Erika Kokay: “Jair Bolsonaro acredita que estamos em um faroeste”

A deputada federal do PT conquistou 89.986 votos em 2018 e tornou-se a segunda mais bem votada entre os oito vencedores

Isadora Teixeira ,
Caio Barbieri ,
Suzano Almeida
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Reeleita para seu terceiro mandato consecutivo como deputada federal, Erika Kokay (PT) afirmou que o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) “acredita estar em um faroeste”. Em entrevista nesta sexta-feira (16/11) ao Metrópoles, ela e lamentou o aumento da violência contra as minorias e a proibição do pensamento crítico nas escolas. “Estamos voltando a ser o país dos armários e manicômios.”

Segundo a petista, alguns cidadãos – desde a eleição de Bolsonaro – “têm se sentido no direito de impôr a vontade dos mais fortes sobre as minorias”. Para a parlamentar, o presidente eleito é o responsável pela disseminação do ódio entre as pessoas. “Eles querem impor uma ideologia dominante. As praças já não são nossas e agora as escolas têm um ideologia que o mais forte impõe.”

A deputada não reconhece a chamada ideologia de gênero, mas sim uma política de redução da discriminação de pensamento e de opção sexual. “Ninguém é pleno por si só. É preciso do outro ou dos outros. O que eles querem é que o aluno receba o conteúdo e apenas absorva”. “Antes eram os agentes do governo [militar] que vigiavam. Agora, eles estão estimulando que os estudantes façam isso”, completou.

Desarmamento
Para criticar a intenção de Bolsonaro em revogar o Estatuto do Desarmamento, Erika Kokay destacou o episódio desta semana, em que os deputados federais Alberto Fraga (DEM) e Laerte Bessa (PR) – ambos da bancada da bala – quase foram às vias de fato após críticas mútuas sobre a criação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo local.

“Os dois defendem o desarmamento. Imagina eles armados ali. Eles pensam que estão em um faroeste, mas é isso mesmo que pensa o presidente Bolsonaro. Ele acredita estar num faroeste”, disse Kokay. “A nossa arma é a crítica para que ninguém sofra por demonstrar seu afeto, ou sua opinião. Isso é coisa do fascismo. Estamos tentando salvar uma democracia.”

Antes de chegar ao Congresso Nacional, Érika Kokay exerceu o mandato de deputada distrital por duas vezes — 2003-2006 e 2007-2010. Ela defende bandeiras como a luta antimanicomial e contra violações de direitos humanos, a além de ser pela defesa da mulher, da comunidade LGBT, dos negros e dos índios.

Sérgio Moro
A petista também não poupou o agora ex-juiz Sérgio Moro por ter aceitado o cargo de super-ministro da Justiça. Para ela, o protagonista da Operação Lava Jato está sendo premiado por ter conduzido o processo, ainda na primeira instância, que resultou na prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Moro vazou informações de forma seletiva e ilegal. Ficou nítido quando ele assumiu o ministério. Ele está sendo beneficiado pelo serviço que ele fez”, avaliou a deputada. “Qualquer lugar que ele vá chegar – referindo-se ao Supremo Tribunal Federal (STF) – será pelas mãos de um presidente que chegou a um lugar que ele ajudou. Provavelmente, se o Lula tivesse disputado [as eleições], Bolsonaro não seria eleito”.

Reeleição
A parlamentar teve 89.986 votos nas eleições de 2018 e tornou-se a segunda mais bem votada entre os oito vencedores. Na Câmara Legislativa, presidiu as Comissões de Direitos Humanos e de Defesa dos Direitos do Consumidor. Por duas vezes, 2005 e 2009, foi líder da bancada do PT. Na Câmara dos Deputados, Erika integra a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM).

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