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Passageiros embarcam de máscaras na Rodoviária Interestadual

A rotina no terminal de ônibus com destino a outras unidades da Federação mudou drasticamente por conta do medo de contágio pelo Covid-19

atualizado

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Matheus Garzon/Metrópoles
Passageiros aguardam para embarcar em frente a ônibus verde
1 de 1 Passageiros aguardam para embarcar em frente a ônibus verde - Foto: Matheus Garzon/Metrópoles

Passageiros da Rodoviária Interestadual de Brasília tentam se precaver de todas as formas de um possível contágio pelo novo coronavírus. Confinados em ônibus de janelas vedadas por várias horas, o risco de pegar a doença pelo ar faz com que muitos viajantes optem por colocar máscaras antes do embarque.

É o caso da cuidadora de crianças Francisca de Morais Barros, 43 anos, e o sobrinho dela João Pedro, 12. Os dois viajam para Palmas nesta terça-feira (17/03) e preferiram encarar as 12 horas de estrada protegidos. “Estamos usando por precaução.”

A estadia em Brasília foi rápida. Francisca conta ter chegado nessa terça-feira (17/03) à capital do país. O que mais a surpreendeu foi o preço barato das passagens com destino à capital federal. “Quando fui comprar, me avisaram que estava tudo em promoção. Como aqui tem mais casos do que no Tocantins, ninguém quer vir para cá”, afirma.

Com um estoque de máscaras na bolsa, ela diz ter o suficiente para emergências.

O professor de manejo de fauna da Universidade de Brasília (UnB), Reuber Brandão, 48, é outro que preferiu adotar as máscaras. Com passagem comprada até Lavras (MG), ele se preocupa em ter de ficar 17 horas no ônibus. “Não vou me arriscar em locais que tenham muita gente igual aqui”, conta.

Ele está a caminho de encontrar a esposa, que é professora na Universidade Federal de Lavras (UFLA), e quer ficar mais próximo da família. “Em Minas, tem menos casos, mas, mesmo assim, é bom ficar de olho. Estou com embalagens de álcool em gel aqui para usar durante a viagem”, revela.

Sorte de quem já foi à rodoviária preparado. Na farmácia do local, o álcool em gel acabou no domingo (15/03) e as máscaras, na segunda (16/03). “O povo chega aqui pedindo, mas a gente não tem mais. Nem previsão”, conta uma funcionária.

Segundo ela, só sobrou umas embalagens de álcool 70% líquido e nada mais. “Até a procura por vitamina C e paracetamol aumentou. Muita gente comprando tudo o que pode”, afirma.

Na Rodoviária Interestadual, os cuidados são vários. Nas telas de avisos há informações de como se prevenir do coronavírus e a higienização de cadeiras e mesas ocorre várias vezes.

Funcionários que trabalham em contato direto com passageiros têm usado máscaras e álcool em gel.

Viagens ao Rio de Janeiro

Apesar de o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), ter suspendido por 15 dias a entrada de ônibus interestaduais com origem em unidades federativas com casos confirmados de coronavírus, passagens ainda têm sido vendidas com destino ao estado.

O Decreto nº 46.973, publicado nesta terça-feira (17/03), no Diário Oficial do Rio de Janeiro, reconhece a situação de emergência, mas não especifica quais estados de origem ficam proibidos. O texto ainda estende a restrição para voos e navios.

O que diz a ANTT

Procurada, a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) informou que, no momento, “não suspendeu o serviço de transporte interestadual em nenhuma das rota existentes em âmbito nacional”.

Com relação aos cuidados contra o possível contágio dentro de ônibus, a agência informou que recomenda aos passageiros, entre outras coisas, que estiverem com sintomas de gripe, especialmente com febre, que evitem utilizar o transporte público, fazendo-o somente em estrita necessidade e usando máscaras.

Já as empresas devem manter os ônibus limpos, higienizados e bem-ventilados. Caso algum membro da equipe esteja com os sintomas, deve ser afastado imediatamente de suas funções.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Rodoviária Interestadual de Brasília mas não recebeu resposta até a última atualização deste texto.

Empresas de ônibus foram procuradas para comentar medidas contra o coronavírus, mas nenhuma quis se pronunciar.

A Socicam – empresa pertencente ao Consórcio Novo Terminal –, responsável pela gestão de terminais rodoviários e urbanos, portuários e aeroportos em todo o país, compreende que “o sistema de transporte é a espinha dorsal dos deslocamentos da população. Por isso, em alinhamento às orientações oficiais da Organização Mundial da Saúde (OMS), Ministério da Saúde e Anvisa, adotou uma série de medidas com o intuito de conter a propagação do coronavírus entre colaboradores, clientes e parceiros”.

A empresa ainda adotou medidas para intensificar a higienização das superfícies, e dos pontos de contato frequente, com álcool 70%, como corrimãos, catracas e balcões, além de instalar dispensers de álcool em gel nas áreas de circulação dos terminais.

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