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VP da Multiplan sobre operação de shoppings em tempos de Covid-19: “Ambiente controlado”

Em entrevista ao Metrópoles, vice-presidente da Multiplan disse que o setor está preparado para manter clientes seguros durante as compras

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
Prédio de shopping com árvores e palmeiras
1 de 1 Prédio de shopping com árvores e palmeiras - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Manter a economia aquecida e garantir segurança sanitária aos clientes.  Esse é o desafio dos shoppings brasileiros para este fim de ano, época em que as vendas no comércio mais crescem.

Em entrevista ao Metrópoles, o vice-presidente da Multiplan, Vander Giordano, elencou os desafios para o setor no enfrentamento de uma possível segunda onda de Covid-19. A Multiplan é dona de 19 shopping centers em todo o Brasil, incluindo o ParkShopping, no Distrito Federal.

Giordano ainda explicou que a rede, além de ouvir médicos e especialistas, fez a chamada aplicação do teste PCR de superfície em 190 pontos de cada shopping como corrimão, mesa, elevador, duto de saída de ar condicionado – e não foi detectado coronavírus.

Além disso, ele defendeu a ampliação no horário dos shoppings neste fim de ano como forma de reduzir os riscos de aglomeração. “O que temos visto em outros países é que onde houve uma ampliação do horário de funcionamento, houve menos aglomeração. Essa flexibilização dilui o trânsito de pessoas”, explicou.

Confira a entrevista completa:

Como os shoppings vão garantir a segurança sanitária se ocorrer uma segunda onda?

Não vou me ater a questões científicas, porque não tenho conhecimento técnico, mas, desde o início, os shoppings investiram em protocolos de segurança. A Associação Brasileira de Shopping Centers chegou a conversar com gestores do Hospital Sírio Libanês para ter uma visão técnica e eles falaram que os shoppings poderiam, sim, exercer a atividade. Adicionalmente, a Multiplan contratou médicos e profissionais de saúde para termos uma segunda visão. Na medicina isso é muito comum. Para tornar o ambiente ainda mais seguro, fizemos esse movimento e ajustes. E, se você observar, não houve um aumento de número de casos com a volta do comércio. Mas aí começaram as festas particulares e talvez tenha faltado controle nesses casos. Investimos muito em equipamentos de proteção individual, numa maior higienização, no corrimão, nas mesas, nas áreas comuns e em banheiros. Colocamos regras, como uso obrigatório de máscaras, espalhamos dispensers de álcool em gel, purificador de ar, adquirimos medidores de temperatura, etc. Então, é um ambiente controlado, lembrando que as lojas são um segundo ponto de controle. Fora tudo isso, é importante ressaltar que atividades nos shoppings é importante para gerar impostos que são revertidos no próprio sistema de saúde”.

 

Justamente no momento esperado de maior reclusão, vocês sugerem shoppings abertos por mais tempo. Como isso poderia resultar em menos aglomeração?

O que temos visto em outros países é que onde houve uma ampliação do horário de funcionamento, houve menos aglomeração. Essa flexibilização dilui o trânsito de pessoas, o próprio TSE [Tribunal Superior Eleitoral], alongou o horário de votação, porque quando o tempo é dilatado, diminui a quantidade de gente. Nos shoppings, temos três pontos de controle: o estacionamento, a cancela e a entrada das lojas. Por isso, os shoppings são reconhecidos como ambientes seguros e controlados. Além disso, nossa empresa tomou uma medida inédita no Brasil, que foi a aplicação do teste PCR de superfície. Em todas as unidades da rede, em 190 pontos diferentes de cada shopping – como corrimão, mesa, elevador, duto de saída de ar condicionado – não foram detectados coronavírus. Foi uma medida adicional que a empresa tomou”.

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Como foi o desempenho do setor num ano de pandemia?

 

O saldo para o mundo foi negativo e não poderia ser diferente para atividade do comércio. Enfrentamos algo inédito e todos os setores foram afetados. Mesmo a indústria, que manteve sua produção, não conseguia escoar o produto de suas atividades. À medida que houve maior flexibilização dessas atividades, observamos um incremento nas vendas. Um dado curioso é que o tempo dentro dos shoppings diminuiu, antes, a média girava em 1h40 e, hoje, é algo em torno de 50 minutos. A leitura que fazemos é que o ato da compra ficou mais assertivo“.

 E quais as perspectivas para 2021?

 

É difícil falar em expectativa. Em janeiro de 2020, se você olhasse o primeiro trimestre, a economia do Brasil estava voando; qualquer um diria que a expectativa era maravilhosa. Não quero incorrer em nenhum erro, mas diria que, para o ano que vem, a expectativa está ligada à vacina. Acredito que a capacidade de logística e distribuição de cada país vai ditar o ritmo de previsibilidade para a população e também para o setor produtivo”.

Qual o aprendizado para o setor em um ano tão difícil?

Temos que continuar nos cuidando e a população precisa entender que a pandemia não passou. Precisamos, sim, seguir usando máscara e nos protegendo. Nas atividades produtivas, precisamos manter a preocupação e seguir os protocolos sanitários. Vamos nos estruturar mais sem descuidar da economia, que é o que vai dar sustentabilidade para um sistema de saúde melhor. Talvez, depois disso tudo, a humanidade entenda que a solidariedade é o grande aprendizado desta pandemia“.

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