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Crítica: “Jogo do Dinheiro” mostra um dia de fúria em Wall Street

Dirigido por Jodie Foster, filme traz Julia Roberts e George Clooney num suspense envolvendo um homem endividado buscando explicações para a suposta fraude de uma firma de investimentos

atualizado

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Sony Pictures/Divulgação
Jogo do Dinheiro
1 de 1 Jogo do Dinheiro - Foto: Sony Pictures/Divulgação

Estrela de grandes filmes como “O Silêncio dos Inocentes” (1991) e “Contato” (1997), Jodie Foster vez ou outra assina seus próprios trabalhos. Todo o talento que ela tem como atriz, infelizmente, não é automaticamente transferido para os longas que comanda. Em “Jogo do Dinheiro”, quarta experiência na direção, ela critica o capitalismo e comenta a crise econômica por meio de uma história de sequestro.

Com um humor vacilante, Jodie tenta satirizar a hiperbólica e fraudulenta indústria de ações sediada em Wall Street. Mas o roteiro calculado para moralizar os personagens ricos (e, logo, “ruins”) e as irregulares passagens humanistas podem frustrar quem procura algo nos moldes de “A Grande Aposta”, uma interessante fábula tão realista quanto absurda sobre a crise econômica de 2008.

Disfarçado de entregador, Kyle Budwell (Jack O’Connell) entra no estúdio do programa “Money Monster” (título original do filme), comandado pelo figurão Lee Gates (George Clooney). O show usa palhaçadas e dancinhas para falar de coisas sérias e chatas, como investimentos e bolsa de valores. O assunto da atual edição é uma suposta pane que “sumiu” com US$ 800 milhões da firma de Walt Camby (Dominic West). Kyle é apenas um dos milhares de prejudicados.

“Um Dia de Cão” versão cartum
Quando o tal entregador aponta uma arma para Lee e exige explicações sobre o desaparecimento do dinheiro que investiu na empresa, a produtora Patty Fenn (Julia Roberts) é obrigada a fazer jornalismo de verdade. Ela instrui os câmeras e murmura orientações no ponto eletrônico de Lee como se este fosse apenas mais um dia de trabalho.

Lá fora, milhares param o que estão fazendo para acompanhar pela TV a fúria de um homem comum contra todo um sistema financeiro construído sobre falhas convenientes, manipulação midiática e especulação econômica com o dinheiro dos trabalhadores.

Jodie parece bastante preocupada em fazer com que o público realmente se importe com o drama de Kyle, mas derrapa num hiper-realismo ingênuo, incapaz de sequer dar motivos reais às ações do invasor. As várias camadas de humor também soam no mínimo fora de lugar e sintonia.

Jodie almeja levar os nervos de “Um Dia de Cão” (1975) para os tempos atuais de desemprego e descrença no capitalismo. O resultado é apenas um cartum que provoca riso e reflexão moderados.

Avaliação: Regular

Veja horários e salas de “Jogo do Dinheiro”.

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