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Organização criminosa transportava autopeças roubadas em van escolar

Homens ligados ao grupo criminoso usava a van com adesivo de transporte escolar para camuflar a atividade do bando durante o transporte

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Organização criminosa transportava autopeças roubadas em van escolar
1 de 1 Organização criminosa transportava autopeças roubadas em van escolar - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A organização criminosa alvo da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), nesta terça-feira (13/7), contava com uma série de de estratégias para camuflar o transporte de peças retiradas de veículos roubados e furtados no DF. Entre as táticas usadas estava o uso de uma falsa van escolar para movimentar as partes dos carros sem chamar a atenção. O grupo foi desmantelado durante a Operação Autopeças S/A da Coordenação de Repressão a Crimes Patrimoniais (Corpatri).

As investigações apontaram que o grupo era bem estruturado e contava com diversos criminosos responsáveis pelas tarefas. Parte deles utilizava a van escolar para o transporte das peças entre os locais de desmanche e as lojas. No mesmo contexto, o criminoso responsável por esconder as armas do grupo morava numa chácara em local ermo e sem qualquer estrada de ligação.

Para cumprir o mandado judicial no local e evitar que o criminoso escapasse, foi necessário o uso do helicóptero da Divisão de Operações Aéreas (DOA) para vigilância aérea e a tomada tática do local por equipes da Divisão de Operações Especiais (DOE), que caminharam por dentro do matagal.

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Mais roubos

No decorrer da investigação, foram encontrados indícios da subtração de dezenas de veículos. Entre eles, os investigadores identificaram com precisão pelo menos 12 veículos. Nesses casos, foi possível vincular o grupo criminoso às respectivas ocorrências de roubo e furto e, portanto, chegar às vítimas. “Essa identificação permitirá não só a responsabilização criminal por 12 imputações de roubo e receptação, mas também possibilita pedidos de ressarcimento pelas vítimas e eventuais seguradoras que sofreram os prejuízos”, afirmou o delegado Erick Sallum, da Corpatri.

A Operação Autopeças S/A cumpre 37 mandados em cinco regiões administrativas do DF, além de Águas Lindas, no Entorno, e Goiânia (GO). Cerca de 180 policiais cumprem 10 mandados de prisão preventiva, duas temporárias e 25 de busca e apreensão em Ceilândia, Gama, Taguatinga, Samambaia, Sol Nascente, além das outras duas cidades goianas. O alvo são empresários e funcionários que faturam com a venda de autopeças sem comprovação de origem.

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Segundo investigações da Divisão de Combate à Adulteração de Veículos e Desmanches (Dirad), da Corpatri, o esquema passou a utilizar empresas fantasmas, que emitem notas fiscais frias para dissimular a origem criminosa dos equipamentos automotivos.

“Puxadores”

Objeto de desejo de quadrilhas especializadas, veículos que circulam pelo DF foram alvo de 21.669 roubos e furtos, entre janeiro de 2019 e abril deste ano. O desmanche e a venda de peças, como portas, faróis e capôs, entre outras, estimulam a ação dos “puxadores” – como são chamados os ladrões com expertise em arrombar e ligar os veículos em questão de segundos.

Entre 2019 e 2021, a Corpatri cumpriu pouco mais de 120 mandados em Goiás, São Paulo e DF durante a operação Rota da Seda. As apurações apontaram que o setor de revenda de autopeças usadas está intimamente ligado ao fenômeno de roubo e furto de veículos.

Segundo as investigações,  os criminosos aproveitam o vantajoso cenário criado pela falta de fiscalização e misturam peças oriundas de desmanches com os estoques regulares. Essa proposital confusão nos estoques dos lojistas, as dificuldades de individualização dessas peças e as décadas de ausência de controle tornaram esse mercado um grande atrativo para criminosos.

Em mais de 10 operações sobre o tema, a Corpatri, no total, cumpriu mais de 200 mandados judiciais, entre prisões preventivas, temporárias e buscas e apreensões, atuando sobre mais de 50 lojas do Setor H Norte, em Taguatinga.

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