Mulheres representam 72% das vítimas de violência no DF

Mesmo antes de dar os primeiros passos, a mulher já entra em uma triste estatística. Elas são as principais vítimas de violência no Distrito Federal. Quando pequenas são as que mais sofrem com casos de negligência. A violência cresce com as vítimas, evolui para agressões físicas, sexuais. As brasilienses voltam a integrar os números após os 60 anos, quando são abandonadas por familiares.

Um estudo feito pela Secretaria de Saúde mostra que dos 1.694 casos atendidos nos hospitais públicos em 2015, 1.230 correspondem a vítimas do gênero feminino. O número representa 72,6% do total, praticamente o triplo das ocorrências com homens, que somam 464 casos.

Dos 745 atendimentos relacionados a violência física, 523 foram contra as mulheres e 222 contra homens. Com relação a abuso sexual, dos 415 dos casos registrados, elas foram vítimas em 355. Número bem inferior ao sexo oposto: 60.

Em terceiro lugar, ficaram os 197 casos de negligência ou abandono, desses 97 foram contra mulheres e 95 contra homens. Segundo a pesquisa, a violência psicológica ficou em quarto lugar, com 105 ocorrências contra o gênero feminino e 43 relacionadas ao masculino.

“É importante fazer esse balanço para traçamos um perfil das vítimas e direcionar melhor as políticas públicas. Culturalmente, a mulher tem sido a principal alvo de violência. Só vamos mudar esse cenário com a conscientização da comunidade, denúncias e programas de apoio”, explicou a chefe do Núcleo de Prevenção à Acidentes e Violência (Nepav) da Secretaria de Saúde, Fernanda Figueiredo.

Atualmente, os médicos da rede pública que constatam agressões preenchem uma ficha denunciando o caso e enviam o documento ao Nepav. O balanço da secretaria foi feito com base nesses registros. Em casos mais graves, as mulheres são orientadas a irem a delegacias especializadas ou encaminhadas para o Conselho Tutelar, quando são crianças, ou, se forem idosas, a abrigos. “Os profissionais de saúde de todo o DF também passam por capacitação para atender e acolher as vítimas de violência”, completou Fernanda.

Os dados ajudaram a traçar um perfil das vítimas de violência.  A faixa etária que mais sofre agressões é de 10 a 39 anos. As adolescentes entre 10 e 14 anos lideram o ranking com 244 notificações, seguidas daquelas entre 15 e 19 (174) e, em terceiro lugar, as que têm entre 1 a 4 anos (92). No sexo masculino, quem ocupa o primeiro lugar na lista tem entre 1 a 4 anos (76), depois, 5 a 9 anos (64) e, por fim, entre 10 a 14 (62).

Com relação a raça das crianças e adolescentes até 19 anos, entre os casos em que o item foi respondido na pesquisa, foram mais agredidas as meninas de cor parda (157 ou 24,9%), as brancas (120 ou 19,1%), e as de cor preta (40 ou 6,4%). O perfil dos meninos seguiu a mesma lógica: pardos (84 ou 29,5%), brancos (39 ou 13,7%) e de cor preta (17 ou 6%). Os dados são recorrentes. Em 2014, os registros de agressões também eram majoritariamente contra as mulheres. Das 2.423 ocorrências, 1.680 foram praticadas contra elas.

Ajuda
Quem sofre violência pode ser atendido pelo Programa de Pesquisa, Assistência e Vigilância em Violência, que funciona em todos os hospitais e em centros de saúde. No total, 21 PAVs fazem o acompanhamento individual, familiar ou coletivo para vítimas e autores, por equipes multiprofissionais que envolvem médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, psicólogo, assistente social e terapeuta ocupacional. (Com informações da Agência Saúde)