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Crítica: “Lolo — O Filho da Minha Namorada” tem humor direto e cínico

Diretora elegante e discreta, a atriz Julie Delpie está bem despojada e à vontade como uma mulher quase cinquentona em busca da felicidade em plena maturidade

atualizado

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lolo o filho da minha namorada
1 de 1 lolo o filho da minha namorada - Foto: Divulgação

Conhecida do grande público pela trilogia romântica que desenvolveu ao lado de Ethan Hawke nos tocantes, “Antes do Amanhecer” (1995), “Depois do Pôr-do-Sol” 2004 e “Antes da Meia-Noite” 2013, a francesa Julie Delpy tem uma carreira consagrada como roteirista e diretora. Atrás das câmeras já são quase 10 filmes. A comédia “Lolo – O Filho da Namorada” é o mais recente trabalho da cineasta.

Na trama, ela é Violette, editora de moda bem-sucedida em crise amorosa já faz algum tempo. O problema, segundo argumenta com as amigas, é que não leva jeito para ter uma vida a dois. Até esbarrar um dia com o desajeitado Jean-René (Danny Boon), um analista de sistemas meio cafona, mas carinhoso e sensível. Ele se acha feio e inferior socialmente a ela, mas Violette gamou no seu jeito ingênuo de rapaz do interior.

“Os burros são bons na cama”, cochicha uma amiga maledicente.

Mas Violette não mora sozinha. Divide em Paris o apartamento com Lolo, o filho adolescente que ela insiste em tratar como seu bebê, à revelia dos 19 anos que ele tem. Logo ele conhece o novo namorado da mãe e o clima de leve amizade entre os dois no início descamba para uma rivalidade velada. O pano de fundo, claro, é o ciúme. Enfim, a eterna guerra silenciosa dos machos. É preciso demarcar o território.

Perverso e cruel em sua arrogância juvenil, Lolo vai fazer de tudo para destruir esse relacionamento que, finalmente, parece agora ser o ideal para sua mãe. Assim, o tempo todo, estará tramando vilanias contra seu “algoz”, colocando-o em situações embaraçosas e humilhantes com a mãe e os amigos delas.

Estilo elegante e discreto
O estilo de Julie Delpy como diretora e roteirista é semelhante ao de sua carreira como atriz. Ou seja, é elegante e discreto, mesmo com seu humor direto e cínico. Aqui, ela está bem despojada e à vontade como uma mulher quase cinquentona em busca da felicidade em plena maturidade. Mas essa conquista só será alcançada se ela passar por cima do próprio filho. Basta tirar o véu da corujice que a deixa cega para enxergar suas maldades sádicas.

Uma das grandes revelações do cinema francês desde Louis Garrel, o jovem Vincent Lacoste — já com várias indicações ao César (o Oscar francês) — segura bem a trama na pele de um jovem sociopata minimalista. Aqui ele é o pivô dessa versão moderna de Complexo de Édipo, na figura de um filho demente que não quer ver a mãe ao lado de outro homem que não seja ele.

Tudo bem, talvez falte um pouco de humor negro nessa história de uma família em (des) construção, tema também abordado de forma diferente pela diretora/atriz em “O Verão do Skylab” (2011). Mas daí “Lolo – O Filho da Minha Namorada” degringolaria para a crueldade over e talvez essa não fosse a proposta ou intenção de Julie Delpy, que apostou numa pegada mais divertida e leve sobre o conflito de relações. No cinema, às vezes menos é mais.

Cotação: Bom

Veja salas e horários de “Lolo – O Filho da Namorada”

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