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Farinhas e fubá vendidos no DF têm quantidade de ferro não recomendada

A análise dos produtos foi feita pelo Laboratório Central da Secretaria de Saúde. Composição ameaça saúde do brasiliense

atualizado

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1 de 1 farinha - Foto: iStock

Fubá, farinha de trigo e de milho. Produtos que estão diariamente na mesa dos brasilienses em receitas tradicionais podem colocar a saúde dos consumidores em risco. Análise do Laboratório Central (Lacen) de Saúde Pública do Distrito Federal revela que algumas marcas comercializadas na capital do país estão com quantidade de ferro acima ou abaixo do recomendado.

A Diretoria de Vigilância Sanitária (Divisa) coletou amostras de 43 produtos que estão disponíveis em gôndolas de supermercados e mercearias do DF. No total, foram avaliadas pelo laboratório três marcas de farinha de milho; 17 de farinha de trigo; e 23 de fubá.

O objetivo da pesquisa, segundo o Lacen, é garantir a segurança da população e a qualidade das farinhas, segundo a legislação vigente no país. Apesar da gravidade da informação, o laboratório decidiu manter em sigilo o nome das marcas avaliadas.

A investigação ocorreu entre 14 de janeiro e 7 de dezembro do ano passado. Das amostras de fubá, trigo e milho analisadas, pelo menos uma marca de farinha de trigo (5,8%) e três de fubá (13%) continham quantidades de ferro abaixo do recomendado pela lei, o que significa 9,3% do total.

Além disso, também foi analisado o quantitativo de enriquecimento de ferro dos produtos. Entre as verificações feitas, uma amostra de farinha de milho (33,3%), sete de trigo (41,1%) e sete de fubá (30,4%), ou 34,7% do total, apresentaram níveis acima de 9,0 miligramas de ferro para cada 100 gramas de farinha inspecionada. O índice está fora das especificações legais.

O farmacêutico do Lacen Leandro Maurício e Silva diz que os dados mostram a necessidade de estabelecer um limite máximo para adição de ferro, para evitar risco de consumo excessivo.

Saúde
De acordo com a nutróloga Melissa Chaves Azevedo e Silva, a quantidade inapropriada de ferro pode trazer riscos à saúde do consumidor. “Há uma alta incidência de anemia em grande parte da população. A ideia de fortalecer as farinhas com ferro é para tentar corrigir uma deficiência na alimentação de muitas pessoas”, esclareceu Melissa.

“Já a quantidade superior de ferro não interfere muito na saúde dos consumidores. A não ser que se coma em grande quantidade”, completou. A especialista alerta que outros alimentos ricos em ferro devem ser utilizados como forma de suprir a falta do nutriente no organismo, como feijão, carne e alguns vegetais.

Legislação
A regra da fortificação com ácido fólico e ferro nas farinhas de milho e de trigo passou a valer depois de uma determinação da Organização Mundial da Saúde (OMS), a partir da Resolução nº344/02. Pela norma, para cada 100 gramas de farinha devem ser fornecidas 4,2 miligramas de ferro e 150 miligramas de ácido fólico.

Atualmente, a resolução está em processo de revisão e atualização com o objetivo de estabelecer a faixa de fortificação para o nutriente. A revisão propõe a quantidade de 4,0 a 9,0 miligramas de ferro para 100 gramas de farinha.O intuito é possibilitar à população um consumo mais adequado de ferro para as pessoas que apresentem maior risco de deficiência.

O Lacen não forneceu os nomes das marcas analisadas. Justificou que as empresas têm um prazo para se explicar e que, por isso, não poderia dar publicidade àquelas que foram alvo da investigação.

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