GDF: secretarias de Estado sofrem com burocracia e falta de estrutura
A redução no número de cargos comissionados e a readequação de novas pastas têm impactado no pleno funcionamento do novo governo
atualizado
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No terceiro mês de gestão, o governo de Ibaneis Rocha (MDB) ainda patina na estruturação de órgãos anunciados na campanha eleitoral e criados após a posse, em 1º de janeiro. Embora o emedebista tenha autorizado a criação de pastas enxutas, apenas com cargos realmente estratégicos, algumas secretarias de Estado recém-criadas não possuem itens básicos, como móveis e telefones, enquanto outras nem sequer têm endereço para funcionar.
Segundo o do Governo do Distrito Federal (GDF), o atraso para que a gestão opere com toda a sua capacidade tem um vilão: a burocracia. Uma determinação dada por Ibaneis ainda nos primeiros dias do ano tem impactado nas pastas. O governador orientou todos os secretários a reduzir o número de cargos comissionados a fim de evitar o tradicional “inchaço” no organograma. No entanto, a readequação das estruturas tem dado dor de cabeça aos gestores.
Ibaneis permitiu a criação de até 100 postos de trabalho em cada novo órgão, a depender da necessidade da secretaria. Para isso, o GDF precisa extinguir cargos de pastas já existentes e fazer um verdadeiro mexe-mexe em todo o governo. De acordo com o secretário de Fazenda, André Clemente, a determinação é de redução do custo da máquina pública. Ele é responsável não apenas pelos cálculos da folha de pessoal como também pelas instalações físicas dos órgãos locais.
“Conforme anunciamos no ano passado, nossa prioridade é sempre pela economia. A secretarias que foram criadas recentemente estão sendo desmembradas de outras que já existiam, e isso acaba sendo um pouco mais burocrático. Em alguns casos, por exemplo, algumas não tinham estrutura, como móveis, telefones e registros. Tudo isso leva tempo e é exatamente o que tem atrapalhado toda a reestruturação”, disse Clemente ao Metrópoles.
Contas
Segundo a orientação de Ibaneis, é preciso pegar o valor bruto do que estava sendo gasto pela gestão anterior, de Rodrigo Rollemberg (PSB), e redefinir funções e cargos sem que haja impacto negativo aos cofres públicos. No fim de 2018, constavam no Portal da Transparência 17.475 cargos comissionados. Os números atuais ainda não foram disponibilizados pelo GDF.
“Temos trabalhado muito para tentar minimizar o impacto da falta de servidores, mas isso não impede que o trabalho seja realizado. Sabemos dos entraves administrativos, mas confesso que os resultados poderiam ser bem melhores”, disse um comissionado que preferiu não se identificar.
De maneira improvisada, algumas unidades garantiram espaço no Palácio do Buriti e no Anexo do Buriti, como é o caso da Secretaria de Juventude e da Secretaria de Projetos Especiais. Outras, como a de Ciência e Tecnologia, foram abrigadas pela estrutura física da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, no Setor Bancário Norte. A Secretaria de Atendimento ao Cidadão está provisoriamente em uma sala no térreo do Palácio. Já a Secretaria de Desenvolvimento da Região Metropolitana segue sem endereço fixo.
“Temos ajustado as necessidades à realidade atual, mas temos ciência dos problemas, em especial do Anexo do Buriti, que está comprometido. As instalações elétricas estão precárias e cada intervenção feita é motivo de preocupação. Estamos trabalhando com todo o cuidado para que consigamos abrigar todas as pastas dentro das possibilidades”, disse Clemente.
Atendimento
Procurado, o governo afirmou, em nota, que tem trabalhado para toda a estrutura administrativa funcionar de forma regular. “O GDF informa que a Secretaria de Atendimento ao Cidadão funciona normalmente em duas salas do Palácio do Buriti. Em breve, a pasta deverá ser transferida para novas instalações em uma estação do Metrô, o que facilitará o acesso do público a que se destina.”
Ainda de acordo com a nota, a Secretaria de Projetos Especiais desenvolve suas atividades plenamente. Quanto à Secretaria de Desenvolvimento da Região Metropolitana, o Executivo disse que está providenciando a estrutura para funcionamento adequado da pasta – a qual, junto com outras secretarias, deverá ser abrigada no Centro Administrativo (Centrad).
O texto ressalta ainda que “o governo ratifica que trabalha para melhorar ainda mais a estrutura das pastas, de forma a prestar atendimento cada dia melhor aos usuários”.