Golpista vende emprego fictício e engana ao menos 50 pessoas no DF

Suzy Ferreira de Aguiar é acusada de aliciar as vítimas pelas redes sociais e WhatsApp para vagas de vigilante que nunca existiram

Carlos Carone
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Saúde e emprego. Duas necessidades básicas de qualquer cidadão viraram instrumentos para uma estelionatária enganar pelo menos 50 vítimas no Distrito Federal nos últimos dois anos. A golpista, que vende planos de saúde fictícios e vagas de vigilante em uma empresa que não existe, costuma agir em cidades como Ceilândia, Samambaia e Taguatinga.

Autora em pelo menos 10 ocorrências e alvo de quatro inquéritos policiais, Suzy Ferreira de Aguiar, 32 anos, conseguiu, em um período de cinco meses – entre julho e dezembro de 2016 – se aproveitar do drama de 50 desempregadas e as convenceu a pagar por uma vaga de vigilante que jamais iriam ocupar. A golpista cooptava vítimas por meio das redes sociais e de grupos de WhatsApp.

 

 

Suzy de Aguiar é acusada de vender vagas de emprego fictícias por valores entre R$ 1.5 mil e R$ 2 mil

 

Suzy explicava que a vaga era para a empresa VIP Segurança – que nunca existiu – e que os candidatos precisavam pagar quantias que variavam entre R$ 1,5 mil e R$ 2 mil para concluir um curso e estar aptos à vaga. Em poucos dias, os depósitos na conta da golpista e de pessoas ligadas a ela se tornaram constantes.

Uma das pessoas lesadas foi Marcelo (nome fictício). Ele contou que a estelionatária explorava o desespero das pessoas que estão atrás de emprego. “Minha mulher chegou a fazer um empréstimo no banco para poder pagar a Suzy. Ela garantia que trabalhava no RH da empresa que mantinha contrato com uma série de órgãos federais. Mas ela cobrava a todo instante para que os depósitos fossem feitos. No entanto, essa vaga jamais existiu e ficamos com o prejuízo”, disse.

Confira áudio com Suzy cobrando valores das vítimas:

Marcelo chegou a fazer depósitos na conta antes de perceber que se tratava de um golpe. Suzy costumava manter contato com as vítimas mesmo depois das transferências bancárias para tentar passar uma falsa imagem de que o negócio era fidedigno. Pedro (nome fictício) é outra vítima da estelionatária. Ouvido pelo Metrópoles, ele relatou que, depois de desmascarada, Suzy disse que iria devolver o dinheiro às vítimas. No entanto, teria enganado mais pessoas.

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Depósitos feitos em favor de Susy
Depósitos feitos em favor de Susy
Depósitos feitos em favor de Susy

 

Outros golpes
Além dos golpes do falso emprego, Suzy também figura como autora em outras ocorrências policiais por ter vendido planos de saúde fictícios. De acordo com investigações da Polícia Civil, a mulher já havia trabalhado como corretora de seguros, mas não deixou de tirar vantagem dos usuários. Uma associação que caiu no conto do vigário aplicado pela falsária teve um prejuízo de R$ 15 mil.

No ano passado, um representante da Associação Religiosa e Beneficente Jesus Maria José procurou a Polícia Civil para registrar uma ocorrência de estelionato. “Em 2014, tínhamos feito planos de saúde para os integrantes da associação por meio de uma corretora chamada Suzy Aguiar e tudo transcorria bem. No entanto, em 2015, fomos procurados por ela com o objetivo de fazer ajustes de divergências apresentadas no pagamento dos beneficiários. Um cheque de R$ 15 mil foi entregue a ela”, contou o representante, durante depoimento aos policiais.

Outras vítimas que também acreditaram estar adquirindo um plano de saúde registraram ocorrência na Polícia Civil. Dois inquéritos aos quais Suzy responde por estelionato se transformaram em ações penais. Ela responde aos dois em liberdade. A reportagem tentou entrar em contato com a acusada por meio de dois telefones, mas as ligações não foram atendidas até a última atualização desta reportagem.

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