Reitora diz que não vai admitir “escalada da intransigência” na UnB
Segundo Márcia Abrahão, salas estão sendo bloqueadas por manifestantes. Há relatos de pessoas encapuzadas no campus e coação de professores
atualizado
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O clima na Universidade de Brasília (UnB) é de tensão. Após os alunos deflagrarem greve geral nessa quarta-feira (2/5) e o centro acadêmico da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da instituição amanhecer pichado nesta quinta (3), a reitora Márcia Abrahão divulgou uma carta aberta à sociedade na qual repudia os episódios de violência e autoritarismo.
Na carta, a reitoria, que ficou ocupada por 19 dias, tem sido notificada sobre a circulação pelo campus Darcy Ribeiro de pessoas encapuzadas, portando paus e barras de ferro nas mãos. “Essas ações contrariam a perspectiva da tolerância e do diálogo, sem os quais não há democracia. Não admitiremos essa escalada da intransigência e do uso da força como método de ação política na universidade e adotaremos medidas para responsabilizar os autores”, disse Márcia, na carta.Conforme ainda consta no documento, além de fechamento de prédios e salas de aula, professores estão sendo constrangidos e expulsos dos seus ambientes de trabalho por manifestantes. Na reitoria já desocupada, o comando da universidade destacou que constatou “evidências de graves delitos contra o patrimônio público e privado, além de violações à privacidade dos servidores”. A UnB atravessa a sua pior crise financeira da história
Trata-se de um testemunho de violência que a administração repudia veementemente. Os danos e evidências estão sendo apurados pela administração e pela Polícia Federal
Márcia Abrahão, em comunicado à sociedade
A reitoria foi desocupada no 30 de abril, de forma pacífica, após negociações com a universidade. Ninguém foi punido pelo ato até agora. “Esse desfecho revela o respeito desta administração a princípios democráticos, como a liberdade de expressão, a participação e a transparência”, assinalou Márcia Abrahão.
Por fim, a reitora diz que vai tomar “todas as medidas necessárias para garantir a continuidade das atividades acadêmicas e administrativas na UnB, repudiando firmemente expressões de autoritarismo. É nosso papel defender o direito de todos à universidade”.
Segundo denúncias recebidas pelo Metrópoles, a pichação no CA da Faculdade de Agronomia teria sido feita por pessoas favoráveis ao movimento grevista. E também em represália ao caso do estudante de agronomia que tentou entrar no Instituto Central de Ciências (ICC) na semana passada e teria sido impedido e agredido por manifestantes.
Nas paredes, foram escritas frases como “machistas não passarão”, “macho escroto passa mal”, “fascistas”, “respeita as mina” e “morte ao agronegócio”. Em nota, a UnB informou que a faculdade está tomando todas as medidas cabíveis e ainda que repudia qualquer ato de violência e vandalismo.