No Hospital do Gama, pacientes esperam cirurgias por até três meses

Há pessoas na fila de espera que foram encaminhadas aos centros cirúrgicos e, por falta de material ou anestesista, tiveram procedimentos cancelados

Nathália Cardim
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Uma nova denúncia, feita com vídeos e depoimentos de pacientes internados no Hospital Regional do Gama (HRG), expõe, mais uma vez, o caos da saúde pública do Distrito Federal. Eles estão na unidade de saúde e contam que há até três meses esperam por cirurgias ortopédicas. De acordo com os relatos, há pessoas na fila de espera que foram encaminhadas aos centros cirúrgicos e, por falta de material ou anestesista, tiveram os procedimentos cancelados.

Na quarta-feira (12/10), a advogada Raquel Menezes, 26 anos, que está com o pai internado no HRG, o motorista Ronaldo Gonçalves de Sousa, 58, fez filmagens na ala ortopédica e revelou a atual situação na unidade de saúde.

Segundo a advogada, Ronaldo sofreu um acidente de moto no dia 27 de setembro e foi internado no HRG com a perna quebrada em duas partes. “Ele está com a tíbia e a fíbula quebradas. Desde que entrou no hospital, não temos nenhuma informação sobre a cirurgia. Além disso, o meu pai sente muitas dores e o remédio que ele estava tomando para aliviar também acabou”, explica Raquel.

A advogada afirma ainda que, além do pai, outros pacientes reclamam do descaso e há pessoas que teriam tido a cirurgia cancelada por falta de materiais básicos. “A gente não tem retorno. Você chega nos médicos procurando uma resposta e ninguém pode fazer nada. O desrespeito é muito grande. A população que precisa de atendimento está abandonada. Não vou levar meu pai para casa porque, de lá, não vamos conseguir nada. É inadmissível um negócio desses”, reclama.

Descaso
Em um dos vídeos gravados, um homem relata que há dois meses aguarda por uma cirurgia na mão. “Cortei os dedos na serra e não tem nem previsão para a marcação do meu procedimento”, diz o serralheiro Edson Rodrigues de Jesus, 47 anos.

Outro caso é o de um senhor que está internado há 90 dias e também espera por cirurgia. “A situação aqui está crítica. Ele já entrou e saiu do centro cirúrgico, por pelo menos três vezes. Isso é um absurdo. Eles só iludem a gente. Já viemos do Hospital de Base para cá e não temos nenhuma estimativa”, desabafa a acompanhante do paciente internado. (Assista a vídeo).

 

Outro lado
Em nota, a chefia da Unidade de Ortopedia do HRG informa que as cirurgias ortopédicas do pronto-socorro são marcadas segundo as prioridades, conforme indicação clínica, disponibilidade de anestesistas e de material.  No momento, há 47 pacientes internados no hospital, à espera de cirurgias ortopédicas.

Sobre o caso de Ronaldo, o HRG informou que ele deu entrada na unidade no dia 27 de setembro, com fratura de tíbia e fíbula. E que, na data da internação, já havia pacientes com cirurgias agendadas. “Ele segue em tratamento ortopédico, fez uso de antibiótico para quadro infeccioso e será reavaliado para agendamento de cirurgia na próxima semana”, informou a nota.

A equipe de ortopedia do HRG conta com 27 médicos. “Vale ressaltar que, somente este ano, 22 ortopedistas foram nomeados e passaram a trabalhar na rede pública. Sobre a falta de medicamentos, é necessário especificar o produto para melhor esclarecimento”, destacou o hospital.

 

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