamentais os imprisionarão pra sempre.

Porém, enquanto Malony parece destinado à autodestruição, o estado não desiste dele. Além da juíza, Malony conta também com Yann (Benoît Magimel), outro assistente social cuja adolescência foi parecida. Yann conseguiu superar suas dificuldades e o filme insiste que Malony também conseguirá. Todos os envolvidos tem momentos em que duvidam de si mesmos, mas todos decidem continuar tentando. Aqui está o otimismo do filme, na superação de dificuldades. É uma luta constante, mas que vale a pena.

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