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DF: internações em UTIs crescem 73% e acendem alerta para risco de colapso

Em uma semana, número de ocupação de leitos subiu de 34 para 59, entre 172 disponíveis. Nesse ritmo, especialista projeta lotação em 15 dias

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Paciente em UTI no DF
1 de 1 Paciente em UTI no DF - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A curva ascendente na quantidade de pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTIs) com coronavírus no Distrito Federal ligou o alerta vermelho para um cenário de possível superlotação da rede de saúde. Em apenas sete dias, o número de pacientes internados cresceu 73%. Na última terça-feira (28/04), eram 34 pessoas em UTIs, nessa terça (05/05), foram contabilizadas 59.

Se o aumento se mantiver constante, em cerca de 15 dias, os 172 leitos de UTI preparados para pacientes com a Covid-19 no DF estarão lotados. A primeira unidade a sofrer com esse aumento acelerado foi o Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Na segunda-feira (04/05), a unidade de referência no DF para a Covid-19 chegou ao limite, com 100% das UTIs ocupadas. Outras 10 vagas foram abertas pelo GDF, totalizando 20 na unidade de referência para o tratamento da doença no DF.

A preocupação com o agravamento dos casos é a de que, com a superlotação, haja o colapso da rede, impossibilitando o atendimento tanto para os infectados com coronavírus quanto para quem tem outras doenças.

“Os hospitais conseguem atender mil pessoas doentes em um mês, mas não o conseguem em um dia. O isolamento social é para evitar esse problema, para que os casos não cheguem todos de uma vez”, alertou a infectologista Ana Helena Germoglio.

Para ela, se o pico atingir um grande número de pessoas, nem a junção de leitos da rede pública com a rede privada dará conta da demanda. A especialista acredita que não é hora de flexibilizar o distanciamento social, pois não há redução de casos no DF, há agravamento.

Veja vídeo:

Ocupações hoje

Das unidades reservadas para pacientes com Covid-19, na rede pública de Saúde, há 134 leitos de UTI. Vinte deles no Hran; 14 no Hospital de Base; 56 no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM); 12 no Hospital Universitário de Brasília (HUB); 10 no Hospital da Criança; e 22 na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Núcleo Bandeirante.

Os outros 38 leitos de UTI estão na rede particular. São oito na Ucin (Asa Norte); seis no Domed, em Ceilândia; quatro no Hospital São Francisco, também em Ceilândia; e 20 leitos no Hospital Daher do Lago Sul.

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Medidas do GDF

Hoje, há 487 leitos disponíveis na rede para demais casos, além dos infectados com coronavírus. Por enquanto, os pacientes com a doença não enfrentam lista de espera. Todos os que necessitam de UTI estão sendo atendidos e distribuídos entre os hospitais que formam a rede referenciada para o enfrentamento à Covid-19.

Existe, ainda, a perspectiva de que os hospitais de apoio fiquem prontos. “No Mané Garrincha, as obras de adaptação física do espaço foram concluídas no fim de semana e os leitos estão sendo instalados. O hospital, que deve ser entregue nos próximos dias, terá 198 leitos de enfermaria para retaguarda no atendimento às vítimas da Covid-19, que se somarão aos mais de 270 existentes hoje na rede”, informou a Secretaria de Saúde, por meio de nota.

Segundo Sérgio Bringel, proprietário da empresa contratada pelo GDF para gerir os leitos no Mané Garrincha, do total de leitos, haverá 20 de UTIs, o que ajudará a desafogar a demanda.

O Hospital de Campanha da Papuda está em fase de finalização da primeira etapa da obra física. A previsão é de que o empreendimento seja concluído até dia 23 de maio.

“Além dessas unidades, haverá, também, o hospital da PM, onde serão instalados outros 106 leitos, sendo 86 de UTI e 20 de retaguarda”, garante a pasta.

Trabalho contra a superlotação

A Secretaria de Saúde do DF informou que tem trabalhado para ampliar, ao máximo, a capacidade de atendimento da rede pública, para que seja possível garantir assistência aos pacientes. “As medidas de isolamento social, uso de máscaras e higiene das mãos podem evitar ou retardar ao máximo o pico da doença, evitando a superlotação”, ressaltou a pasta ao Metrópoles.

Devido a essa medida e considerando os números atuais, a taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 no DF ainda é relativamente confortável em relação a outros estados do país.

cidade do Rio de Janeiro já esgotou a quantidade de leitos disponíveis para tratamento do novo coronavírus. De acordo com a prefeitura, até segunda-feira (04/05), 92% de todas as vagas do Sistema Único de Saúde (SUS) estavam ocupadas.

No total, a capital fluminense tem 611 vagas para atendimento, sendo que 168 são de unidades de terapia intensiva exclusivas a pacientes com a Covid-19.

O município estima a abertura de 400 leitos nos próximos 10 dias, com a chegada dos equipamentos hospitalares adquiridos da China. Dentre eles estão 806 respiradores e 700 monitores a serem utilizados em casos graves.

Os hospitais da Grande São Paulo destinados a pacientes com coronavírus já estão com quase 90% dos leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) ocupados: 88,8%, segundo dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde nesta segunda-feira. No estado inteiro, o índice de ocupação de UTIs de pacientes com Covid-19 é de 67,9%.

Nas últimas semanas, o estado abriu 1.881 leitos de UTI exclusivos para Covid-19 no SUS. Também montou três hospitais de campanha: no Pacaembu, no Anhembi e no Complexo do Ibirapuera. Juntos, eles somam 2.268 estruturas de tratamento intensivo, sendo quase todas de baixa e média complexidade.

Em Manaus, 89% dos leitos para Covid-19 estão em uso. O governador Wilson Lima (PSC) disse que iria endurecer as regras de isolamento social na tentativa de frear o surto.

Especialista

De acordo com o diretor científico da Sociedade de Infectologia do DF (SI-DF), José David Urbaéz Brito, essa taxa de ocupação no DF é prova cabal do efeito das medidas de isolamento.

“Os casos mais graves têm sido manejados de forma mais apropriada. No próprio hospital de referência, há uma organização dos pacientes internados em grupos de gravidade, o que permite níveis de vigilância e monitoramento clínico-laboratorial muito aprimorados. Isso, sem dúvida, faz com que os casos sejam melhor gerenciados, evitando que os pacientes acometidos sejam abordados tardiamente. Por isso nossa taxa de letalidade é menor”, esclareceu.

Ainda segundo o médico, quando o sistema de UTI encontra-se com 70% ou mais da sua capacidade sendo utilizada, quer dizer que ele está, praticamente, saturado, pois o aparecimento de casos segue uma curva exponencial, que fará com que essas UTIs, em breve, não tenham mais leitos.

“Por essa razão, somos absolutamente defensores de manter o isolamento horizontal, que continue funcionando a favor de um gerenciamento razoável da rede de assistência. Qualquer afrouxamento fará com que passemos a um cenário de aumento intenso de demanda em consequência de uma circulação viral intensa, sobretudo nas regiões periféricas”, disse.

Hospitais particulares

O GDF passou a monitorar a situação dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) de todos os hospitais particulares do DF.

Um decreto assinado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), em razão da pandemia do novo coronavírus, foi publicado em edição extra do Diário Oficial do DF (DODF) na segunda-feira (04/05).

É preciso detalhar se o leito está livre, bloqueado, em manutenção, ocupado por pacientes com ou sem a Covid-19. O texto estabelece que os hospitais deverão informar, imediatamente, ao Complexo Regulador em Saúde do Distrito Federal todas as alterações relacionadas às UTIs.

A Secretaria de Saúde do DF fornecerá mecanismo eletrônico, por meio da Coordenação Especial de Tecnologia de Informação em Saúde, e as orientações necessárias, por intermédio do Complexo Regulador em Saúde, para prestação dos dados requeridos aos hospitais privados, de acordo com o decreto.

Caso a norma não seja cumprida, o hospital poderá responder por infração sanitária, que prevê aplicação de advertência, interdição, cancelamento de autorização e de licença ou multa.

O descumprimento do ato normativo também pode resultar em pena de 1 mês a 1 ano de prisão. A sanção é aumentada de um terço se o agente for funcionário de saúde pública ou exercer profissão de médico.

Confira trechos do decreto:

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