Faltam EPIs e pacientes com Covid são mantidos próximos em UPA de Ceilândia

Constatação é do presidente do SindMédico, que realizou blitz na unidade nesta terça. Três servidores do local estão com coronavírus

Francisco Dutra
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Denúncias de falta de equipamentos de proteção individual (EPIs), contaminação de profissionais de saúde com o novo coronavírus e assédio moral levaram o Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico) a fazer uma blitz na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ceilândia na tarde desta quarta-feira (20/05).

Segundo o Instituto de Gestão Estratégica da Saúde do DF (Iges-DF), três profissionais da unidade foram diagnosticados com a Covid-19, até terça-feira (19/05). Desses, dois ainda estão em recuperação. Contando seis Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e seis hospitais, a enfermidade atingiu 286 integrantes da linha de frente na luta contra a doença.

A vistoria começou às 15h25. Ao sair da unidade, às 16h30, o presidente do SindMédico, Gutemberg Fialho, disse ter encontrado provas de todas as denúncias.

“Constatamos que não estão sendo disponibilizados os EPIs na sua integridade. Está faltando capote, avental. Está havendo relaxamento na cobrança do uso dos EPIs”, listou Fialho. “Nós estamos em uma fase de aumento dos casos, em que todo paciente é um potencial transmissor. Portanto, [o paciente] não pode ser abordado sem a devida paramentação”, alertou.

Os funcionários estão andando na UPA sem a proteção devida. Segundo Fialho, faltam testes de diagnóstico para Covid-19 tanto para servidores quanto para os usuários do local. “Não tem teste”, assinalou o presidente do SindMédico. Ele também informou não haver distanciamento entre as pessoas dentro da UPA, aumentando o risco de transmissão do coronavírus.

O sindicato vai encaminhar relatório com os resultados da vistoria para o GDF, Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) e demais órgãos de controle. A entidade realizará novas blitzes em outras unidades de saúde do Distrito Federal.

Veja imagens: 

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Profissionais de Saúde lotados em UPAs também são contemplados
Equipe do SindMédico realizou blitz na UPA de Ceilândia
Vistoria foi para apurar contaminação de profissionais pela Covid-19, assédio moral e falta de EPIs na unidade
Pacientes aguardam atendimento na UPA de Ceilândia
Ceilândia é cidade com mais mortes

Com as novas notificações divulgadas pela Secretaria de Saúde nesta quarta-feira (20/05), Ceilândia passa a contar 17 óbitos causados pela Covid-19. A região administrativa concentra o maior número de óbitos decorrentes do novo coronavírus.

Um dado assusta: a cidade dobrou o número de falecimentos em uma semana. No dia 11 de maio, sete pessoas tinham perdido a vida para doença. No dia 18, o total de óbitos na cidade chegou a 14. Na mesma semana, a quantidade de infectados saiu de 128 para 348, um crescimento de 171,8%.

Conforme publicada pela coluna Grande Angular, do Metrópoles, a cidade ganhará um hospital de campanha para receber os pacientes de coronavírus e que, passada a pandemia, será especializado no atendimento de gestantes e crianças. O hospital de campanha e futuro Hospital Materno-Infantil de Ceilândia ficará ao lado da UPA, na QNN 27, e contará, inicialmente, com 60 leitos, sendo 20 de terapia intensiva (UTI).

Outro lado

Segundo a Secretaria de Saúde, está em marcha um plano de ação, desde 9 de abril, para monitorar a saúde dos servidores. A pasta também nega a falta de EPIs.

Já o Iges disse que os EPIs estão sendo distribuídos regularmente para os colaboradores e nunca houve desabastecimento. Todo funcionário deve trocar de máscara a cada duas horas. O instituto também está fazendo testagem no quadro de pessoal.

O Instituto, contudo, não se pronunciou sobre a blitz do SindMédico na UPA de Ceilândia. O espaço está aberto a manifestações.

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