PCDF: diretor da Terracap e síndico tentaram vender área pública

Agentes da Delegacia do Meio Ambiente (Dema) investigam grilagem de terras na região do Setor de Mansões Dom Bosco, no Lago Sul

Ian Ferraz
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A Polícia Civil do DF prendeu nesta sexta-feira (22/9) sete pessoas acusadas de envolvimento com a grilagem de terras públicas no DF, durante a Operação Sacerdote. Entre elas, Randel Machado de Faria, síndico do condomínio  Ville de Montagne II; Sérgio Rafael Alejara; e o servidor do Tribunal de Contas do DF (TCDF) cedido à Agência de Desenvolvimento (Terracap), Gustavo Adolfo Moreira, que ocupava o cargo de diretor de Gestão Administrativa e de Pessoas (Digap) da empresa.

A operação foi divulgada em primeira mão pelo Metrópoles. O grupo agia tentando vender terrenos em áreas verdes públicas no Setor de Mansões Dom Bosco, no Lago Sul, o que é proibido. Os lotes, que ocupavam 5,3 hectares, estão dentro de uma Área de Preservação Permanente, com nascentes nas proximidades. Em alguns casos, chegaram a receber dinheiro pelo negócio.

As investigações, que começaram há um ano e três meses, revelaram que o diretor da Terracap recebia pessoas na própria empresa e dizia que poderia facilitar a compra de terrenos. Segundo a polícia, um casal de médicos adiantou o pagamento de R$ 520 mil a Randel, assim como o dono de uma clínica, que pagou antecipado R$ 250 mil.

A polícia passou a investigar o caso porque a própria Terracap denunciou a tentativa de venda direta em uma área onde não era possível a comercialização. Foram cumpridos sete mandados de prisão temporária, cinco de condução coercitiva (em que a pessoa é levada a depor) e 15 de busca e apreensão.

Na casa do diretor da Terracap, agentes da Delegacia Especial de Proteção ao Meio Ambiente e à Ordem Urbanística (Dema) encontraram R$ 10 mil. Com Randel Machado, a PCDF apreendeu R$ 40 mil em espécie. Um dos endereços visitados pelas equipes foi a sede da Terracap.

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Policiais amanheceram na Terracap na sexta-feira (22/9)
Entre os alvos da operação, está o servidor do TCDF lotado na Terracap Gustavo Adolfo Moreira Marques
Foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão
Material apreendido chega no Departamento de Polícia Especializada
Policiais carregam material apreendido
Foram recolhidos cheques, reais e dólares
Computadores e documentos foram recolhidos na Terracap e na casa dos suspeitos
Cerca de R$ 50 mil foram encontrados com os suspeitos e recolhidos pela PCDF

 

Haroldo Cardoso dos Santos, ex-servidor público da Administração Regional do Riacho Fundo I, também é alvo da operação. Ele foi preso durante a Operação Habite-se, deflagrada em julho pela Delegacia de Repressão a Crimes contra a Administração Pública (Decap). Depois, acabou exonerado da função pública por envolvimento em vendas de alvarás e cartas de habite-se.

Em nota enviada à imprensa, a Terracap ressaltou que não é alvo de investigação e que a mesma ocorre a pedido da própria empresa. Reforçou que suspeitou da atitude de Luiz Carlos Resende de Deus, procurador que deu entrada no pedido de venda direta dos lotes no Setor de Mansões Dom Bosco, e que enviou ofício à Dema, o que acabou resultando no inquérito policial.

Associação criminosa
De acordo com a delegada-chefe da Dema, Marilisa Gomes, o grupo investigado teria praticado crimes de associação criminosa, falsidade ideológica, tráfico de influência, advocacia administrativa e corrupção ativa. “ Os acusados teriam feito promessas de vantagens ilícitas a servidores para a aquisição e posse de terrenos públicos, pertencentes ao Governo do DF, e localizados em área nobre e de proteção ambiental permanente”, esclarece.

Durante o cumprimento dos mandados, os policiais apreenderam vários documentos e também valores em endereços localizados no Plano Piloto, Lagos Sul e Norte, Park Way, Cruzeiro, Vicente Pires, Águas Claras e Taguatinga.  “As investigações ainda continuam visando apurar as suspeitas de participação de outros envolvidos no esquema criminoso”, destaca a delegada.

Operação Terra Fria
Na semana passada, a Dema também deflagrou a Operação Terra Fria, para desarticular um grupo criminoso que atuava invadindo terrenos públicos valiosos, de 20 mil m², localizados em uma das áreas nobres do Distrito Federal, o Setor de Mansões Park Way. Os lotes são  avaliados em torno de R$ 3,8 milhões cada. Entre os envolvidos, estão um advogado e um auditor fiscal de atividades urbanas da Agência de Fiscalização do DF (Agefis).

Utilizando-se da Justiça, o grupo estava tentando obter a posse por meio de uma ação de inventário. Um dos presos, Marcelo Antônio Carrijo, alegou que a mãe dele, já falecida, teria adquirido o terreno há anos.

Carrijo tinha suporte da prima, Nádia Valéria Carrijo, que tem diversas passagens por estelionato e parcelamento irregular de solo. A mulher estava em liberdade provisória. Um amigo, Edvaldo Santos de Brito, que intermediava as ações com o servidor da Agefis, também foi detido.

O agente Paulo José da Silva acabou preso temporariamente. Ele é suspeito de tentar evitar o trabalho de fiscalização na área.

Confira as sete pessoas presas na operação:

Randel Machado de Faria
Sérgio Rafael Alejara dos Santos
Olivan de Sousa Queiroz Junior
Alberto Ferreira da Silva de Castro
Galeb Baufaker Junior
Haroldo Cardoso dos Santos
Gustavo Adolfo Moreira Marques

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