Líderes do PCC são transferidos para Presídio Federal de Brasília

Entre os criminosos que serão remanejados de São Paulo para três penitenciárias federais, está Marcola, apontado como chefe da facção

Mirelle Pinheiro
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Líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) estão sendo transferidos para os presídios federais de Brasília, Mossoró (RN) e Porto Velho (RO) nesta quarta-feira (13/2). Entre eles, o chefe da facção, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, que será levado para a capital de Rondônia.

Desde as 7h, a Polícia Federal organiza o transporte dos presos. Cerca de 30 agentes do Comando de Operações Táticas (COT), grupo de elite da corporação, estão mobilizados no Distrito Federal. A ação, batizada de Operacão Imperium, também conta com reforço de aeronaves. Ao todo, são 22 detentos, que estavam no Presídio de Presidente Venceslau, em São Paulo.

Às 13h35, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) pousou na Base Aérea de Brasília com parte dos presos. Dos 22, três ficarão na capital do país. São eles: Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, o Marcolinha, irmão de Marcola; Antônio José Müller, o Granada; e Reinaldo Teixeira dos Santos, conhecido como Funchal ou Tio Sam.

Às 14h24, os detentos chegaram no Presídio Federal de Brasília. O comboio tinha pelo menos 10 viaturas do sistema penitenciário e da PF. Além disso, um helicóptero da Polícia Federal sobrevoa a área.

Por meio de nota, o Ministério da Justiça ressaltou que os presos estão sendo escoltados pelo Departamento Penitenciário Federal (Depen) e pela Polícia Militar de São Paulo para as penitenciárias federais. “O isolamento de lideranças é estratégia necessária para o enfrentamento e o desmantelamento de organizações criminosas”, diz a pasta.

O governo federal soltou um decreto determinando o uso das Forças Armadas no entorno dos presídios para onde será remanejada a cúpula do PCC. “Fica autorizado o emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem, no período de 13 a 27 de fevereiro de 2019, nos estados do Rio Grande do Norte e de Rondônia, para a proteção do perímetro de segurança das penitenciárias federais em Mossoró e Porto Velho, em um raio de 10 quilômetros”, assinala o governo federal.

O trabalho integrado de transferência, que foi autorizada pela Justiça, conta com a atuação das polícias Militar, Civil e Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo, Força Aérea Brasileira (FAB), Exército Brasileiro, Coordenação de Aviação Operacional e Comando de Operações Táticas da Polícia Federal, além da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Operação Echelon
O remanejamento ocorre após a Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo constatarem, por meio da Operação Echelon, deflagrada em junho do ano passado, a expansão do PCC pelo Brasil e em cinco países da América do Sul – Bolívia, Colômbia, Guiana, Paraguai e Peru.

O fortalecimento da facção levou à reação de gangues locais, aliadas ao Comando Vermelho, iniciando uma guerra que atinge principalmente os estados do Norte e do Nordeste do país. Depois de São Paulo, as unidades da Federação com maior concentração de integrantes do PCC são, de acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Paraná (2.829), Ceará (2.582) e Minas Gerais (1.432). A polícia também descobriu que Marcola elaborava um plano para fugir da prisão em São Paulo com ajuda de um “exército de mercenários”.

Desde novembro do ano passado, já havia previsão de transferência dos membros do PCC para unidades federais, após a descoberta de um plano de resgate de Marcola e de mais integrantes da facção do Presídio de Presidente Venceslau

Presídio novo
O Presídio Federal de Brasília foi inaugurado em outubro de 2018. Os três primeiros detentos a ocuparem a penitenciária integram o PCC. O trio estava encarcerado em uma cadeia federal na cidade de Porto Velho, em Rondônia.

De acordo com investigações da PF, Roberto Soriano, Wanderson Lima e Abel de Andrade são suspeitos de organizarem uma série de ataques contra forças de segurança em pelo menos seis estados do país. O plano foi descoberto, e as prisões foram feitas antes que os atentados ocorressem. Eles são apontados como membros do alto escalão da organização criminosa. Os três foram colocados na única ala que foi inaugurada. Ela conta com 50 celas individuais erguidas em uma estrutura de concreto armado e monitorada 24 horas por dia.

Estrutura

1/10
O presídio federal foi inaugurado no DF em outubro de 2019
A unidade prisional, gerida pelo Depen, abriga três integrantes da cúpula do PCC
Na cadeia federal, os presos cumprem o chamado regime disciplinar diferenciado (RDD)
Durante o banho de sol, toda a movimentação é acompanhada também por videomonitoramento
Os presos federais recebem apenas a visita de seus advogados
Criminosos perigosos estão no DF
A cúpula da Segurança Pública do DF quer evitar a vinda de líderes de facções criminosas

Na unidade prisional, que fica no Complexo Penitenciário da Papuda, há circuito de câmeras com transmissões em tempo real, além de sensores de movimento e alarmes. Segundo o Depen, o sistema conta com equipamentos capazes de identificar drogas e explosivos nas roupas dos visitantes, detectores de metais e sensores de presença, entre outras tecnologias.

Cada preso ficará em uma cela individual de 6 m² e terá direito a duas horas de banho de sol por dia. Advogados e amigos poderão visitar os detentos no parlatório, enquanto os familiares terão acesso ao pátio. Será proibido o acesso a televisores, rádios e qualquer outro tipo de comunicação externa.

Os presídios federais cumprem determinações da Lei de Execução Penal (LEP) e começaram a ser construídos em 2006. As unidades recebem detentos, condenados ou provisórios, de alta periculosidade. O isolamento individual é destinado a líderes de organizações criminosas, presos com histórico de crimes violentos, responsáveis por fugas e rebeliões, réus colaboradores e delatores premiados.

Além da Penitenciária Federal de Brasília, existem outras quatro de segurança máxima no país: Catanduvas (PR), Mossoró (RN), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO).

Colaboraram Carlos Carone e Victor Fuzeira

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