metropoles.com

CPMI cobra explicações do GDF sobre incentivos fiscais dados à JBS

Regalias tributárias concedidas à empresa dos irmãos Batista incluiu até mesmo perdão fiscal, mas o Governo do DF não revelou os valores

atualizado

Compartilhar notícia

Daniel Ferreira/Metrópoles
jbs1
1 de 1 jbs1 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS cobrou do Governo do Distrito Federal (GDF) explicações sobre os benefícios tributários relativos ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) concedidos à empresa desde a sua instalação em Brasília.

Entre as regalias concedidas ao grupo dos irmãos Joesley e Wesley Batista, houve até mesmo perdão fiscal – dispensa do pagamento dos juros de mora, de juros compensatórios e das custas de processos de execução fiscal. Em maio, o Metrópoles noticiou que a empresa tinha protocolado 17 recursos tentando escapar de obrigações tributárias relativas aos contratos que mantêm com o GDF. Os pedidos contestavam notificações da Secretaria de Fazenda do DF.

Agora, o caso foi parar no Congresso. Na resposta que o GDF enviou à CPMI, a Subsecretaria da Receita do Distrito Federal, ligada à Secretaria da Fazenda, informou que, entre 2009 e 2011, a JBS foi beneficiada pelo chamado Regime de Apuração. A medida possibilitava a arrecadação mensal do ICMS com aplicação de percentuais fixos sobre as saídas das mercadorias.

A lei que concedeu tal benefício chegou a ser declarada inconstitucional. Mesmo assim, uma nova legislação, de dezembro de 2011, concedeu perdão fiscal às empresas que tinham optado por esse regime. A JBS entrou nesse grupo.

A Subsecretaria da Receita do Distrito Federal, no entanto, não informou aos senadores e deputados os valores que os cofres públicos da capital deixaram de receber em função dos benefícios concedidos à JBS.

Questionamentos
Ainda assim, a empresa pode ter que aportar valores referentes aos tributos não pagos. Isso porque, atualmente, há uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF), instaurada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), para que as regalias dadas à JBS e às demais empresas optantes pelo Regime de Apuração sejam revogadas.

O STF ainda não julgou o mérito do processo. Até que essa análise seja feita, vale o perdão concedido pela Secretaria de Fazenda do DF, mantido pelo ministro Luís Roberto Barroso.

Dados conflitantes
Na resposta enviada pela Subsecretaria da Receita do DF à CPMI, ainda chama a atenção o fato de o GDF afirmar que o registro da JBS foi cancelado no Distrito Federal em 28 de agosto de 2017. O documento diz que a inscrição do frigorífico foi anulada, conforme dados do Sistema Integrado de Gestão Tributária (Sigest).

Procurada pela reportagem, a JBS informou que “desconhece o tema e que sua unidade no Distrito Federal opera normalmente”. A companhia não quis comentar os benefícios fiscais recebidos desde a sua instalação na capital da República.

Em nota enviada ao Metrópoles, a Secretaria da Fazenda do DF ressaltou: “Conforme informou a Secretaria de Fazenda à CPMI da JBS, os incentivos foram concedidos à época regidos por leis e convênios específicos, apontados no documento apresentado. Este regime não vale mais desde 2011”.

Segundo a pasta, no total, cerca de 400 empresas foram beneficiadas por esse regime, incluindo a JBS. Todas, explicou a secretaria, tinham série de regras e condições a cumprir para usufruírem dos incentivos e eram monitoradas pala Fazenda do DF.

“Ainda resta ao Supremo Tribunal Federal julgar o mérito do Recurso Especial que questiona a validade da legislação que autorizou o regime especial de tributação à época. O cancelamento das inscrições estaduais da JBS S/A ocorreu pelo descumprimento de obrigações acessórias previstas no regulamento do ICMS no DF (Decreto 18.955/97 – RICMS). A íntegra dessas informações está protegida pelo sigilo fiscal”, encerrou a nota.

Comissão parlamentar
A CPMI da JBS foi instalada no Congresso Nacional em 5 de setembro deste ano e tem como objetivo investigar as delações premiadas dos irmãos Batista, além das relações da empresa com políticos e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em delação, os executivos da empresa relataram o pagamento de propina a políticos de todo o país em troca de “contrapartidas” que favorecessem a empresa.

No entanto, de acordo com a oposição, a comissão foi montada para desvalorizar as denúncias feitas pelos executivos e funcionários da JBS a integrantes do PMDB, entre eles, o presidente da República, Michel Temer. Na semana passada, o Metrópoles mostrou que a CPMI vem andando lentamente. A comissão realizou, até agora, 12 reuniões. Em dois meses, senadores e deputados que integram o colegiado aprovaram 32 requerimentos para ouvir testemunhas e acusados. Entre as pessoas convidadas ou convocadas a darem explicações aos parlamentares, apenas 11 já compareceram – isso representa 34% do total.

Nesta terça-feira (21/11), acontece a 13ª reunião. Há uma audiência pública agendada na qual profissionais do direito pretendem debater a difusão do instituto da delação premiada e o quanto a legislação vem trazendo ou não benefícios para o país.

 

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?