Assassina de travesti confessou crime e fez chacota na internet

Em mensagem no Facebook postada um dia após matar Ágatha (foto), Lohanny Castro tripudiou da vítima: "A gente só colhe o que planta"

Carlos Carone
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Uma das travestis acusadas de matar a facadas Ágatha Lios, 23 anos, confessou o crime e ainda desdenhou da vítima nas redes sociais. Em postagens feitas em seu perfil no Facebook, no dia 27 de janeiro deste ano, um dia depois do brutal assassinato dentro de uma central de distribuição dos Correios, em Taguatinga Sul, Lohanny Castro disse, entre outras coisas, “que a gente só colhe o que planta”.

A barbárie é investigada pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual, ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin). O Metrópoles teve acesso a trechos do inquérito, que inclui as postagens de Dayvison Pinto Castro, conhecida como Lohanny Castro.

Mensagem postada por Lohanny Castro no Facebook

Apostando na impunidade, a acusada disse que aguardava apenas o momento de se entregar, pois “o homicídio não daria em nada”. Lohanny fez a postagem pouco antes de fugir de Taguatinga.


Procura-se

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Carol Andrade é uma das travestis que invadiram os Correios para matar Ágatha
Chamada de Bruna Alencar, a travesti também ajudou na execução da vítima
Lohanny fugiu após assassinar Ágatha com dezenas de facadas
Samira também participou do assassinato e carregava um facão quando deixou o local do crime

Tanto Lohanny quanto as outras três autoras do crime — Daniel Ferreira Gonçalves (Carolina Andrade); Francisco Delton Lopes Castro (Samira) e Greyson Laudelino Pessoa (Bruna Alencar) — são acusadas de armar uma emboscada e matar a vítima. Todas tiveram mandados de prisão expedidos pela Justiça e são consideradas foragidas.

“Sem mandante”
Em uma postagem seguinte, feita no mesmo dia, Lohanny afirma que o assassinato de Ágatha não teve mandantes e nenhuma participação de cafetinas. A travesti diz que a vítima teria apontado uma faca em sua direção. “Mas não soube fazer o babado. Isso nunca vou aceitar nem dela nem ninguém. Levantar faca ou me botar pra correr (sic)”, disse.

Segundo as investigações, o desentendimento entre Lohanny e Àgatha teria ocorrido após a travesti assaltar um motorista de Uber. A discussão, por meio do WhatsApp, terminou com ameaças. Lohanny enviou mensagem afirmando que seu marido mataria a rival. O companheiro seria Bruna, outra travesti envolvida no homicídio.

Ágatha levou dezenas de facadas diante de funcionários dos Correios. Alguns tentaram socorrê-la, mas foram repelidos pelas quatro assassinas. A travesti era considerada uma ameaça pela concorrência por conta de sua beleza. Além disso, a vítima teria se recusado a abandonar o DF e permanecia fazendo programas sexuais na região de Taguatinga Sul.

Fotos da vítima:

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Ágatha foi morta em 26 de janeiro de 2017 por um grupo de quatro travestis — a quinta envolvida é acusada de emprestar a arma do crime
A travesti costumava fazer ponto em Taguatinga Sul, local onde foi assassinada
A morte da travesti acabou revelando um grande esquema de prostituição no DF
Ágatha costumava viajar por todo o Brasil atrás de novos clientes
A polícia conseguiu identificar as cinco envolvidas no assassinato
A travesti era natural de Porto Velho (RO) e teria vindo para o DF para ganhar dinheiro com programas sexuais
Antes de morrer, Ágatha teria suplicado por sua vida
Os policiais identificaram que Ágatha tinha se desentendido com outra travesti, o que teria motivado sua morte
Outras tavestis tinham inveja da beleza de Ágatha e resolveram matá-la

Megaesquema de prostituição
O assassinato investigado pela Decrin acabou revelando a briga por pontos de prostituição nas ruas do Setor de Indústrias de Taguatinga Sul. As vias são comandadas por cafetões que cobram uma espécie de pedágio de quem quer se prostituir no local. Por dia, cada travesti desembolsa entre R$ 50 e R$ 100 para ocupar um ponto. Caso se recuse, pode sofrer retaliações de todo o tipo, desde assaltos, passando por espancamentos, até assassinatos.

A reportagem percorreu todas as ruas da região por onde Ágatha se prostituía. Mesmo cinco meses após o crime, o clima entre travestis e garotas de programa permanece tenso. Poucas profissionais do sexo aceitam falar abertamente sobre o caso. Sem querer se identificar, uma delas quebrou o silêncio. Disse que conhecia a travesti assassinada e confirmou o esquema de pagamento aos cafetões.

“Realmente ela era uma travesti muito bonita e chamava atenção. Acabava atraindo os clientes mais ricos. Ela também pagava para fazer o ponto. A Ágatha morreu por ter atiçado a inveja de outras travestis e por não querer abandonar o ponto que ocupava”, disse.

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