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“Só chora”, diz advogado sobre mãe que teve bebê trocado em hospital

A outra mãe vítima de erro no Hospital Regional de Planaltina suspeitava da substituição desde que o caso veio à tona no Distrito Federal

atualizado

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Arthur Menescal/Especial Metrópoles
Gerusa Fernandes Ferreira, mãe que entrou na justiça após descobrir que sua filha havia sido trocada na maternidade 6 anos atrás
1 de 1 Gerusa Fernandes Ferreira, mãe que entrou na justiça após descobrir que sua filha havia sido trocada na maternidade 6 anos atrás - Foto: Arthur Menescal/Especial Metrópoles

A segunda família vítima de troca de bebês na maternidade do Hospital Regional de Planaltina procurou a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) na quarta-feira (24/10), cinco dias após o caso vir à tona. A mãe, de 37 anos, suspeitava da substituição equivocada das crianças, já que ambas nasceram no mesmo dia, em maio de 2014.

A família também mora em Planaltina. Segundo o advogado Caio Vitor Nascimento, a mãe chora constantemente e não consegue comer nem dormir, após o resultado do exame de DNA. “Ela só chora desde que começou essa angústia. Os próximos passos deverão ser cuidadosos. Não há como pensar em um encontro sem suporte psicológico, precisamos do trabalho desses profissionais”, ressalta Caio.

“Os pais da primeira filha, Geruza e Elias, estão remoendo esse caso por um período de oito meses. A segunda família descobriu tudo faz uma semana. Não houve tempo para muitas decisões. Há um desejo de esse encontro ser marcado”, explica o advogado.

Constrangimento

Agora, após exame de DNA confirmar troca de bebês no Hospital Regional de Planaltina, há sete anos, as famílias esperam suporte psicológico para marcar um encontro e se aproximar das filhas biológicas. O início da terapia está previsto para próxima quarta-feira (3/11).

Em contato com o Metrópoles, Adivacy Silva, advogado de Geruza Fernandes Ferreira (foto em destaque), 38 anos, esclarece que a mulher está ansiosa para conhecer a filha, mas aguarda o momento certo. “Está muito triste. É uma situação constrangedora para as mães, as duas estão despedaçadas. Ela [Geruza], sempre que fala comigo, pede: ‘Doutor, me ajuda a conhecer minha filha’. Mas sabemos que ambas as famílias precisam de um apoio que ainda não foi dado”, explica.

De acordo com os advogados, não há previsão legal para guarda compartilhada.

O advogado Adivacy  diz que o próximo passo é aguardar posicionamento da Justiça e do Conselho Tutelar para marcar o encontro. Além disso, o advogado revelou o desejo de Geruza de, futuramente, morar mais próximo da outra família a fim de interagir com a filha biológica.

“Se não houver posicionamento da Justiça em relação a um grande suporte para as famílias afetadas poderem se encontrar, nós entraremos com uma medida judicial no sentido de obrigar o GDF a custear moradia próxima para mães e filhas criarem um laço afetivo”, pontua.

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Primeiro DNA

Geruza conta ter descoberto a situação após o ex-companheiro não realizar o pagamento da pensão alimentícia e levar a criança para realizar um teste de DNA. “Ele a buscou sem minha permissão, levou a um laboratório particular e fez o exame. Na primeira audiência de conciliação, ele já alegou que ela não era filha biológica dele e queria tirar o nome da certidão de nascimento”, explica.

Ao submeter-se ao teste, a dona de casa, que trabalha vendendo lanches em um terminal rodoviário no Plano Piloto, teve uma surpresa ainda maior: o resultado mostrou que ela não era a mãe biológica da garota. “Fiquei desesperada como mãe e, como mulher, tinha certeza de que ele era o pai”, declara.

De acordo com a mulher, ela nunca desconfiou de ter havido troca no hospital, porque a menina tem aparência semelhante à de sua família. “Meu pai é claro, minha mãe é morena, meu irmão é negro. Não tinha como eu desconfiar”, revela Geruza. Segundo a mãe, a filha já tem conhecimento da situação. “Ela já sabe, entende e viu meu desespero. Às vezes eu chorava e ela perguntava o motivo. Chegou ao ponto que não dava mais para esconder.”

Danos morais

O caso é apurado pela 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina) e corre em segredo de Justiça. Fora do âmbito policial, o processo tramita na área cível. Em agosto, o Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT) estabeleceu o pagamento de R$ 300 mil a título de danos morais em favor de Geruza. A Justiça entendeu que a troca de bebês ficou comprovada. No entanto, o GDF recorreu da decisão e Geruza ainda não recebeu a indenização.

Em coletiva na sede do Departamento de Polícia Especializada, na tarde dessa quinta-feira (28/10), a Polícia Civil do Distrito Federal confirmou estar apurando se há responsabilização penal para os servidores do Hospital Regional de Planaltina, presentes no dia em que as duas bebês foram trocadas na maternidade da unidade de saúde, há 7 anos.

Agora, segundo o delegado-chefe da 16ª DP, Diogo Cavalcante, a PCDF apurará detalhadamente o que ocorreu no dia 14 de maio de 2014. “A partir de agora, a Polícia Civil vai para uma segunda etapa dessa investigação, que é identificar os responsáveis por essa troca de bebês e apurar eventual ilícito penal com a intenção de atribuir a essas pessoas”, declarou.

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