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Crítica: divertido Hotel Artemis mescla estilos e tem boas atuações

Uma distopia passada em um único cenário: o desafio de misturar gêneros dá bastante certo no longa com Jodie Foster e Jeff Goldblum

atualizado

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The Ink Factory/Divulgação
Hotel Artemis
1 de 1 Hotel Artemis - Foto: The Ink Factory/Divulgação

Em uma Los Angeles distópica, o governo corta o suprimento de água da população e uma revolta se desenrola noite adentro. Enquanto isso, no Hotel Artemis, um hospital clandestino para criminosos, a Enfermeira (Jodie Foster) cuida de quatro pacientes enquanto aguarda a chegada o último, o chefão do crime e proprietário do estabelecimento, Rei Lobo (Jeff Goldblum).

A premissa é corajosa: combinar distopia com narrativa de cenário único. A partir do momento em que o ladrão de bancos Waikiki (Sterling K.Brown) leva seu irmão Honolulu (Brian Tyree Henry) para o Hotel Artemis, a história se concentra na cobertura do velho prédio onde foi instalado o hospital. Embora tenhamos relances dos acontecimentos do lado de fora, o interesse está ali, naquelas cinco suítes.

É curioso notar como a direção de arte é cuidadosa ao dar o tom futurista: embora alguns objetos que aparecem em tela não são facilmente reconhecíveis pelo espectador, a maioria evoca familiaridade, sem deixar o aspecto tecnológico de lado. Assim, o ambiente imaginado pelo roteirista e diretor Drew Pearce é repleto de telas, celulares minúsculos comandados por voz e impressoras digitais. A distopia moderna se concentra na falta d’água e no excesso de armas de fogo, conceitos que conseguimos absorver em contraponto com nossa própria realidade.

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Apesar da riqueza de detalhes, o melhor do filme são as pessoas. É delicioso ver uma geração de atores consolidados na indústria, como Foster e Goldblum, contracenar com novas promessas como Brown e Zachary Quinto. As outras duas personagens femininas, Nice (Sofia Boutella) e Morgan (Jenny Slate), são dois lados da mesma moeda: a assassina particular e a policial dão cor à narrativa. Uma performance mediana é a de Dave Bautista que, na pele de Everest, mais parece uma reprise do Drax de Guardiões da Galáxia (2014).

Com um roteiro intrigante e uma dinâmica que, obrigatoriamente, lembra uma peça de teatro, o filme se baseia firmemente no trabalho de seu elenco. A coisa vai bem até o ato final: a decisão de dois personagens de se sacrificar pelos outros não apresenta qualquer motivação lógica, tendo em vista que todos poderiam ter fugido juntos. Ainda assim, o filme merece seu mérito por se comprometer tão ferozmente aos dois estilos, com diálogos divertidos e personagens cativantes.

Avaliação: Bom

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