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Universitários são presos com drogas em porta de faculdade do DF

Polícia investiga se entorpecente encontrado com trio é n-etilpentilona, mesma substância que matou jovem durante rave em junho deste ano

atualizado

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PMDF/Divulgação
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1 de 1 Screenshot_4310 - Foto: PMDF/Divulgação

A Polícia Militar prendeu três universitários com grande quantidade de drogas que seria distribuída a usuários de uma faculdade particular da Asa Norte. O flagrante ocorreu nesta quarta-feira (26/9). Dentro da mochila de um dos estudantes, aluno do curso de educação física de 21 anos, foram encontrados 1kg de haxixe, porções de maconha e um frasco contendo comprimidos. Os outros estudantes cursam direito e veterinária.

Ao ser questionado sobre os comprimidos, o dono da mochila disse que era “bala”. A polícia investiga se a droga é a mesma que matou uma jovem em junho deste ano, durante uma festa rave. A n-etilpentilona é semelhante ao ecstasy, só que mais potente. O entorpecente entrou no registro de substâncias da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2017. Ela é comercializada em comprimidos, selo ou líquido.

Os suspeitos foram levados para a 5ª Delegacia de Polícia (área central) e apenas o dono da mochila ficou detido. A droga foi enviada para análise.

Morte
A universitária Ana Carolina Lessa, 19 anos, fez uso de droga sintética antes de morrer, no dia 23 de junho deste ano. O laudo pericial feito pela Polícia Civil constatou a presença da substância, extremamente perigosa e mortal, no sangue da jovem.

A suspeita é que Carol, como era conhecida, possa ter consumido a droga na festa rave chamada Arraiá Psicodélico, realizada na zona rural do Recanto das Emas. A jovem chegou a ser dada como desaparecida, mas foi localizada na casa de um colega, em Ceilândia.

A estudante de enfermagem teve duas paradas cardíacas e falência renal no hospital. No laudo médico, constam hematomas e escoriações nas pernas e nos braços, além de ferimentos na região genital e no ânus da jovem. Um outro laudo comprovou, no entanto, que não houve abuso sexual.

De acordo com a família, Ana Carolina nunca havia utilizado drogas. Assim, os parentes suspeitam de que a menina tenha sido forçada a usá-las. “Ela ingeria bebida alcoólica como muitos jovens da idade dela, mas droga, nunca”, disse a mãe, Valda Lessa, em depoimento na 3ª DP (Cruzeiro).

Ana Carolina foi a primeira vítima fatal da n-etilpentilona no Distrito Federal. Em dezembro de 2017, no Rio Grande do Norte, Carlos Henrique Santa Oliveira, 32 anos, também morreu após fazer uso da substância em uma festa rave. O exame toxicológico confirmou a ingestão e foi divulgado pela Secretaria de Segurança Pública local. Os laudos foram realizados na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo.

Pouco conhecida até por peritos criminais especializados em toxicologia, a n-etilpentilona entrou no registro de entorpecentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apenas em março de 2017. O Metrópoles conversou com Bruno Telles, da Fundação de Peritos Ilaraine Acacio Arce e do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil, sobre as características da substância.

Confusão
De acordo com Telles, a n-etilpentilona e o MDMA (uma variação do ecstasy) têm efeitos estimulantes similares e causam euforia, podendo ser confundidos pelos usuários. No entanto, o perito explica que pouco se sabe sobre a toxicologia da nova substância. “Não sabemos, por exemplo, sobre os níveis tóxicos desse tipo de droga, ou seja, não é possível mensurar a quantidade que poderia levar uma pessoa à overdose”, explicou.

Algumas das formas de apresentação do novo produto foram periciadas nos laboratórios do IC. “Já a analisamos em sua forma de comprimidos, principalmente, mas ela também apareceu em formato de cristais”, disse.

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