metropoles.com

Batalhas de MCs tornam-se meio de expressão de jovens em todo o DF

De segunda a segunda, em cada região administrativa, há um evento ocupando áreas urbanas com cultura, música, hip-hop e poesia

atualizado

Compartilhar notícia

Reprodução/Facebook
Batalha do Relógio
1 de 1 Batalha do Relógio - Foto: Reprodução/Facebook

“Quem gostou faz barulho e põe a mão pro alto!”. Da arena ecoam os gritos e as palmas que saúdam aqueles que acabaram de se apresentar. Criatividade, raciocínio rápido, muito estudo, arte e poesia são essenciais para os rappers que participam das batalhas de MCs. O movimento que integra a cena do hip-hop começou no início dos anos 2000 e se alastrou por várias regiões administrativas e no Plano Piloto.

As batalhas de rimas são eventos independentes que surgem como um movimento da juventude para exprimir suas ideias. Assemelham-se muito ao tradicional duelo de repentistas originários do Nordeste, onde dois rimadores se enfrentam e ganha quem conquistar mais a plateia. A batalha Rima Forte é considerada a mais antiga do DF, nascida em 2001.

De conhecimento e de sangue
As batalhas se dividem em duas categorias: as de conhecimento são baseadas em temas sociais, políticos ou de entretenimento sugeridos pela plateia. Já as de sangue são aquelas cujo objetivo é a humilhação do adversário. “Os MCs trocam ofensas, mas no fim todos são amigos”, explica Fernando Ribeiro, o MC Biro Biro, organizador da Batalha do Neurônio.

Mais de 20 batalhas de rimas acontecem de segunda a segunda em diversos pontos do DF e entorno. Segundo Biro Biro, além de permitir a uma parcela da juventude ocupar espaços públicos com cultura, esses eventos são uma maneira de auto-afirmação dos participantes. “Nas batalhas de conhecimento, falamos das mazelas sociais, racismo, violência, ataque às mulheres, movimento LGBT e muita cultura.”

Foto: Isis Aisha
Na Batalha das Gurias qualquer garota pode se inscrever e participar


O poder das meninas

Em meio a um cenário cercado por homens, a Batalha da Gurias (BDG) surgiu em 2013, promovida pelas rappers Dihéssika Wendy e Amorin. A intenção era juntar o público feminino que não tem espaço e fazer uma batalha de rap sem nenhum homem envolvido.

Dihéssika Wendy conta que o movimento hip-hop tem público masculino e feminino, mas muitas mulheres não se sentem à vontade de fazer parte dessa cena, pela questão do machismo. Por isso, a Batalha das Gurias também é uma forma de empoderamento da mulher e de ocupação dos espaços urbanos pelas jovens.

Foto: Valéria Carvalho
A Batalha da Escada costuma reunir de 150 a 300 pessoas todas as quartas, na UnB


Na UnB e em Samambaia

Uma das batalhas mais novas da cidade é também a mais lotada. A Batalha da Escada, realizada no campus da Universidade de Brasília (UnB) costuma reunir de 150 a 300 pessoas. Para Rafael Montenegro, o MC Stroga, a universidade é um ambiente diferente por lidar com estudos acadêmicos e questões sociais. “Na UnB a gente tem um público mais jovem com muito conhecimento e preocupação social, por isso o nível das rimas é muito elevado e ninguém aceita preconceito.”

Rafael Félix, MC Singelo, um dos organizadores da batalha Samamba Street, na estação de metrô Furnas, em Samambaia, ressalta a importância da literatura e dos estudos para um bom rapper. Se antigamente a cultura hip-hop era tida como uma subcultura e sinônimo de bandidagem, hoje tem status e atinge outras classes sociais.

“Para ser um bom MC, a pessoa precisa estudar, ler bastante. Quando se está rimando, é exigido muito conhecimento e a pessoa precisa saber o que está acontecendo no mundo. Então, busca ficar integrado com as notícias, a política e os processos do país”, diz Singelo.



Ponto de união

Mas não apenas a música integra as batalhas de rimas. Esse movimento tem nuances que influenciam em vários aspectos a vida dos participantes. A filosofia escolhida pelo ciclo de batalhas fortalece vínculos e procura incentivar a ajuda entre os participantes..

A Batalha do Neurônio fortalece, por exemplo, o projeto Espalhe Palavras, que visa facilitar acesso à literatura e à poesia com arrecadação de livros e gibis para moradores de rua e creche carentes. A instituição mais beneficiada é a Creche Alecrim, na Cidade Estrutural. “Queremos fazer a diferença. É um rap solidário, fazemos festas e eventos esportivos com doações de alimentos não perecíveis e agasalhos”, diz MC Biro Biro.

Confira a programação de algumas das Batalhas de MCs pelo DF:

Segunda
– Batalha da Sequela, às 19h35, na estação Concessionárias (Águas Claras)

Terça
– Batalha Samba Street, às 19h30, estação Furnas (Samambaia)

Quarta
– Batalha da Escada, às 18h, no Teatro de Arena da UnB (Asa Norte)

Quinta
– Batalha do Relógio (foto no alto da página), às 19h, na Praça do Relógio (Taguatinga)
– Batalha do Cine, às 19h30, no Cine Brasilia (106/107 Sul)

Sexta
– Batalha do Cais, às 19h30, no Cais da 216 Norte (final da L4 Norte)

Sábado
– Batalha do Sobrado Figth, às 16h, no Parque Jequitibá (Sobradinho)
– Batalha da Chapa, às 15h30, em frente ao Shopping JK (Taguatinga)

Domingo
– Batalha do Museu, às 16h, na Biblioteca Nacional (Esplanada dos Ministérios, ao lado do Museu Nacional)

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comEntretenimento

Você quer ficar por dentro das notícias de entretenimento mais importantes e receber notificações em tempo real?