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GDF quer iniciar cobrança de estacionamento público ainda em 2020

O resultado da avaliação dos estudos para implementar a Zona Verde foi publicado no Diário Oficial e será submetido a audiência pública

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
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1 de 1 Rafaela Felicciano/Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A política para implementação de estacionamento pago que promete impactar a vida de milhares de motoristas brasilienses está mais perto de sair do papel. O plano do Governo do Distrito Federal (GDF) é conseguir colocar em prática a cobrança por vagas de automóveis em áreas públicas da região central de Brasília em 2020.

O corpo técnico da Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) fez os estudos de viabilidade para a implementação da Zona Verde. O anúncio do projeto vencedor foi publicado no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) desta quarta-feira (20/11/2019). A empresa Rizzo Parking and Mobility S/A deverá fazer os ajustes demandados pelo governo para que a proposta seja submetida a audiência pública.

O conteúdo do estudo com detalhamentos dos locais da Zona Verde, forma de funcionamento, sugestão de valores a serem cobrados, obrigações com manutenção e investimentos em políticas públicas só será divulgado com o aviso de audiência. A expectativa é de que a população e entidades interessadas comecem a colaborar a partir de janeiro do ano que vem.

O que se sabe, por enquanto, é que o projeto obedece às diretrizes estabelecidas inicialmente pela Semob. A cobrança pelo estacionamento em áreas residenciais do Plano Piloto, por exemplo, permanece. A medida, no entanto, será aplicada somente aos visitantes, ficando os moradores do local isentos de pagamento.

A lista de referência dos locais, por outro lado, não foi seguida à risca por nenhuma das duas empresas que apresentaram as propostas. Os pontos serão definidos na finalização dos estudos, com as avaliações da área técnica do governo.

Ajustes

Um dos ajustes necessários é o detalhamento de áreas que funcionarão com cobranças por diária ou por intervalos de horário, de maneira a permitir rotatividade e não impossibilitar o uso de automóveis para aqueles que necessitem do meio de locomoção. É o que afirma o secretário de Transporte, Valter Casimiro.

“O objetivo é dar oportunidade de estacionamento a quem precisa dele de forma rotativa, conseguindo ter acesso rápido a serviços e comércios. A tendência é de que aqueles que deixam os carros estacionados durante toda a jornada de trabalho passem a optar pelo uso do transporte público, o que irá diminuir o fluxo nas rodovias”, explica o secretário.

A frota atual do DF conta com mais de 1,8 milhão de veículos, sendo que os automóveis representam mais de 70% desse número – 1,2 milhão, segundo o último levantamento do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF). A área central de Brasília dispõe de 80 mil vagas. “Com as políticas de cobrança, as vagas que hoje são insuficientes devem sobrar. O governador quer que a medida passe a valer ainda no primeiro semestre do ano que vem”, revela Casimiro.

Investimentos

A empresa que vencer a licitação para administrar a Zona Verde terá que devolver parte dos valores arrecadados para melhorias na mobilidade urbana. “Uma das exigências é a criação de bolsões de estacionamento próximos aos grandes terminais de transportes públicos”, afirma o secretário. Ainda não há definição se os estacionamentos nessas áreas serão gratuitos ou terão cobranças menores.

A criação da Zona Verde visa estimular o uso eficiente e mais sustentável dos espaços e transportes públicos. Para dar certo, o professor e especialista em engenharia de trânsito Paulo César Marques alerta: “O objetivo é reduzir a dependência dos automóveis. Para isso, a forma de aplicar as arrecadações precisa estar definida e garantir investimento em transporte coletivo e outros modais. Brechas que permitam a destinação das verbas com foco nos próprios estacionamentos somente vão atrair mais carros, o que não resolve o problema”.

A fim de melhorar a mobilidade urbana, Paulo afirma ser necessário, também, reforçar as linhas e a integração entre modais. “Se bem construída, essa política de estacionamento será boa e oportuna, inclusive do ponto de vista econômico, já que a rotatividade das vagas deve trazer mais movimento aos centros comerciais”, conclui.

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