metropoles.com

Análise: Capitã Marvel e o amor libertador entre mulheres

Com um tom bem mais sério que os outros longas do universo expandido, o filme traz reflexões importantes sobre a mulher que se reconstrói

atualizado

Compartilhar notícia

Marvel/Disney/Divulgação
capitã marvel brie larson
1 de 1 capitã marvel brie larson - Foto: Marvel/Disney/Divulgação

Com quase dois anos de atraso em relação à concorrente DC Comics, o primeiro filme de heroína da Marvel rompeu não só com alguns vícios narrativos do MCU – para uma produção da editora, Capitã Marvel é um pouco séria demais – como também com uma série de padrões de representatividade da mulher dentro do audiovisual.

A heroína está quase sempre de cara fechada e muito dificilmente dá meios sorrisos. Em certo momento do filme, um homem a assedia, pedindo que sorria para ficar mais bonita (quem não ouviu essa na rua?). A seriedade da personagem não é à toa: a Capitã Marvel não vai mudar as próprias expressões e comportamento para agradar ao público masculino. Eles precisam se acostumar com uma heroína tão turrona quanto Hulk, Wolverine e Batman.

O longa passa com facilidade no Teste de Bechdel: as relações mais importantes dessa história são entre mulheres. Queerbaiting ou não, o fato é que o relacionamento mais significativo da vida de Carol Danvers (Brie Larson) é sua amiga Maria Rambeau (Lashana Lynch). Mar-Vell, a entidade extraterrestre que guiou a heroína nos quadrinhos (e que tinha um relacionamento amoroso com ela nas HQs) era originalmente um homem, mas a produção decidiu escalar Annette Bening. Nada mais justo: a pessoa mais admirada por Carol é uma competente e pacifista piloto da Força Aérea Americana.

 

Para entender a importância desses relacionamentos, é preciso rever a trajetória de Carol – e a partir de agora, com licença, teremos spoilers. A jovem piloto levava uma vida feliz em seu trabalho: ao lado da melhor amiga, queria chegar “mais alto, mais adiante, mais rápido”. Depois de sofrer um acidente e ser exposta a energia nuclear alienígena, ela perde a memória e ganha superpoderes. A jovem se torna Vers, uma soldado Kree treinada por Yon-Rogg (Jude Law).

Por mais que a vida de Vers pareça ser mais empolgante que a de Carol – ela tem superpoderes, viaja entre galáxias e evolui enquanto guerreira –, a personagem é constantemente tolhida por Yon-Rogg. O líder, em vez de estimular a pupila a compreender plenamente os próprios poderes, instala em seu pescoço um aparato destinado a reduzir suas capacidades mágicas e a reprime quando ela se irrita e o ataca com mais força durante um treinamento.

 

Se a heroína aparenta estar procurando a própria identidade – afinal, ela perdeu todas as memórias de Carol Danvers –, esta busca diz respeito, sobretudo, ao relacionamento abusivo estabelecido entre Vers e Yon-Rogg. O instrutor não só a impede de viver completamente suas capacidades físicas e mentais como também é o responsável pela sua perda de memória. Como muitas mulheres sabem, sair de uma situação assim é difícil justamente pela necessidade de se ressignificar cada aspecto da própria vida.

A caminhada de Vers para se tornar Carol novamente só se inicia no reencontro com Maria. Capitã Marvel bate na mesma tecla de filmes como Valente (2012), Frozen (2013) e Malévola (2014): o amor entre mulheres, independentemente do tipo de relação afetiva estabelecida, liberta. E quer pessoa mais poderosa que uma mulher livre?

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comEntretenimento

Você quer ficar por dentro das notícias de entretenimento mais importantes e receber notificações em tempo real?