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Vizinhos de mulher que sequestrou bebê estão surpresos com caso

Família vive na rua há quase 40 anos, e a maioria dos moradores evita tocar no assunto

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
HRT – hospital regional de taguatinga
1 de 1 HRT – hospital regional de taguatinga - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

É em uma casa de janelas brancas e muro roxo onde mora Dayane da Fonseca Santos, 23 anos. A residência em Ceilândia abriga a família da sequestradora confessa de Miguel Pietro há três gerações. Conforme vizinhos relataram à reportagem, com a jovem, moram a mãe e o padrasto, a avó, o irmão, filho e sobrinhos.

Reservados, os familiares pouco saem às ruas, mas moram no terreno há quase 40 anos. “Estou aqui desde 1980. Ainda conheci a avó dela jovem. Moram aqui desde que eu cheguei. Sempre nos pareceram muito tranquilos”, disse um comerciante que trabalha próximo à casa de Dayane. Ele não quis se identificar.

Moradores da rua de Dayane contaram à reportagem que desconheciam o fato de a estudante estar grávida. “Eu não soube disso. Sei que ela tem um filho pequeno, mas não sabia que esperava outro”, completou.

Ao Metrópoles, um outro vizinho da jovem afirmou que a rua inteira já sabe do ocorrido. “Os jornais contam tudo, né? A gente sabe que ela sequestrou o menino e está respondendo em liberdade. A gente levou um susto muito grande, foi de repente. Como saio cedo para o trabalho e volto tarde, não sei te descrever como eles são, mas a surpresa foi grande”, disse.

O clima na rua da família é de espanto. A maioria dos moradores evita tocar no assunto. Outros se mostram surpreendidos com a notícia. A reportagem tentou conversar com os familiares e com Dayane, mas foi informada por vizinhos, nesta sexta-feira (28/11/2019), que os parentes não estavam em casa.

O caso

Em depoimento prestado à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Dayane dos Santos, 23 anos, afirmou que a família não sabia que ela tinha perdido o bebê em agosto deste ano e pretendia roubar a criança para encobrir a situação. A ideia do sequestro veio ainda na segunda-feira (25/11/2019).

O sequestro ocorreu às 3h da madrugada de quinta-feira (28/11/2019) no Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Dayane se apresentou à mãe do bebê, Larissa de Almeida Ribeiro, 21, e disse que precisava levar a criança para um exame de glicemia. Quando percebeu que a mulher estava demorando demais, Larissa foi atrás de socorro.

Aos policiais, a suspeita afirmou que chegou a amamentar o recém-nascido. “Ela conta que produziu leite, o que não é nenhum absurdo diante do fato de que estava grávida há pouco tempo”, explicou o delegado Luiz Henrique Dourado Sampaio, da Delegacia de Repressão a Sequestros (DRS).

Aos investigadores, a suspeita afirmou ter passado dois dias apenas observando o movimento na ala da maternidade do hospital. Lá, ela teve acesso a uma lista de gestantes internadas.

“Ela realmente simulou toda a gravidez, criou um ambiente, uma história: simulava contrações, fez enxoval e até pesquisou qual o melhor hospital. A família não sabia do aborto”, continuou Sampaio.

“Estava desde agosto fingindo estar grávida. Não deixava que tocassem em sua barriga e sempre apresentou comportamento arredio.”

O planejamento

“Ao que tudo indica, ela planejou o crime e a execução, mas não soube o que fazer no pós-crime. Se preparou para o antes e não para o depois”, acrescentou.

Dayane encenou o parto. “Ela deve ter se cortado para manchar os panos de sangue, o banheiro estava com sangue e o irmão, apesar de ter estranhado, decidiu chamar os bombeiros”, explicou Sampaio.

Ela havia, inclusive, simulado um acompanhamento médico da criança. “Dayane recebeu um cartão de acompanhamento, mas os médicos viram que era incompatível com a situação dela. Aparentemente, ela perdeu uma menina aos 4 meses de gravidez”. O recém-nascido sequestrado é do sexo masculino e se chama Miguel Pietro.

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