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Crítica: “Herança de Sangue” traz Mel Gibson como pai justiceiro

Filme de Jean-François Richet acompanha a jornada de um ex-presidiário que tenta livrar a filha da violência de um cartel mexicano

atualizado

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California Filmes/Divulgação
Herança de Sangue
1 de 1 Herança de Sangue - Foto: California Filmes/Divulgação

Não se meta com Mel Gibson, do contrário sua vida vai virar um inferno. Embalado pelo signo do caos e da vingança, mais uma vez o ator ícone da franquia de sucesso “Mad Max” volta à baila na figura de um justiceiro às vessas, aqui como um pai desajustado tentando proteger a filha igualmente sem rumo na vida no drama de aventura e suspense “Herança de Sangue”. Dirigido pelo francês Jean-François Richet (“Assalto à 13ª DP”), o filme é quebradeira pura.

A cena de abertura tem um gosto de amarga redenção pessoal. Mostra o personagem John Link numa sessão de Alcóolatras Anônimos zombando da própria sorte. “Sou uma história de sucesso”, diz seu personagem, fazendo sombra ao passado de celebridade bêbada que chegou a ser detida em 2006, dirigindo embriagado. “Não bebo há dois anos”, emenda.

Há nove anos fora da cadeia, tudo o que ele quer é levar uma vida normal como tatuador em seu solitário trailer matusquela de beira de estrada – que ele chama de “Elo Perdido” -, enquanto tenta esquecer um passado como assassino, traficante e pai negligente. Aliás, um dos acertos de contas que precisa fazer, é restaurar os laços afetivos com a filha (Erin Moriarty) que não vê desde que ela “desapareceu” quando pequena.

Agora uma adolescente independente e boca suja, ela está envolvida com traficantes mexicanos barra pesada e se dá mal feio quando, por acidente, quase mata o violento namorado (Diego Luna) numa ação criminosa. Jurada de morte é perseguida implacavelmente e, para não morrer, engole o orgulho e pede ajuda ao pai, que prefere quebrar a condicional, claro, ao deixar que selvagens “chicanos” arranhe sua princesa.

“Ela é o dia de sorte de todo fracassado”, desabafa ele em elogio desesperado a um amigo por telefone, enquanto cruza o país fugindo do perigo.

Filme marca volta de Gibson à cena cinematográfica
Com sua trama fulminante e explosiva, “Herança de Sangue” marca as pazes de Mel Gibson com a indústria do cinema após 10 amargos anos de ostracismo e castigo. Foi o preço que teve que pagar por uma fase cheia de confusões com autoridades e violência doméstica, mas tudo agora é poeira do passado. Tanto que até assina a direção de um drama de guerra que deve estrear no Brasil no final deste ano chamado “Hacksaw Ridge”.

Aqui o ator esquenta a trilha para um regresso de sucesso em Hollywood num thriller de perseguição ágil e violência marcante. Recicla o velho plot de tramas como “Máquina Mortífera”, mas desta vez do outro lado do sistema. Aos 60 anos, sem medo de expor os vincos do tempo, Mel Gibson circula em cena com uma barba grisalha mal cuidada e tatuagens de quilos pelo corpo. É fora da lei em nome da vingança buscando fazer o bem numa diversão cinematográfica que esbarra nos clichês e obviedades maniqueístas do gênero, claro, mas e daí?

Não é todo dia que o cinema de espetáculo exibe com honestidade autêntica os conflitos hede um herói errante.

Avaliação: Regular

Veja horários e salas de “Herança de Sangue”.

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